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Como deve ser bom ser amigo do rei – por Giuseppe Riesgo

“Garantir a aplicação da lei e da Constituição? Desnecessário! Ajudar o Rei e...”

Ah, como seria maravilhoso ser amigo do rei! Poder usufruir de todos os privilégios que vêm com essa posição de poder absoluto, onde a lei é apenas uma sugestão para os escolhidos e seus camaradas, mas vale para toda a plebe. Que tempos gloriosos em que os reis governavam sem limites, e seus amigos eram intocáveis perante a justiça! Que tempo bom aquele onde agradar o rei me traria boas recompensas no futuro!

Imaginem só: se eu fosse amigo do rei, poderia ignorar as leis que me conviessem. Estado de Direito? Quem se importa! Cumprir a lei? Ah, coisa de plebeu! Eu poderia desfrutar de todas as regalias e benefícios sem qualquer preocupação com as consequências. Afinal, a lei é apenas para os súditos comuns, não para os amigos do rei. Enquanto os meros mortais são julgados e penalizados por suas transgressões, os amigos do rei poderiam cometer qualquer crime e escapar impunes. Roubar, enganar, corromper… tudo seria permitido quando se está no círculo íntimo da realeza. Afinal, quem ousaria questionar os privilegiados?

Parece brincadeira, mas não é. A indicação do advogado pessoal de Lula, Cristiano Zanin, para ocupar uma vaga tão importante no Supremo Tribunal Federal (STF) é um acontecimento que lembra, de fato, a época dos Reis. Lembra o momento da nossa história onde a lei não valia para alguns poucos poderosos. Muito mais importante seria ser amigo do rei do que de fato merecer um espaço de destaque na sociedade. Essa indicação levanta sérias preocupações em relação ao princípio da impessoalidade e coloca novamente em xeque a imparcialidade e a integridade do mais alto tribunal do país.

Ao indicar seu advogado pessoal para uma posição tão influente e estratégica, Lula compromete diretamente o princípio fundamental do Estado de Direito, que exige que as instituições sejam independentes e atuem em nome do interesse público, sem favorecer interesses particulares. A indicação de Zanin é mais uma clara tentativa de exercer influência política sobre o STF, transformando-o em um tribunal ainda mais político do que já é.

O STF, como órgão responsável por interpretar a Constituição e garantir a aplicação da lei, deveria ser uma instituição imparcial e voltada para o interesse coletivo. No entanto, a indicação de um advogado pessoal do presidente mina ainda mais a já combalida confiança da sociedade na capacidade do STF de cumprir essa função essencial. Ao invés de se concentrar na aplicação imparcial da lei, essa nomeação serve, evidentemente, para proteger mais uma vez os interesses e as relações pessoais do (rei) Presidente Lula.

Princípios do Direito Administrativo? Quem se importa! Imparcialidade do Judiciário? Não há necessidade! Garantir a aplicação da lei e da Constituição? Desnecessário! Ajudar o Rei e seus amigos? Sim, isso sim! Todos nós, tenho certeza, gostaríamos de ser amigos do rei. Zanin recebeu sua recompensa, e o Rei cobrará a conta no futuro.

(*) Giuseppe Riesgo é ex-deputado estadual pelo partido Novo. Atualmente ocupa a Chefia de Gabinete do Deputado Federal Marcel van Hattem. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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8 Comentários

  1. Há que se fechar o comentário de maneira positiva. Um dia o Rato Rouco Zóio de Peixe Morto vai para a grande sauna que existe lá embaixo. O Capeta que se cuide. Ou não, ele também é vermelho.

  2. Numa reforma tributária alguns passam a pagar mais e outros menos. A conta tem que fechar. Uns arrecadarão mais, outros menos nos diversos setores. Se existe um fundo para compensar arrecadação não precisa pensar muito para descobrir de onde saira o dinheiro. Alas, IPVA de barcos e aviões arrecada pouco, Imposto de grandes fortunas idem. Principalmente porque o numero de atingidos é pequeno. E ‘fogem’. Por que a alaúza? Porque fica bonito nas manchetes, ‘nossos ricos pagam muito imposto’. Patuléia gosta do ‘estou me ferrando mas o ricaço está se ferrando mais’. Ricaço modo de dizer, porque a conta sempre estoura na classe media.

  3. Ideia era ‘simplificar’. Mas ninguém vai mexer no ‘simples’, subsidio da OAB e dos causidicos vai continuar. Alas falam em atualizar a a tabela. Quase 5 milhões de teto é muito pouco. Presidente da Camara também falou em ‘olhar setor por setor’, ou seja, vai continuar ‘uma aliquota só para todos, tirando as exceções’. Que nunca foram poucas.

  4. De onde também se conclui que não se pode perder de vista o principal. STF aprovou (sic) muita coisa que aumenta a tributação. Reforma tributária está uma ‘joinha’. Vai aumentar a carga tributaria. Falam num ‘fundo de compensação de perda de arrecadação’. Obviamente haverá ‘periodos de transição’. Mais de um, dependendo do que se fala. PIB brasileiro é dividido, grosso modo, em 70% oriundo dos serviços, 20% da industria e 10% do agro. ISS hoje tem aliquota de 5%. Pode chegara 25%. Industria vai ser beneficiada, logo os empresarios deste setor gostaram. Agro deve perder subsidios (ou seja, diminui atividade). Imposto de valor agregado (algo loco de ‘moderno’) vai ser cobrado no local de consumo, ou seja, quem produz se estrepa. SP perde grana, região sul idem. Há um desenvolvimentismo embutido na proposta. Algo que já foi tentado tres vezes no pais e deu errado tres vezes.

  5. Trouxa é quem acredita na seriedades das instituições. Ao que parte dos causidicos dirá ‘é só uma fase, vai passar’ e outra ‘não é assunto para leigos, tudo é muito “tecnico”‘. Ou ‘o populacho ignorante mimimi’. Conclusão: ‘passem maionese e engulam’. Este pessoalzinho que está no poder está pouco se lixando, farão o que puderem dentro da propria ideologia e da propria falta de vergonha na cara. Simples assim.

  6. Possibilidade da indicação de Zanin foi comentada durante a campanha. Facil desqualificar naquele periodo. Molusco com L., o honesto, queria alguem parecido com Venaldovski, o ‘leal’. Engraçado foi ‘jornalistas’ da Rede BullShit falando que cavalistas votariam pela aprovação do nome, ‘justificando’.

  7. Pessoal do juridico nestas horas costuma dizer que ‘está tudo normal’. Se não colar citam a legislação, como se no espirito estivesse sendo observada. Ou seja, dependendo do caso são principialistas ou positivistas. O que for mais conveniente.

  8. Sugestão de leitura? ‘Os donos do poder’. Raymundo Faoro. Ex-presidente da OAB na época que era, de fato, a voz do cidadão.

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