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Censura do bem: a conivência daqueles que antes a condenavam – por Giuseppe Riesgo

“A grande verdade é que o projeto (das FakeNews) é uma descarada censura”

Notória é a luta da esquerda contra a censura durante o período militar. Não são poucas as histórias que escutei ao longo da minha vida sobre o quão firme, virtuosa e criativa foi a resistência de artistas, músicos e intelectuais durante a ditadura. Diversas vezes ouvi e, obviamente, concordei, que não há defesa para ditaduras e que a censura é um dos seus alicerces.

Lembro disso, pois essa semana a Câmara dos Deputados aprovou a urgência do PL 2630/2020, chamado de “PL das fakenews”, com entusiasmo pela esquerda. Um sinal de que estão mais preocupados com o slogan e a estética do que efetivamente com o conteúdo do que está sendo proposto. É a sentimental e linda luta contra o “discurso de ódio e desinformação”.

A grande verdade é que o projeto é uma descarada censura. É a criação do “Ministério da Verdade”, que George Orwell já previu na sua obra 1984. O referido projeto estabelece que uma comissão do governo federal terá o poder de decidir o que é verdade e o que não é. O que é discurso de ódio. O que é autorizado a ser publicado e o que será censurado. No fim das contas, reitero, é apenas censura. Só que, dessa vez, chancelada apenas pelo slogan bonito e por ser proposto pelo mesmo espectro político-ideológico da esquerda. Essa é a verdade que precisa ser dita.

Não é possível aplicar de forma imparcial ou neutra o que é discurso de ódio ou restrição à liberdade de expressão. Não existe neutralidade na análise de opiniões e manifestações de cidadãos que, em tese, são livres. A comissão avaliadora terá a palavra final sobre o que é verdade ou não. É justamente o ministério da verdade. Estamos entregando ao Estado a competência de avaliar o que é verdade, tolerância, amor, ódio e assim por diante. O que a população ganha com isso?

Hoje, sinto que o ingênuo fui eu ao acreditar que a luta da esquerda era contra a censura ou mesmo a ditadura. Os mesmos que faziam a crítica, hoje aplaudem o totalitarismo. A censura vinda da esquerda é eivada de eufemismos: “limite da liberdade de expressão” e “controle de fakenews” são bons exemplos da pirueta argumentativa da esquerda para ludibriar a população e disfarçar suas ideias totalitárias. Por outro lado, a censura vinda do governo militar, por ser de direita, era abominável e deveria ser combatida. Mal percebem que a revolução devora seus filhos e que, no futuro, quem hoje aplaude essa medida, será o próximo a ser controlado e censurado. Para evitar esse absurdo, vamos seguir a luta na votação da semana que vem.

(*) Giuseppe Riesgo é ex-deputado estadual pelo partido Novo. Atualmente ocupa a Chefia de Gabinete do Deputado Federal Marcel van Hattem. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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5 Comentários

  1. Padrão. Causidicos passando pano e contemporizando. ‘Precisamos de legislação’. Se esta sendo feita por um bando de sem vergonhas com motivos escusos não importa. E a ‘voz constitucional do cidadão’? Preocupada com o bolso. Ao inves dos que se acham prejudicados suscitarem o caso (que são poucos) os que criticam vão (maioria, dimdim para causidicos) é que vão ter que provar que não existe prejuízo.

  2. Alas, Telebras só alcançou 21 mil km de fibra óptica la por 2014. Depois de ter sido recriada. Mesmo assim com um migué, boa parte é ‘compartilhada’ com as operadoras telefonicas. No meio de toda esta historia ainda tem os OPGW, o cabo para raio das linhas de transmissão do sistema eletrico. O dito cujo é uma cabo que tem função eletrica e o miolo é recheado de fibras opticas. Uma certa rusga surgiu sobre o monopolio das comunicações. Resumo da opera neste assunto é: estatal que na narrativa funciona as mil maravilhas (ou tem um ‘patrimonio’ não divulgado) mas que por conta de algum fator externo quebra e é surrupiada com preço inferior por capitalistas malvados. Ou seja, mentira. Ou fake news, como quiser.

  3. Hipocrisia porque as ‘fake news’ terão monopólio. Exemplo? Claudemir com P., o inqualificável, afirmou (está gravado) que ‘uma empresa nos EUA foi multada por divulgar “fake news”‘. Obvio que os ianques foram utilizados como desculpa. Mais ou menos como ‘nos EUA a licitação tem uma seguradora junto’. Ianquelandia tem pelo menos 50 leis de licitação mais a federal. Guido Mantega também gostou da idéia, queria criar uma estatal, a ‘Seguros do Brasil’ (não lembro se chegou a ser criada). E a multa da empresa nos EUA? Fox News divulgou noticias criticando urnas eletronicas. Passada a eleição uma das empresas fabricantes de urnas eletronicas processou a Fox News por ‘difamação’ (sim, por lá é possivel difamar pessoa juridica). Pediu 3 bilhões e tanto. Resolveram por quase 800 milhões de dolares (algo do genero). Fortuna do Rupert Murdoch é perto de 25 bilhões, até para ele é dinheiro. Rolaram cabeças na empresa, obvio. Deve haver seguro da coisa toda (da empresa, do processo, etc.), mas não cobre tudo.

  4. Projeto vai passar, obvio. A hipocrisia vencerá mais uma vez. Como o projeto anti-corrupção de Moro, aquele que colocou uma corja de ladrões FDP na cadeia. ‘Democraticamente’. ‘Passem maionese e engulam’.

  5. Sim, é uma censura prévia terceirizada para as grandes corporações. Não só os vermelhos, o establishment deseja controlar o discurso e abafar a dissensão. Parte da mídia acha que pode recuperar parte do prestigio, do controle, do dinheiro e dos postos de trabalho (pura burrice). Resultado é uma panela de pressão a longo prazo e o deslocamento de certos discursos para camadas da internet que eles nem sabem que existem. Truque velho, vão superdimensionar as exceções para justificarem a regra.

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