O falso evangelho – por Orlando Fonseca
Acusaram o Messias de muitas coisas, mas não a de espalhar fake news. Seus seguidores deveriam seguir o exemplo. O termo “evangelho”, em português, traduz a ideia de “boas novas”, que em inglês se apresenta como “good news”, ou seja, notícia feliz, novidade que causa alegria. Daí o que se espalhou pela mídia e pelas redes sociais como o contrário, as “fake news”, em bom português: notícias falsas. Semana passada veio a público o chamado “esquema israelense”, capitaneado por uma empresa clandestina, a qual foi usada para influenciar eleições em todo o mundo, principalmente na África, mas também em países como México e Espanha. Lembremos que, ainda na campanha eleitoral brasileira, muitos políticos ligados ao bolsonarismo usaram e abusaram dos ambientes de troca de informação dos evangélicos para ganhar confiança e disseminar desinformação. Quer dizer, da “verdade que liberta”, aquela que o JC pregou em Israel e adjacências, nada.
Quarta-feira passada, um coletivo de jornalistas investigativos (Forbidden Stories) revelou o esquema do Tal Hanan, a Team Jorge, formada por ex-membros dos serviços de segurança israelense. O coletivo havia acompanhado as ações da agência por meses, disfarçados de potenciais clientes. Segundo a notícia, a empresa desenvolveu uma plataforma digital que permite criar inúmeras contas falsas nas redes sociais, facilitando a ativação e a propagação de fake news, e com isso influenciar nos resultados eleitorais de seus clientes. No início de janeiro deste ano 2023, o sistema tinha 39.213 perfis falsos. A Team Jorge atuou em favor de Trump (e do trumpismo), também no referendo do Brexit de 2016, no Reino Unido. Não é pouca coisa, inclusive há suspeitas de que os operadores do famigerado Gabinete do Ódio andaram por lá, atrás da expertise do grupo.
Embora os desmentidos e as tergiversações, o Gabinete do Ódio não era delírio da oposição. A Polícia Federal investigou e enviou um relatório ao Supremo Tribunal Federal, apontando para a existência de uma milícia digital, com forte atuação contra as instituições democráticas do país. O tal gabinete era formado por um grupo sob as ordens do próprio ex-presidente Bolsonaro, atuando de forma coordenada para espalhar fake news, em um discurso agressivo contra adversários de seu antigo governo, e até mesmo informações falsas sobre a pandemia da Covid 19 e o tal do tratamento precoce. Eram disparos em massa de mensagens, utilização de robôs e perfis falsos, e funcionava nos porões do Palácio do Planalto. O vereador Carlos Bolsonaro é apontado pelo relatório como o mentor do núcleo. Assim, a existência deste grupo está em apuração, no inquérito sobre as milícias digitais, tramitando no STF.
Voltando ao povo evangélico, o deputado bolsonarista, Otoni de Paula, distribuiu uma cartilha aos crentes neopentecostais do Nordeste, repleta de “boas novas falsas”, durante a campanha do ano passado. A lista é longa e absurda: perseguição a igrejas, ligação com PCC e “aliados satanistas”. A cartilha traz o título “Por que você, cristão, não pode votar em Lula”, misturando inclusive citação bíblica. Há propostas nunca feitas pelo candidato, como uso da linguagem neutra, mudança de sexo em crianças sem autorização dos pais, defesa do “banheiro multigênero”. As mensagens associam candidatos de esquerda a falsos projetos para proibir pregação de pastores, criminalizar a fé evangélica e até retirar o nome de Jesus da Bíblia.
Considerando que o Reino do Messias verdadeiro não seja desse mundo, que tipo de “reino” estariam construindo seus atuais discípulos no Brasil, espalhando inverdades sobre seus adversários políticos? O Mestre falou em sua oração: “não peço que os tire do mundo, mas que os livre do mal”. E ainda falou: “O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da sua boca” (Mateus 15:11). Os adeptos da difusão de um “falso evangelho” e gabinetes de ódio chamam isso de “guerra santa”. Mas esteja atento, caro leitor, de santa não tem nada, e os falsos messias estão aí para confundir a boa-fé dos incautos.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Resumo da ópera é nada, como diria o filosofo ‘saiu do nada e foi para lugar nenhum’, nada que se aproveite. Governicho de plantão ainda não começou, ainda não desceram dos palanques eleitorais. Ministerio é um zoologico de incompetentes, a coalizão é para ingles ver. Dizem que o ano começa depois do Carnaval, vamos ver no que dá.
Candidato nunca defendeu linguagem neutra ou banheiro multigenero (por exemplo), até porque perderia votos. Porém são bandeiras da turma que anda com ele. Alas, um monte de coisas não foram ditos porque implicariam em perda de votos. Alas, ‘[…] espalhando inverdades sobre seus adversários políticos […]’, vermelhos são santos, divinos, farão o céu na terra e são vitimas dos evangelicos e dos Cavalões. Papo terceira série do primário. Alas, não sabia que o curso de Letras também estuda teologia. Alas, ‘[…] falsos messias estão aí para confundir a boa-fé dos incautos’. Não só os falsos messias. os falsos intelectuais também.
No mais são alegações requentadas de uma campanha eleitoral que já acabou. O pleito foi corrido. Em 2014, Estadao, ‘o PT começou ontem a treinar militantes do partido para aumentar e capacitar o time do partido que faz política nas redes sociais.’. ‘[…] objetivo formar o exército virtual da sigla que vai atuar nas eleições de outubro’. Partido nunca conseguiu utilizar as redes de maneira eficiente, Na ultima eleição ‘recebeu apoio’ de Felipe Neto (que agora vai a Paris com Barroso e Sapo Dino para esquentar a regulamentação das redes sociais na UNESCO, nada combinado, óbvio). Recrutou André Janones que ‘espelhou’ o que o outro lado fazia.
Fazer um catalogo de perfis e dizer que são falsos para serem aplicados numa ‘campanha’ é fácil. Quem teria influenciado na campanha de Trump e Brexit é a Cambridge Analytica (informação errada numero 4), esta bem no inicio do texto original. Cavalão não é citado no texto original e o ‘ há suspeitas de que os operadores do famigerado Gabinete do Ódio andaram por lá, atrás da expertise do grupo’ não passa de travesseiro de penas aberto em dia de vento norte. Suspeitas de quem? Dos vermelhos? Que conveniente!
‘Estoria’ publicada é uma Cambridge Analytica requentada. A Team Jorge é formada por pessoas que alegam ser ex-membros da segurança israelense. Não há verificação independente. Alegam que tem os perfis falsos, alegam (principalmente o tal Jorge) não ter só o aparato tecnologico, mas ‘principalmente inteligencia e influencia’. Construção de narrativas, bots, falsa informação e hackeamento de oponentes (informação errada numero 2, nada disto foi mencionado). O tal Jorge afirmou ter usado as taticas em ’33 eleições presidenciais, 27 vezes com sucessso’. O proprio texto original afirma que a afirmação é dificil de verificar (informação errada numero 3, fora do texto também). Valores são citados (e mudaram conforme a data), uma campanha custaria 6 milhões de euros.
Forbidden Stories não é um ‘coletivo’ (informação errada numero 1). É uma ONG com a missão de publicar o trabalho de outros jornalistas que estão sendo ameaçados, sob o risco de prisão ou assassinato. É como eles se definem. Informação está disponivel, basta ir no site.
Vermelhos não são fonte confiável. Principalmente falando de ‘fake news’. Mentiras, teorias da conspiração, desinformação, destruição de reputações, utilizam estas ‘ferramentas’ sem vergonha nenhuma. Pior, de maneira tosca.