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UFSM. Observatório da Comunicação de Crise é lançado por pesquisadores da instituição

Objetivo é auxiliar práticas profissionais e acadêmicas popularizando a ciência

Por Gabrielle Pilon / UFSM

A quarta-feira (8) marcou o início da implementação do Observatório da Comunicação de Crise (OBCC), dispositivo inédito no país dedicado a reunir o conhecimento produzido no campo da Comunicação em torno da gestão de crise em organizações. Em um único site, o Observatório busca armazenar a produção sobre o tema nos mais diversos formatos, como artigos, capítulos de livros, teses e dissertações, além de filmes, séries e documentários. Paralelamente, artigos de opinião e análises de casos sobre acontecimentos atuais também estão presentes na plataforma.

A ação é coordenada pelo professor Jones Machado, do departamento de Ciências da Comunicação da UFSM, no campus de Frederico Westphalen. Juntam-se a ele demais pesquisadores da Instituição e de outras universidades, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade de São Paulo (USP), a Fundação Cásper Líbero e a FACCAT – Faculdades Integradas de Taquara. A Universidade do Minho (UMinho) e a Universidade Beira Interior (UBI), localizadas em Portugal, também integram o projeto.

Gestão de crise: organizar, popularizar e orientar

Segundo o coordenador, o Observatório surge de uma lacuna de historicidade, memória e aprendizado de casos críticos que aconteceram no Brasil.

“Veio dessa dificuldade de buscar, de encontrar e de verificar esses cenários em termos práticos e teóricos”, explica.

Ele continua ao dizer que existem outros sites na temática, com enfoque mercadológico. Porém, o diferencial do OBCC é sua origem institucional, no Grupo de Pesquisa em Estratégias Midiáticas Organizacionais (EstratO), da UFSM em Frederico Westphalen.

Jones elenca os dois principais objetivos do projeto: o primeiro é a sistematização do conhecimento produzido no campo no que se refere a risco, crise, comunicação de crise, comunicação de risco e gestão de crise no âmbito das organizações. Já o segundo é o monitoramento das situações de risco nesse contexto, com o acompanhamento da forma como a crise é gerenciada, estratégias de comunicação empreendidas e as práticas implementadas pelos profissionais da área. A observação do desdobramento midiático desses casos também está abrangida no conteúdo da iniciativa.

Jones explica ainda que “ao contribuir para a popularização da ciência, buscamos nos aproximar da sociedade, no oferecimento de repertório gratuito em uma única plataforma. Assim, oferecemos subsídios para práticas profissionais, pesquisas científicas, trabalhos em sala de aula, materiais para professores de graduação e pós-graduação, dando visibilidade à área”.

O porquê de estudar Comunicação de Crise

A comunicação de crise é uma das principais subáreas da comunicação organizacional e das Relações Públicas, conta o professor, pois envolve elementos de extrema importância a uma organização, como identidade, imagem e reputação. Por conta disso, as discussões e pesquisas nesta área são essenciais não apenas para a existência das organizações, mas também à sociedade e para a análise de impactos sociais, ambientais e econômicos. Assim, o debate fomenta o aperfeiçoamento diário das práticas, não só de profissionais da comunicação, como também da administração, contabilidade, economia, dentre outras.

Para isso, o OBCC realiza a catalogação de diferentes materiais como livros, capítulos de livros, produtos audiovisuais, trabalhos acadêmicos e textos em geral.

Itens já catalogados no Observatório. Foto Divulgação

Parceira internacional

Com a experiência do trabalho remoto no contexto da pandemia, as trocas entre universidades distantes se organizaram e se intensificaram, o que facilita a parceria com as instituições portuguesas no OBCC, aponta Jones.

“Trocamos experiências e compartilhamos informações para mantermos as teorias sempre atualizadas e qualificadas”, acrescenta.

Ainda, dentre os planos futuros, estão aprofundar as relações com mais países e publicar um livro.

Além disso, o Observatório auxilia na internacionalização da UFSM.

“Temos o intuito de que esse tema se popularize, não apenas com casos que temos no Brasil. Logo, além dessa aproximação entre pesquisadores da área, vamos buscar o intercâmbio de práticas comunicacionais e gerenciais, tendo acesso às perspectivas de outras localidades sobre seus casos e comparar com as nossas vivências, por exemplo”, afirma Jones.

Discutir casos emergentes e evitá-los

A cultura da prevenção não é uma realidade no Brasil. Em gestão de crise, há diversos casos que poderiam ser evitados, caso houvesse o cuidado preliminar. Essa concepção é tratada em uma entrevista publicada no site do OBCC e serve de alerta aos profissionais, anuncia o coordenador.

Como exemplo, um dos acontecimentos que será abordado no OBCC é a invasão à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Segundo Jones, houve diversos sinais que premeditaram o ataque à democracia, mas que foram ignorados, isto é, divulgação em redes sociais, organização de ônibus e o próprio atentado ao Capitólio norte-americano em janeiro de 2021.

“Foi algo que podia ser evitado. Era uma questão de tempo e oportunidade para ocorrer”, relata.

Com isso, o Observatório percorrerá as perguntas que ficaram em aberto, como a contestada reação de autoridades de Brasília, os prejuízos financeiros, físicos e simbólicos, a responsabilização, as medidas tomadas e os aprendizados de tudo isso.

“Muitas crises não impactem em mortes, mas em pobreza, em mais desigualdade social, em problemas ambientais, acidentes, crimes, falência, desemprego, em falta de segurança. Nem todas são inesperadas, não surguem do ‘nada’. Antes de tudo isso, nós temos sinais, nós temos riscos, os quais nos dão informações. Os gestores, tanto da área de comunicação quanto das outras áreas, precisam estar atentos a esses sinais e a esses riscos justamente pra evitar essas outras grandes crises futuras”, finaliza Jones.

Equipe integrada

Além do professor Jones, na coordenação geral, fazem parte da equipe do OBCC os seguintes pesquisadores: professoras Patrícia Milano Pérsigo (UFSM/Coordenação de Pesquisa), Daiane Scheid (UFSM/Coordenação de Monitoramento), Carolina Frazon Terra (Faculdade Cásper Líbero/Coordenação de Conteúdo), relações públicas Jean Felipe Rossato (UFRGS/Coordenação de Comunicação), acadêmico Francisco Ernesto Carvalho Soares (UFSM/Iniciação Científica).

Figuram como conselheiros os seguintes professores Andreia Athaydes (FACCAT), Gisela Gonçalves (UBI – Portugal), João José Ferreira Forni (Comunicação & Crise),  Jorge Duarte (USP/Embrapa), Luiz Alberto de Farias (USP), Marlene Regina Marchiori (UEL), Paulo Nassar (USP/Aberje), Rudimar Baldissera (UFRGS), Teresa Ruão (UMinho – Portugal) e Wilson da Costa Bueno (USP).

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Um Comentário

  1. ‘“ao contribuir para a popularização da ciência,”. Ciencia é fisica, quimica, biologia. Isto daí é humanas. Mudam o conceito de ‘ciencia’ para chupinhar credibilidade. Simples assim. Os desqualificadores de praxe na cartilha são ‘cartesiano’ e ‘positivista’. Não muda nada. Uma pista para quem não entendeu: grau de subjetividade é extremamente alto, o que significa citar filosofos/autores obscuros para justificar academicamente.

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