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BIOTERAPIA. Laboratório da UFSM é o único a fazer tratamento que evita amputações e cicatriza lesões

‘Alimentando Esperança’ está junto ao Laboratório de Parasitologia Veterinaria

Silvia Gonzalez Monteiro (C), com Carine Comarella, técnica em laboratório, e Talissa Santos, aluna da Veterinária (foto Ana Alícia Flores)

Por Gabrielle Pillon / Da Agência de Notícias da UFSM

Quando o biólogo Alexander Fleming descobriu a penicilina, em 1928, o mundo nunca mais foi o mesmo. O primeiro antibiótico existente se expandiu no combate inédito a infecções, prolongando vidas. Assim, técnicas naturais – algumas milenares – que estavam em desenvolvimento na medicina caíram em desuso. Com o passar do tempo, na década de 1980, a resistência das bactérias ao remédio tornou-se notável, fato que trouxe a bioterapia, timidamente, de volta à cena clínica.  

A bioterapia é o uso de animais vivos para auxiliar no diagnóstico ou tratamento de doenças. Uma das bioterapias que ganhou força novamente foi a terapia larval (ou Maggot therapy, em inglês), seja para pacientes animais, seja para pacientes humanos. No Brasil, a enfermeira Julianny Barreto Ferraz é a pioneira na prática em humanos, tendo desenvolvido o tratamento no Hospital Universitário Onofre Lopes, onde atualmente é presidente da comissão de curativos, em Natal, Rio Grande do Norte. No entanto, carece de um laboratório estruturado que forneça as moscas adequadas para o trabalho. 

A prática da bioterapia larval consiste em aplicar larvas de mosca na primeira fase (L1) em feridas e lesões das mais diferentes causas, como fogo ou acidente de carro. Aplicadas, elas comem apenas o tecido necrosado e ainda, com sua saliva, estimulam o crescimento de tecido novo, isto é, a cicatrização. Com a prática, tanto animais quanto seres humanos que estavam condenados à amputação ou presos a tratamentos em decorrência de lesões têm uma nova esperança. Palavra esta que se repete no projeto “Alimentando Esperança”, vinculado ao Laboratório de Parasitologia Veterinária (Lapavet) da UFSM, cujo objetivo é fornecer larvas para profissionais de saúde aplicarem em pacientes interessados e necessitados. 

Alimentando a esperança

Salvar vidas e difundir a prática da bioterapia é o sonho da coordenadora do laboratório, Silvia Gonzalez Monteiro. Silvia é médica veterinária e professora de parasitologia veterinária do Centro de Ciências da Saúde (CCS) na UFSM. Desde que ingressou na Instituição, em 2002, empenha esforços para estruturar e organizar a prática que sempre admirou. Todavia, deparava-se com limitações, como falhas no ar-condicionado, que é vital para o ambiente de criação, ou quando, em férias, quem ficava responsável não cuidava da colônia, e, não menos importante, apoio de pessoal. Foi então que, em 2017, a pesquisadora começou mais uma vez uma colônia de moscas e encontrou interesse de alunos em ajudar. O professor Daniel Roulim Stainki, que, assim como Silvia, é do Departamento de Microbiologia e Parasitologia, auxilia com a avaliação dos casos. 

Apesar da pandemia, os estudos não cessaram e, atualmente, o laboratório é o único no país a desenvolver a bioterapia. Solicitando ao laboratório com 48 horas de antecedência e por R$ 25,00, um profissional de saúde recebe a embalagem com as larvas mantidas em gaze, com a quantidade calculada em relação ao tamanho da ferida (são de 5 a 10 larvas por centímetro quadrado lesionado, personalizado para cada paciente), prontas para a aplicação. Depois de aplicadas, as larvas precisam ser retiradas do paciente sempre após 48 horas, quando elas já estão saciadas, e na fase de L3, uma antes da fase de pupa. Assim, a depender da complexidade da lesão, outras aplicações, com novas larvas, são realizadas, repetindo o processo até a cicatrização. Por enquanto, animais do Hospital Veterinário Universitário de Santa Maria (HVU), de clínicas privadas ou de profissionais independentes, são os únicos pacientes.

O processo do laboratório 

Tanto para humanos quanto para animais, o processo é o mesmo. Primeiramente, captura-se moscas fêmeas e férteis. Depois, faz-se a taxonomia delas, isto é, a identificação morfológica, para verificar se são da família certa, a que come tecido em decomposição. São usados ovos esterilizados de moscas varejeiras, a família Calliphoridae, com as espécies Sarconesia chlorogaster e Lucilia cuprina. Com uma porção de fígado de bovino fresco, incentiva-se a mosca a fazer postura, ou seja, o ato de pôr os ovos.

Após, estes ovos são removidos e levados ao laboratório para a esterilização contra microorganismos, que é confirmada quando eles são postos em meio de cultura Mueller Hinton (meio de cultura microbiológico). Nesse processo, a superfície do ovo é analisada. Se, neste meio, não ocorreu crescimento de microorganismos, o ovo é considerado estéril e as larvas eclodidas podem ser preparadas para envio, quando o profissional de saúde recebe e aplica. “Aqui no laboratório, sempre uma parcela desses ovos são usados para renovação da colônia”, relata Silvia…”

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Um Comentário

  1. Hummmm…..Tudo muito bonito. Só para citar um exemplo. Todo mundo ligado que existem bacteriofagos? Virus que infectam bactérias? Algo ‘um pouquinho’ mais sofisticado. Truque é simples, a pesquisa, ao menos teoricamente, tem uma revisão bibliografica. A propaganda não. É sempre na base ‘Santa Maria umbigo do mundo’. Bota ‘jornalismo’ e bota ‘noticia’ nisto.

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