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ASSEMBLEIA. Frente busca dar visibilidade ao adoecimento de policiais militares de nível médio

Proposta é da deputada Luciana Genro, com adesão de mais 20 deputados

O suicídio foi a principal causa de mortes de brigadianos em quatro dos últimos cinco anos (Foto Brigada Militar/Divulgação)

Reproduzido do jornal eletrônico SUL21 / Reportagem assinada por Luís Gomes

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul instalou na sexta-feira (28) a Frente Parlamentar em Defesa dos Brigadianos de Nível Médio. Proposta pela deputada Luciana Genro (PSOL) e assinada por outros 20 parlamentares, a frente resulta de um trabalho que a parlamentar vem desenvolvendo nos últimos anos junto à categoria e envolve problemas relacionados à carreira e condições de trabalho, perseguições por superiores e uma grave situação de saúde mental e de suicídios entre policiais militares.

Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a deputada obteve dados que revelam que, entre o início de 2018 e o final de fevereiro de 2023 – quando a solicitação foi feita -, foram registrados 45 suicídios dentro da corporação, o que representa mais da metade das 89 mortes de policiais militares no período. No mesmo espaço de tempo, 15 policiais militares morrem em confrontos durante o serviço.

O suicídio foi a principal causa de mortes de brigadianos em quatro dos últimos cinco anos, sendo a única exceção 2019, quando foi superado pelas mortes em confronto. Os dados indicam que o problema têm aumentado. Em 2018, foram registrados 6 casos. Em 2019, 5. Em 2020, 3. Em 2021, 14. Em 2022, 13. E, somente nos dois primeiros meses do ano, 4 suicídios foram notificados, período em que não foi registrada nenhuma morte de policial militar em confronto durante o serviço.

Dados constam em dossiê elaborado para o lançamento da frente parlamentar na Assembleia Legislativa (Foto Reprodução)

O adoecimento da corporação também é verificado no aumento do número de afastamentos por problemas psicológicos. Em 2021, a média era de 1,9 afastamento por dia por esta causa. Em 2022, subiu a 2,2 e, nos primeiros meses de 2023, foi a 3,2 afastamentos por dia. Segundo o 1º Censo da Brigada Militar, lançado em 2022, problemas psiquiátricos e psicológicos também são a segunda causa para o uso de medicamento (21,3%), atrás apenas de problemas cardíacos e de pressão alta (41,5%).

Entre depoimentos concedidos à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) em audiências propostas por ela, reuniões no mandato e contatos feitos pelas redes sociais, Luciana conversou com mais de 300 brigadianos sobre os problemas que motivaram o lançamento da frente.

“Problemas de ascensão na carreira; longas jornadas de trabalho sem direito a intervalo, sem direito a tempo para se alimentar; ordens para que os praças fiquem em condições desumanas de trabalho, como ficar em pé durante 6 horas, sob chuva, ao lado de uma viatura, sem poder se abrigar. Outros casos dizem respeito a relações internas na BM. Na verdade, a gente tem duas brigadas, a dos oficiais e a dos praças e tenentes. Os oficiais muitas vezes perseguem os seus subordinados e se utilizam de mecanismos de perseguição que são discretos. Por exemplo, eles usam a escala para punir, o tipo de serviço que o brigadiano vai fazer para punir e isso acaba causando um adoecimento mental muito grave dos brigadianos, que resulta no terceiro ponto. E o resultado disso tudo é que temos índices de suicídio na Brigada muito superiores à população civil e também índice de adoecimento mental extremamente elevado, por todos esses problemas e somado ao fato de que ser brigadiano é um trabalho difícil, porque lida com violência, com morte, com a iminência da própria morte”, diz Luciana.

A deputada pontua que os brigadianos que buscam ajuda psicológica acabam sendo taxados de fracos e, quando se licenciam para tratamento, sofrem retaliações ao retornarem. Diante desse cenário, a frente se propõe  a cumprir três objetivos: alertar a sociedade civil sobre os desafios enfrentados por esses profissionais;  subsidiar os trabalhos da Frente Parlamentar em Defesa dos Policiais Militares de Nível Médio; e reunir todos os relatos para encaminhá-los ao Comando-Geral da Brigada Militar, solicitando respostas efetivas para as questões apresentadas.

Luciana diz que o principal trabalho será dar visibilidade ao problema e institucionalizar aquilo que alguns deputados já faziam em seus mandatos, como o deputado Jeferson Fernandes (PT), que defendeu na sexta-feira (28) uma dissertação de mestrado que tratou do tema do assédio sexual nas corporações estaduais.

“Hoje, pouco se fala sobre isso. Como os brigadianos não podem falar, não podem se mobilizar e passam por repressão interna, essas situações ficam encaixotadas. Queremos dar visibilidade e, a partir dela, cobrar providências pontuais em relação a cada um dos problemas. Além disso, queremos unificar todos os deputados que têm essa causa, independente da sigla partidária. Eu espero que outros deputados se somem, tem muitos que dizem que defendem a Brigada e as forças de segurança pública, então que também se somem nessas cobranças”, diz Luciana…”

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Um Comentário

  1. Aproximação de vermelhos dos brigadianos ‘totalmente confiável’. ‘[…] perseguições por superiores […]’. Ja chegam subvertendo hierarquia e disciplina. Brigadiano ‘vitima’. Passarinho que anda com morcego acorda de cabeça para baixo.

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