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CONGRESSO. Cresce movimento na sociedade civil para derrubar proposta de anistia geral aos partidos

Siglas estarão isentas de pena para irregularidades em prestações de contas

Plenário no dia da posse da atual legislatura. Justiça ainda pode alterar composição da Casa (Foto Pablo Valadares/Agência Câmara)

Do portal especializado Congresso em Foco / Por Edson Sardinha

Mais de 50 movimentos e entidades em defesa da transparência eleitoral e da maior participação de mulheres e negros na política encaminharam uma carta aberta aos 184 deputados que assinaram a proposta de emenda à Constituição (PEC 9/2023) que estabelece a maior anistia da história aos partidos políticos brasileiros.

Na prática, a PEC livra os partidos de punição por qualquer irregularidade nas prestações de contas referentes ao uso dos fundos partidário e eleitoral até a promulgação do texto – inclusive pelo descumprimento da distribuição da cota mínima de recursos para candidaturas de negros e mulheres nas eleições de 2022 para trás.

O grupo faz um apelo para que os parlamentares retirem a sua assinatura da PEC. Para que o texto seja arquivado sumariamente, é necessário que ao menos 93 dos seus apoiadores (metade mais um) desistam do apoio à proposta. Até o momento, apenas 12 pediram a retirada de seus nomes.

“Supõe-se que a maior parte dos apoiamentos de Vossas Excelências à referida proposta deu-se de modo inadvertido”, diz trecho da nota, da qual o Congresso em Foco é um dos signatários. O conteúdo da proposta, segundo a nota, “compromete de maneira insanável o aprimoramento da democracia brasileira”.

O pedido se soma a outras notas técnicas já divulgadas contra a PEC 9/2023, apresentada com o apoio de representantes de 14 partidos políticos, da esquerda à direita.

Diz a carta aberta endereçada aos deputados:

“A PEC 09/2023 estabelece a maior anistia da história aos partidos políticos, impedindo que a Justiça Eleitoral aplique qualquer penalidade por irregularidades identificadas nas prestações de contas de exercício financeiro e eleitorais ocorridas até eventual promulgação da proposta;

A PEC 09/2023 renova para as eleições de 2022 a anistia às agremiações que não destinaram os valores previstos em lei para as campanhas de mulheres e de pessoas negras; e

A PEC 09/2023 permite que partidos obtenham doações de pessoas jurídicas para o pagamento de dívidas contraídas até agosto de 2015”.

No ano passado as legendas receberam quase R$ 5 bilhões dos cofres públicos para o fundo eleitoral, além de R$ 1 bilhão do fundo partidário. Ou seja, R$ 6 bilhões para gastarem com as campanhas eleitorais e a manutenção da máquina partidária.

“As organizações subscritoras entendem que tal cenário demandaria, como contrapartida mínima, a adoção de medidas de fortalecimento da Justiça Eleitoral e de aprimoramento de seus procedimentos de transparência e auditoria”, afirma trecho da carta dirigida aos autores da PEC. “A proposta apresentada por Vossas Excelências, no entanto, consolida a total impunidade ao descumprimento generalizado de determinações legais pelos partidos políticos brasileiros, tornando inócuas as prestações de contas apresentadas à Justiça Eleitoral em obediência ao artigo 17 da Constituição Federal”, acrescenta.

De acordo com a carta, a PEC “também implica prejuízo inaceitável à urgente e inadiável ampliação da participação política de mulheres e pessoas negras”.

Um dos responsáveis pela carta, o diretor-executivo da Transparência Partidária, Marcelo Issa, defende que a sociedade pressione os parlamentares a reverem o apoio à PEC. “Nosso objetivo, com a carta aberta, é criar um movimento para que os parlamentares tenham o bom senso de entender que uma anistia tão ampla não é possível e passem a trabalhar pelo arquivamento da proposta”, afirmou Issa ao Congresso em Foco.

Uma emenda constitucional promulgada em abril do ano passado, que agora a nova PEC tenta mudar, previa a anistia para o não cumprimento das cotas ao período anterior à promulgação do texto. Ou seja, a anistia valeria até a eleição de 2020…”

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Um Comentário

  1. Que ‘sociedade civil’? Os grupos de interesse, os oligarquicos? Sim, porque se autointitular ‘sociedade civil’ não dá legitimidade para ninguém. Alas, truquezinho antigo, entitular-se com um rótulo qualquer (”voz constitucional do cidadão, exemplo) e defender interesses como se tivesse procuração para falar em nome do ‘pôvú’. Justiça eleitoral funciona mais ou menos meia boca quando quer. Geralmente toma medidas atrasada. Grande maioria da população está c@g@ndo para o assunto.

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