Presciliana Duarte de Almeida – por Elen Biguelini
Como mencionamos em nossa última coluna, pretendemos iniciar uma nova série de textos trazendo alguns nomes da autoria feminina brasileira, em especial do século XIX.
Muitas mulheres escreveram neste período. Ainda que a sociedade não aceitasse bem o trabalho feminino relacionado a escrita, algumas mulheres acabaram não apenas por publicar, mas também tendo o que poderíamos chamar de carreira literária, com uma obra repleta.
Iniciamos com Presciliana Duarte de Almeida (1867-1944). Esta senhora nasceu em Pouso Alegre, Minas Gerais, em 3 de junho de 1867, sendo descendente de um membro da Inconfidência Mineira, Inácio José de Alvarenga Peixoto (1742-1792) e da poetisa natural de São João del-Rei, Bárbara Heliodora Guilhermina Silveira (c. 1759-1819). Logo, a educação formal e literária feminina era tradicional em sua família.
Ela se casou com outro poeta, Silvio Tibiriça de Almeida (1867-1924) e faleceu em Santos, em 13 de junho de 1944.
O claro interesse literário de sua família (descendente de uma poetisa e de um inconfidente, assim como esposa de um poeta) explica a sua tendência a escrita literária. Outra autora da família foi a prima Julia Lopes de Almeida, de quem trataremos posteriormente.
Possivelmente teria a aceitação de seu marido para a escrita. Apesar disto, teve que se utilizar de pseudônimos para publicar seus livros, isto porque escrever era considerado um ato transgressivo por muitos. Ela assinou como Perpétua do Valle.
Junto com seu marido fundou o Instituto Silvio de Almeida em São Paulo, assim como a Academia Paulista de Letras (na qual honrou a ascendente como sua patrona).
A autora escreveu tanto poesia como literatura infantil e escolar e, em especial, contribuiu e fundou a Revista “A Mensageira”, que existiu em São Paulo entre os anos de 1897 e 1899, e a qual apresenta diversos textos de autoria feminina, sendo voltada também para o público feminino.
Escreveu: “Páginas Infantis” (1908) e “Livro das Aves” (1914), bem como as obras de poesia Rumorejos (1890); Sombras (1906); Pirilampos; Vetiver (1939); e Antologia Poética (1976) – tendo as últimas duas sido publicadas postumamente-.
Nota-se, que os dois livros infantis foram escritos inicialmente para seus filhos.
Infelizmente, sua obra manteve-se apagada por muito tempo, embora tenha sido vagarosamente recuperada pela história e pela literatura, em especial devido a importância da “Mensageira” para o movimento feminista.
Alguns de seus poemas podem ser encontrados em: PRESCILIANA DUARTE DE ALMEIDA – Brasil – Poesia dos Brasis – São Paulo – www.antoniomiranda.com.br.
Sobre a autora:
Pinto, Raissas Nunes; Bertoletti, Estela Natalina Mantovani. “Presciliana Duarte de Almeida (1867-1944) na história da literatura infantil brasileira”. In. Perspectivas em diálogo. Revista de Educação e Sociedade, Naviraí, v.5, n.10, p 207-226. Localizado em http://seer.ufms.br/index.php/persdia/,
Lopes de Oliveira, Américo. “Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas”. s.l. Tipografia Silva Pereira, 1983, 12.
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
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