Um novo ano, um novo começo – por Elen Biguelini
2023 já começou com muitas novidades. Um novo governo, nova esperança para a sociedade como um todo. O verão traz as pessoas para as praias, as festas trazem os parentes. Todos estão em plena harmonia. Ou ao menos, é o que se esperaria de um inicio de ano.
Esta semana, que é a primeira deste novo ano, trouxe novos debates e choques aos brasileiros. Ainda há aqueles que persistem em não admitir derrota, enquanto os trabalhadores que chegam para começar sua gestão em Brasília se deparam com o descaso e o mal cuidado de seus predecessores.
A situação do Palácio da Alvorada chocou a muitos. Ainda que um novo ciclo se inicie, há locais e coisas que devem se manter imutáveis. Um local que é um patrimônio histórico do país, com obras de arte inestimáveis é um destes locais.
Como historiadora e como artista, dói a esta articulista as imagens do descaso para com a arte e o patrimônio brasileiro.
Mas infelizmente, patrimônio cultural é ainda muito desvalorizado neste país. Já foi observado isso com o descaso após o incêndio no Museu Nacional, mas também em muitas outras coisas que o precederam.
Atualmente, as instituições que regulam o tombamento e a manutenção de nosso patrimônio foram diminuídas, colocadas em segundo plano.
Esperamos que este novo ano e este novo governo passem a olhar novamente com carinho para tudo quilo que representa o patrimônio material e imaterial brasileiro: seja seu folclore e músicas, seja os locais de História.
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
P.S. Se colocassem a Mona Lisa em exposição (unica no Brasil) durante uma semana no antigo Mercado Real da Presidente a fila para entrar iria até Camobi, deixando barato.
É o paradoxo, é nichado e massificado ao mesmo tempo. Enquanto isto o Caixeral está uma tapera, a Casa de Cultura outra tapera, SUCV por dentro não está santo. Quem corre atras? O soviet Memoria Ativa. Patrimonio cultural é ‘coisa da esquerda’. No que se chega ao ‘Distrito Criativo’ que vai ser a salvação da cidade junto com o Tecnoparque (que vai virar o Vale do Silicio daqui 50 anos; numero não muda, ano que vem também sera 50 anos e em 2025 faltara ainda 50 anos). No que se chega a ‘Art Deco’, assunto preferido de um nicho da classe media da urb. P*t@ gente chata do K7. Acham que se ficarem buzinando esta m. toda hora alguém vai dar mais importancia para o assunto. As vezes a deselegancia é necessaria, pela falta de capacidade cognitiva alguns não entendem. Nem se falou no Monumento ao Puxa-Saco das Dores (um para-raio sem as proteções habituais) ou o Monumento ao Viagra na frente da Base Aerea (a unica obra que é um simbolo falico brocha do planeta).
É o mesmo raciocinio das ‘academias de letras’, muitos lugares têm e ninguém dá a minima. Qualidade é altamente discutivel, mas a ‘nata’ da sociedade (algo risivel, acham que são ‘exemplo’) vive repetindo que é incrivel, fantastico, extraordinario. Não querem perder amizades. Vide Feira do Livro, teve ano que o mais vendido foi ‘Sutil arte de ligar o f*da-se’. É na base do ‘finge que é bom porque da menos incomodo’. Dai tem o caminho reverso, se o ‘patrimonio cultural’ aqui perto é porcaria, o de lá longe também deve ser.
‘Patrimonio cultural’ é algo imposto de cima para baixo. O que faz ou não faz parte é decidido pelo pessoal que sai da Torre de Marfim (a academia) em conjunto com o governo de plantão. Museus no Brasil, com raras exceções, servem para receber excursões de escolas (agendadas, senão não rola). Dai vem o papo ‘voces tem que achar isto importante porque mimimi’. ‘Quem discorda é ignorante, não domina a “linguagem”‘. Juntando isto com as ‘politicas publicas’ resultado não é dificil de imaginar. Proliferaram museus sem publico, logo é necessario ‘formar o publico’ (como o teatro). Museus precisam ter algo dentro, logo é possivel aproveitar o pessoal que se forma em Artes nas universidades (curso que tem a fama de ser para madames, ganhar a vida neste setor fora de SP é dificil). E se a criatura tem diploma só pode produzir coisas incriveis, fantasticas, extraordinarias, obvio. Talento é coisa da Globo.
Se é para politizar, politize-se. Reitor da UFRJ na epoca do incendio do Museu Nacional era um dos fundadores do PSOL, Roberto Leher. Inclusive diminuiu os repasses para a instituição. Se não o tivesse feito não faria diferença nenhuma. E o problema todo foi causado por falta de manutenção num aparelho de ar condicionado.