Hélène Cixous e o ‘ec-rire’ – por Elen Biguelini
“Coloquem seus pensamentos e paixões em texto, em fala, em poesia”
Em 2022 surgiu em terras brasileiras uma tradução do original francês do clássico feminista “O Riso da Medusa”. Uma releitura desta obra, conhecida até então apenas em sua tradução inglesas, trouxe à articulista diversas questões importantes relacionadas ao ato da escrita, quando exercido pelas mulheres.
Mas antes de discutir propriamente as questões levantadas pelo texto, é preciso explicar por que Medusa? Pois para a concepção da autora, Medusa não tinha serpentes, mas quando falava, os homens viam suas palavras como serpentes. No entanto, quando a Cixous a olha de frente, vê uma mulher bela, que ri.
Devido, talvez, a uma questão de tradução, na primeira leitura do texto, o tema principal parecia ser o fato de a escrita e por sua vez a linguagem serem masculinas. As mulheres que escrevem o fazem DENTRO de uma linguagem marcadamente masculina. O texto, assim, é visto por Cixous como masculino.
Mas a mais recente tradução, agora do original francês, permite outro olhar. Não é apenas que o texto é masculino porque as línguas foram criadas e escritas por homens, mas também que o simples ato de escrever é uma resposta.
Hélène Cixous não escreve apenas para confrontar os termos masculinos que definem a neutralidade (embora também o faça, inclusive sendo precursora da linguagem inclusiva que atualmente se tenta implementar, com x ou @ no lugar de a ou o, como forma de incluir todos os gêneros, ao invés do uso do masculino neutro). Muito para além disso, a autora escreveu o Riso da Medusa tentando convencer outras mulheres a escreverem.
Porque escrever é uma forma de expressão que permite o voo feminino. E para Cixous, a mulher que fala voa: “A escrita é para você, você é para você, seu corpo lhe pertence, tome posse dele” (CIXOUS, 2022: 44).
O texto original é de 1975, mas foi lido e relido, majoritariamente em sua tradução inglesa, durante muitos anos, até que a própria autora decidiu escrever uma nova edição, em 2010, na qual adiciona e sublinha seu verdadeiro intento com a obra. É esta a edição traduzida por Natália Guerellus e Raísa Frnça Bastos. Assim, o intento de convencer outras mulheres a escreverem se torna mais obvio ao leitor.
Claramente, o texto original de 75 pretendia também iniciar a “escrita feminina”, conceito francês sobre os textos de autoria feminina. Mas não pretende que suas leitoras sigam o modelo, ou o descreve, na verdade, ela apenas coloca questionamentos relevantes para a escrita.
Se a linguagem é formada pela masculinidade, ou seja, essencialmente masculina, cabe a autora extrapolar os limites da linguagem e do texto: “é hora dela deslocar esse ‘dentro’, de explodi-lo, de revirá-lo e de se apropriar dele” (CIXOUS, 2022: 66).
Assim, finalizo reiterando a própria vontade da feminista argelina, que faz parte da base teórica do feminismo francês: Mulheres escrevam! Coloquem seus pensamentos e paixões em texto, em fala, em poesia. Riam, como faz a Medusa.
CIXOUS, Hélène; GUERRELUS, Natália: BASTOS, Raísa França (tradutoras). “O Riso da Medusa”. Bazar do Tempo; Rio de Janeiro, 2022 [2010]
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
Medusa era uma Gorgona e os mitos gregos tinham variações entre as cidades gregas. Ovidio, poeta romano, catou algumas variações e o reescreveu. Medusa era uma jovem mulher linda, sacerdotisa de Atena. Foi cobiçada por Posseidon, deus dos mares. Ele tentou a sorte e não foi bem recebido, as sacerdotisas deviam ser virgens. Sujeito força a barra, Medusa foge para se refugiar no templo. Medusa é estuprada. O templo é profanado. Como punição Atena transforma a ex-sacerdotisa numa visão tão horrenda (não tinha como punir o tio) que transforma quem se aproxima dela em estatuas de pedra. Acaba morrendo degolada, mas é outra historia. Vamos combinar que dá mais temas para discussão do que uma bobagem sobre x, @, o’s e a’s.
‘Ciencias’ humanas tem sua cadeia alimentar, obvio, desde os grandes tubarões (e tubaroas, não confundir com tabaroas) até os bagrinhos(as). Vive de ‘releituras’, parafrases e citações. Na falta de capacidade de produzir algo novo ou original mudam o conceito de ‘novo’ e ‘original’. Grande maioria vai perder o emprego para um ChatGPT da vida. Simples assim.
Hummm…. Ou seja, Hélène Cixous é uma completa deficiente mental (não é politicamente correto chamar as criaturas de retardadas hoje em dia). Existe uma hipotese não revelada que precede o assunto. A importancia da linguagem. Coisas do ar condicionado. A maioria das pessoas têm que trabalhar para ganhar a vida e não têm tempo para ‘filosofar’ sobre picuinhas. A vida é dura fora do aquario da academia. Simples assim.