100 dias de governo Lula, 100 dias sem tréguas – por Leonardo da Rocha Botega
Contrariedade e “o grito de quem quer seguir lucrando com a desgraça alheia!”
Normalmente, nos países onde predomina à democracia liberal, os primeiros cem dias de um novo governo são marcados por um momento de trégua. Um misto de voto de confiança na escolha popular com o entendimento da necessidade de organizar as estruturas do governo a partir do projeto apresentado nas eleições e da realidade político-administrativa encontrada após a posse.
Na História do Brasil tal trégua nem sempre aconteceu. Getúlio Vargas, desde os primeiros dias de seu segundo governo (1951-1954), encontrou uma oposição ruidosa, que tinha como principais porta-vozes os jornais O Globo e a Tribuna de Imprensa. Juscelino Kubitschek, que somente tomou posse graças ao contragolpe preventivo dado pelo Marechal Henrique Teixeira Lott em 11 de novembro de 1955, enfrentou onze dias após a sua posse a Revolta de Jacareacanga, uma tentativa de golpe organizado por um pequeno grupo oficiais da aeronáutica que durou dezenove dias.
João Goulart, por sua vez, mesmo tendo derrotado a tentativa golpista de impedir sua posse em agosto de 1961, não teve um mês sequer de tranquilidade. Uma busca de desestabilização do país que culminou no Golpe Civil-Militar de 1964. No Brasil, com raras exceções, como os primeiros cem dias do primeiro governo Lula iniciado em 2003, a trégua só ocorre quando o governo é conservador.
Os primeiros cem dias do novo governo Lula tem sido marcado justamente pela ausência de trégua. Uma semana após a posse, o governo teve que enfrentar a tentativa de golpe bolsonarista de 8 de janeiro. Apesar de muitos cientistas políticos analisarem a derrota dos golpistas como uma “segunda posse” do presidente Lula, os atos golpistas revelaram na verdade que a democracia ainda não é um valor consolidado em muitos setores do Estado (sobretudo nas forças de segurança) e da sociedade brasileira (sobretudo nas classes médias).
A derrota do golpismo resultou, pelo menos momentaneamente, no isolamento do chamado “núcleo duro” do bolsonarismo, que até agora parece não ter encontrado espaço para se afirmar como uma oposição efetiva. Contribuiu para isso o período de ausência do ex-presidente no país e o seu silêncio em relação aos atos golpistas (representando o abandono dos liderados pelo líder).
Outra contribuição veio das revelações do caso da tentativa de entrada ilegal de joias doadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente e a ex-primeira-dama, sobretudo, o uso de agentes do Estado brasileiro na busca de flexibilização das normas de contrabando instituídas pela Receita Federal.
Enquanto o “núcleo duro” bolsonarista se isola e não consegue se fortalecer, outro segmento também não se dispõe a dar nenhuma trégua ao governo Lula. O financismo (ou conforme se autointitula “o mercado”) desde os primeiros dias não tem demonstrado qualquer sinal de recuo em sua tentativa de capturar o novo governo.
Já no momento da transição, quando o Brasil ficou literalmente “jogado as traças” por um governo mergulhado na dor de ter sido derrotado mesmo tendo utilizado a estrutura do Estado como ‘cabo eleitoral”, o financismo criticava a tentativa do futuro governo de corrigir o arremedo de peça orçamentária que entraria em vigor nos primeiros dias de 2023, sem sequer garantir o mínimo funcionamento de políticas fundamentais para a população brasileira como, por exemplo, o pagamento das aposentadorias do INSS.
Este mesmo segmento, que lucrou como nunca nos últimos anos, enquanto os mecanismos de autonomia de definição soberana da política econômica pelo governo eram desestruturados e a população era jogada a um “salve-se quem puder” durante a crise da pior pandemia mundial desde 1918, encontrou em Roberto Campos Neto o guardião de seus ganhos.
O economista do financismo, que foi alçado à presidência do Banco Central no governo anterior, se tornou a “voz infalível do mercado” diante da pressão do presidente Lula para uma mudança na absurda e injustificável política de juros altos, adotada no país sob o mantra do controle da inflação ao custo da paralisia do setor produtivo e do alto desemprego.
Vencida “a batalha pela democracia”, cabe agora ao governo Lula travar “a batalha pela economia real”. Alguns passos importantes foram dados, como a retomada das políticas sociais. Porém, tais passos não se concretizarão na caminhada rumo a uma economia que diminua a desigualdade social e combata a fome e o desemprego sem que o governo encare, com a mesma efetividade com que encarou os golpistas, a ausência de tréguas por parte do financismo. Uma ausência que nada mais é do que o grito de quem quer seguir lucrando com a desgraça alheia!
(*) Leonardo da Rocha Botega, que escreve regularmente no site, é formado em História e mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM, Doutor em História pela UFRGS e Professor do Colégio Politécnico da UFSM. É também autor do livro “Quando a independência faz a união: Brasil, Argentina e a Questão Cubana (1959-1964)
‘Economia Real’? Vermelhos desconhecem o que é ‘trabalhar’. Servidores publicos, burocratas (no juridico ou na educação). Um bando de apedeutas. Até para conseguir cabide para cupinchas mudam as exigencias para determinados cargos. Jorge Viana retirou a exigencia de falar ingles para colocar um ‘cumpanhero’ na APEX, ou seja, para cuidar das exportações. Uma piada. Bem simples, se der m. na economia a culpa é do Molusco com L., o honesto, et caterva.
Mentiroso contumaz da urb falou que os ianques teriam diminuido os juros. Ultimo movimento foi subir de 4.75% para 5%. Alguns dos diretores votantes no Federal Reserve queriam aumentar 0.5%. Logo não é impossivel aumentarem de novo.
Tentativa de golpe: narrativa. ‘Financismo’: antes ‘rentismo’, antes ‘capitalismo’, antes ‘burguesia’; ou seja, ideologia furada que nunca deu certo. Resumo é simples: não fizeram p*##@ nenhuma! Tanto que o governo despejou grana no consorcio que ajudou na eleição para falar dos Yanomamis, na ‘imagem externa’ do pais (que é muito diferente lá fora do que falam aqui dentro) e da Amazonia. É tão ridiculo que o Globo publicou que os ‘alertas de desmatamento diminuiram 61% em janeiro’ e creditou ao governo Molusco com L., o honesto. Fevereiro teve recorde de desmatamento (nem se fala no Cerrado) na Amazonia Legal e a culpa (como sempre, dos ‘outros’) foi para a conta do Cavalão.