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Para todas as mulheres e para os homens também – por Débora Dias

“Por uma sociedade que respeita todas as mulheres e todos os seus direitos”

Pensando esse ano o que escrever nessa data tão importante que já não tenha escrito.  Os anos passam, a vida gira, o mundo se transforma, mudam atores da política, das decisões, das instituições, enfim, a vida continua. Mas, muito triste que a realidade da violência contra a mulher persiste em nosso país, no mundo. Por que as mulheres em pleno século 21 ainda não são respeitadas como deviam?  Não é o 8 de março para isso?  Para refletirmos?

Pra mim, isso eu já escrevi, o 8 de março tem um significado muito especial, é uma data muito feliz. Foi em 8 de março de 1993 que me tornei mãe da pessoa mais companheira e amorosa que eu podia ter ao meu lado, Amanda. Então é difícil não falar da Amanda, mas é também pela Amanda, pelas Amandas, pelas Marias, Joanas, Carlas, Elisas, etc, que falo hoje.

Nós como sociedade evoluímos muito em ciência, em tecnologia, em tudo enfim… Contudo,  por que a realidade triste da violência contra as mulheres tende a andar em passos de tartaruga, embora se lute tanto por mudanças,  há trabalho das forças de segurança, do Poder Judiciário, do Ministério  Público, da sociedade organizada, etc. Tivemos muitos avanços, mas notícias de 50, 60, 70, 100 anos atrás ainda ganham manchete; mulheres que são vítimas de feminicídio por homens de suas relações presentes ou pretéritas, mulheres continuam sendo assassinadas.

Essa semana me chamou muito a atenção o assassinato da vereadora de Juazeiro do Norte-CE, Yanny Brena, 26 anos, médica, pelo namorado Rychson  Pinto. O ex-namorado, que não aceitou o fim do relacionamento (já viram esse filme, certo?) assassinou a vítima, simulou um suicídio e depois cometeu sucídio.

Foi um feminicídio, um assassinato decorrente de violência de gênero, e não podemos aceitar  manchetes como “morte”  de fulana de tal. Foi um assassinato cruel, frio, como todos os outros em que as vítimas perdem a vida na mão de seus algozes, seus companheiros, namorados, ex-companheiros, ex-namorados. Não foi uma tragédia; tragédia é uma calamidade, um desastre; foi um assassinato.

E a pergunta que não quer calar? Por quê? A resposta, ainda é a mesma, a nossa sociedade se transformou, evoluiu em tantas áreas, mas não evoluiu o suficiente no que tange à violência de gênero, a violência contra mulheres.

Ainda estamos lutando, veementemente, todos os dias para que essa mudança seja efetivada e edificada de forma permanente. Contudo, essa luta é árdua, e não podemos admitir qualquer tipo de desrespeito às mulheres, qualquer manifestação desrespeitosa às mulheres, mesmos aquelas que têm o tom de “brincadeira” ou parecem “inofensivas” porque essas são fagulhas fomentadora da fogueira que as mata. A luta continua, por uma sociedade transformada, que respeita todas as mulheres, que proteja seus direitos humanos.

Feliz 8 de Março.

(*) Débora Dias é a Delegada da Delegacia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância (DPICoi), após ter ocupado a Diretoria de Relações Institucionais, junto à Chefia de Polícia do RS. Antes, durante 18 anos, foi titular da DP da Mulher em Santa Maria. É formada em Direito pela Universidade de Passo Fundo, especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Ciências Criminais e Segurança Pública e Direitos Humanos e mestranda e doutoranda pela Antónoma de Lisboa (UAL), em Portugal.

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2 Comentários

  1. Feminicidio, olhando de longe, tem um componente serio de saude mental. Algo que esta abandonado no Brasil desde a decada de 90 pelo menos. Da séria série ‘problemas que não dão voto’. Assistencia social é algo altamente negligenciado (não por culpa dos/das profissionais da área). Obvio que vai espirrar noutro lugar. Professoras, policiais, judiciario (via defensorias e nucleos de pratica juridica das faculdades). É Brasil, dá-se um ‘jeitinho’. Caso do Ceará lembra muitos outros. Midia faz ‘campanhas’. Que dão em nada. Dobram a aposta. ‘Normalizam’ o acontecido. Se todo dia um sujeito mata uma sujeita vira cotidiano. Obvio. No mais a contradição usual no discurso de esquerda. Empoderamento, emancipação de todes no blábláblá e vitimização generalizada, na pratica toda criatura com a vida ferrada não tem responsabilidade nenhuma, a culpa é sempre de terceiros. Sem stress, no futuro o Estado, expressão da ‘coletividade’, resolverá.

  2. Algo que pode chocar a sociedade. Há ‘mulheres’ e há mulheres. Chefe de operações da SpaceX, uma das principais empresas no setor do mundo, é a engenheira Gwynne Shotwell (casada e tem dois filhos com o primeiro marido). Presidente do Banco Central Europeu é Christine Lagarde (divorciada, dois filhos). Muito fora da realidade? Economistas no Brasil. Zeina Latif. Ana Carla Abrão. Melhor presidente do BNDES em decadas: Maria Silvia Bastos Marques. Resumo da opera, com 10 minutos de papo já se sabe se intelectualmente rola ou não rola. Sim, porque profissionalmente o que conta é o cerebro e não a perseguida (deselegante afirmação, mas há que se facilitar o entendimento dos que têm dificuldades).

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