Uma pausa para falarmos de democracia – por Elen Biguelini
Estaríamos trazendo um texto sobre uma rainha egípcia neste domingo, mas a situação de total caos no país nos levou a uma breve pausa.
O que é democracia? O termo vem do grego. Demos significa povo, Kratos poder. Assim, é literalmente o poder do povo.
Uma democracia significa que todo o povo tem o poder de escolha de seu governante, seja por meio do presidencialismo, seja por meio de um primeiro ministro.
O voto, no Brasil e no mundo, é a forma que chegamos à democracia. Nosso país é um país democrata. Muitos de nós são filhos das diretas já, muitos viveram a ditadura e conhecem o que é não ter liberdade.
Maquiavel, que muito discorreu sobre o assunto da política, para além de seu conhecido “O Príncipe”, tratou do assunto em seus “Comentários sobre a segunda década de Tito Livio”. Neste, ele afirmou que povo que já possuiu a liberdade e a perdeu não poderá ser conquistado, ou serão “mais atrozes em sua vingança do que os povos que nunca foram livres”, pois para o autor humanista o maior desejo do povo é a liberdade e quando este a possui não deseja perdê-la (*).
Bem, os eventos desta semana demonstram que isto não é de todo verdade. Isto porque, ao menos no Brasil, não há valor na história e aqueles que cometeram crimes inimagináveis e indescritíveis foram anistiados.
Assim, sem valorizar sua própria história, chamando fatos de opiniões, muitos brasileiros foram submersos em notícias falsas, negacionismo e revisionismo histórico. Chamam ditadura de revolução, extrema direita de esquerda, fascismo de conservadorismo e crime contra a constituição de manifestação.
Nossa constituição foi escrita para não retornarmos a uma ditadura, mas as correntes de notícias falsas passam artigos inexistentes da constituição para justificar atitudes antidemocráticas.
Maquiavel certamente não poderia prever um aparelho que mandasse notícias instantâneas para todo mundo, onde nada fosse verificado – embora facilmente verificável por aqueles com um pingo de conhecimento de causa.
Semana que vem continuaremos com os textos inspirados pela ida da articulista ao Egito.
*Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Livro I Capítulo XXVIII. Página 97.
Referência Bibliográfica
NICOLLÒ, Machiavelli, Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio. Tradução de Sérgio Bath, Brasília, Editora Universidade de Brasília, 1994. 3ª Edição.
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
Semana que vem mais informações facilmente encontradas na Wikipedia.
‘Facilmente verificavel’ é algo que não importa. Vide texto mutilado para justificar o ‘fascismo’. Alás, Mussolini tinha os Camisas Pretas, Plino Salgado os Camisas Verdes. Molusco com L., o honesto, veio visitar a UFSM antes da outra eleição. Cortesia de um certo Reitor. Segurança era feita por quem? MST, todos com boné vermelho e/ou camisa vermelha. Um professor aposentado foi agredido. Precisa desenhar?
Crime, ao menos na teoria, numa democracia é o que o judiciario diz que é. Porém um ministro abre um inquerito de oficio onde ele é vitima, acusador e julgador. Também fixa os delegados da PF que atuarão no caso. Decide-se e depois produz-se um texto justificando. Os pares por corporativismo não derrubam o absurdo. Absurdos se repetem.
Campanha pela democracia é pura lorota. Democratas utilizam na campanha para as eleições de terça-feira. ‘Democracia está em perigo na América’. Se está em perigo por lá não está segura em lugar nenhum. Constituição de 1946 veio depois do Estado Novo e não impediu 1964. Logo o problema não esta na ‘santidade’ do documento, está no pais. Por aqui a OAB encampou a ‘campanha pela democracia’. Pura campanha politica disfarçada. Governo do PT comprou a instituição com o MEI e o Supersimples. Benesse foi encaminhada por um advogado do RJ. No plano federal havia um revezamento na presidencia, um de esquerda e um ‘neutro’. Aqui na urb a eleição (problema é dos causidicos mas é bom observar) foi vencida por uma pessoa da gestão anterior com um vice de esquerda. Concorreram, só faltou dizerem isto, contra os ‘cavalistas’. Avaliação certa ou errada?
Democracia é muito mais que eleições. Se não fizer nenhuma diferença na vida da grande maioria das pessoas vira um conceito abstrato. Pior, se a democracia parece só piorar as coisas vira um conceito negativo. Dilma, a humilde e capaz, foi eleita e quebrou o pais (algo que tentam imputar ao Cavalão agora como narrativa para compensar, justificar algumas medidas). Deu no que deu. Molusco com L., o honesto, foi eleito porque não era o Cavalão. Há imbecis que tentam fazer colar a narrativa ‘os eleitores também leram as propostas, o programa de governo e os projetos’. Molusco com L., o honesto, recebeu voto dos fiéis da igreja dele. De nordestinos porque ele é nordestino. E até de metalurgicos porque ele foi metalurgico. Total zero, foi eleito.
Já passei na primeira serie faz tempo, logo a brincadeira é/não é já faz parte do passado. Pelo menos nenhum texto foi mutilado (na cara dura) para fazer caber no argumento. Palavreado não espanta, a bolha da ‘intelectualidade’ francesa nas decadas de 60 e 70 era composta por stalinistas e maoistas. As barbaridades russas e chinesas não importavam. O que leva a Machiavelli, os meios são justificados pelos fins. Citação do texto não sei de onde saiu, mas o ‘italiano’ escreveu ‘[…] se um povo acostumado a viver sob um Principe por um acidente torna-se livre […] quão dificil será manter a liberdade’. Que mesmo fora de contexto tem mais a ver com a historia. Vide o colapso da URSSS, depois da tirania o caos. Que resultou em Putin.