KISS, 10 ANOS. Nesta quinta-feira, estreia série na Globoplay, sobre a tragédia daquele 27 de janeiro
“Histórico”, fala Marcelo Canellas, santa-mariense que dirige o documentário
Do portal especializado Coletiva.Net / Com foto de Divulgação/Rede Globo
Há cerca de 10 anos, o Rio Grande do Sul acordou com a notícia de uma tragédia: 242 pessoas mortas e mais de 600 feridas em uma casa noturna. Essa é a história que conta a série documental do Globoplay ‘Boate Kiss: A Tragédia de Santa Maria’, prevista para ESTREAR neste dia 26 de janeiro, um dia antes do caso completar uma década. Marcelo Canellas, diretor da obra, conversou com Coletiva.net, e destacou que a produção “é um documento histórico”.
De acordo com o jornalista, a docussérie não conta somente a trajetória do ocorrido, mas, também, a “história de luta por justiça de famílias que perderam seus filhos”. Realizada em parceria com a TV Ovo, coletivo audiovisual de Santa Maria, o projeto relembra a noite trágica vivida na cidade universitária, além de recontar o que aconteceu antes daquele dia e acompanhar os desdobramentos dos últimos 10 anos.
Segundo Canellas, a ideia para o documentário surgiu após Marcos Borba, sócio-fundador da TV Ovo, com quem mantém amizade, avisá-lo sobre a marcação do julgamento dos réus, realizado em dezembro de 2021. O objetivo, primeiramente, era fazer um longa-metragem, porém, ao discutir o projeto com o Globoplay, o formato de série foi escolhido.
A reportagem de Coletiva.net pode assistir aos dois primeiros episódios da atração, que focam na noite do ocorrido, no júri e no depoimento de pais e sobreviventes. E, para o diretor, esses testemunhos se transformaram nos momentos mais marcantes da produção. “Foram as coisas mais potentes que a gente poderia trazer a uma narrativa dessas”, pontuou.
Dedo na ferida
Para Canellas, a importância do documentário vai além de Santa Maria, pois também tem validade para o Brasil. Em sua visão, o País tem um “histórico de tentar apagar da história grandes tragédias”, ao que a produção se opõe. “É impossível jogar 242 mortes debaixo do tapete”, disse. E é por conta disso que o público pode esperar uma série que “coloca o dedo na ferida”.
O objetivo do jornalista, também, é o de fazer com que as pessoas se coloquem no lugar do outro. “Depois da tragédia, a cidade abraçou as famílias. Houve uma onda de solidariedade. Com o passar do tempo, isso foi mudando até gerar um incômodo. E isso acontece, porque o tempo do sofrimento de quem perde é diferente do tempo da gente, que não teve a perda”, opinou. Ainda pela interpretação do comunicador, é dever de Santa Maria assumir “essa cicatriz”. “Então, por isso, acho que as palavras chaves do documentário são: memória e justiça”, explicou.
Pessoal
O comprometimento de Canellas com o caso da Boate Kiss, porém, não é apenas profissional e, sim, pessoal, já que ele foi criado no município e é formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). “Não, não deu para separar o repórter da pessoa que tem essa ligação com a cidade. Tanto que eu me envolvi diretamente em muitas das discussões da tragédia”, contou.
Esse envolvimento, como exemplificou, passa pela ideia que deu ao, até então, prefeito Jorge Pozzobom, de criar um memorial às vítimas da tragédia. Ele também fez a aproximação entre a prefeitura e o Instituto dos Arquitetos do Brasil para a realização de um concurso público para a escolha do projeto da construção.
E é por conta de todo esse trabalho que Canellas afirmou que o público pode esperar “o maior mergulho que já foi feito por uma narrativa audiovisual na história da Boate Kiss”. Além disso, o documentário procura se posicionar ao lado das vítimas e dos pais na busca por justiça. “No fim das contas, é uma grande história de amor. O amor dos pais e das mães pelos seus filhos, que é o que os move até hoje”, completou.
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