Junho e suas Jornadas – por Michael Almeida Di Giacomo
Uma análise do movimento que sacudiu o Brasil já faz exata uma década
Um movimento que em seu nascedouro era uma ação de protesto contra o aumento nas tarifas do transporte público, há dez anos, ganhou as ruas das principais capitais do país, forjando uma série de manifestações que ficaram conhecidas como “Jornadas de Junho”.
O Brasil, outrora “país do futebol”, estava prestes a sediar a Copa do Mundo Fifa de 2014, e restou por vivenciar a explosão de uma insatisfação geral de parte da população com a classe política, a corrupção endêmica, e em áreas como a saúde e educação.
O Movimento Passe Livre – MPL, formado por coletivos populares, era a entidade independente que convocava as passeatas, por meio das redes sociais em plataformas como Facebook, Twitter – inaugurando um novo modo de organização de ações sociais no país.
O interessante naquela conjuntura – uma década atrás – é que a redução na tarifa do transporte público não foi um fim em si mesmo. Não foi difícil catalisar toda uma conjuntura de insatisfação da classe C, que havia ascendido socialmente durante o governo de Lula, mas que ainda enfrentava más condições de infraestrutura nas cidades.
No correr do mês, na segunda quinzena, a resposta do governo às manifestações se deu por meio e uma declaração pública de que iria promover um pacto com prefeitos e governadores, tendo por objetivo melhorar as condições nas áreas de saúde, educação e transporte público.
As promessas do governo não aconteceram do modo que eram esperadas, em especial, porque muitas medidas anunciadas não tiveram apoio no Congresso Nacional.
Desde então muitos estudos e artigos são escritos com análises de como as Jornadas de Junho tiveram ou não influência no Brasil nos anos adiante com a ascensão da extrema-direita ao poder central.
O certo é que no ano seguinte teve-se o fortalecimento de grupos ligados à direita, como o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua, o que restou por uma reconfiguração das forças políticas no país.
E, também, que a força popular, seja à esquerda, seja à direita, e mesmo os que se colocavam apartidários, no uso de novos instrumentos de mobilização popular, escreverem uma década importante na história do País.
(*) Michael Almeida Di Giacomo é advogado, especialista em Direito Constitucional e Mestre em Direito na Fundação Escola Superior do Ministério Público. O autor também está no twitter: @giacomo15. Ele escreve no site às quartas-feiras.
Resumo da opera? Politica é ‘vamos fazer o que sempre foi feito mesmo que visivelmente não esteja produzindo efeito favoravel para a população’. ‘Depois a gente vê’. Os mesmos que reclamavam da ‘falta de projetos’ no governo anterior (obviamente sem saber do que falavam e era sem vergonhice eleitoral) agora se calam com a evidente atual falta de rumo do pais. ‘Soluções’ saidas para problemas que são inventadas e resolvidos em gabinete. Pior, agora é perigoso até reclamar. Inventaram a manifestação anti-democratica e neste balaio cabe muito tipo de gato.
Transporte publico? Vide aldeia. Nesta altura do campeonato já deviam ter dados sobre as linhas atuais, qual a demanda em cada horario. Em alguns horarios os onibus poderiam talvez ser substituidos por micro-onibus ou até vans para reduzir o custo. Aplicativos existem (todos são ‘UBER’ apesar da empresa se minoria na urb). Taxistas são contra. Alas, existem aplicativos para moto também, no debate parece que são ignorados. Bicicletas de aluguel e patinetes seriam viaveis para pequenos deslocamentos no centro? E o tuk-tuk (um mototaxi/triciclo com cabine)?
Educação precisa de uma reforma séria. Não vai sair porque está na mão dos servidores publicos e para estes o importante é o salário. Saúde? É proibido falar mal do SUS, mesmo com os evidentes problemas. Quem fala dos SUS ‘é neoliberal que ataca para privatizar’ (este é o nivel do debate). Durante a pandemia governo federal mandou grana para os estados, dinheiro sumiu e o establishment jogou a sujeira para baixo do tapete porque quem ficou com a grana é ‘aliado’. Mimimi juridico para ‘justificar’ não falta. Alas, a impunidade é mais grave que a corrupção. Alas, pune-se os adversários do sistema e livra-se a cara dos ‘amigos e amigas’. Vide uns HC por aí, bom não especificar muito para não acabar preso.
MBL aparenta ser um bando de vivaldinos. Vem pra rua não em força, não se sabe se algum dia teve.
Vamos simplificar. É como a gangorra da pracinha. Se a situação piora quem está em cima desce e quem está embaixo sobe. Simples assim. Esta acontecendo na Europa. E na Argentina (não vai resolver muita coisa, estão muito quebrados). Também não é ‘extrema-direita’, é um amontoado. Crentes, pessoal que gosta de armas (direito de possuir armas para lazer ou se defender), gente contra o aborto e gente que sabe de onde sai, que tem que trabalhar para ganhar a vida, produzir para pagar as contas (não esfregar a barriga na mesa no ar condicionado, produzindo textos e batendo queixo). Contraria as pautas da esquerda? Sim, mas não por isto são ‘extrema-direita’.
Pacto foi uma ideia de jerico. População protestando contra os politicos e a solução é reunir muitos politicos e fazer mais promessas? Sintoma é que não sabiam lidar com a situação. Governo de esquerda, talento, capacidade são coisas da Globo, todo mundo pode fazer qualquer coisa. É o tecnico de futebol que precisa mudar o time porque está perdendo, olha para o banco de reservas e só tem perna de pau.
Insatisfação da Classe C que ‘ascendeu socialmente’ é narrativa que surgiu na epoca. Basta ver onde residia a tal classe (lugares mais afastados, ‘periferia’) e o que aconteceu com a utilização do transporte publico na epoca (em SP patuleia usa mais o metro). Alas, Rede Bobo fez uma reportagem quando moradores de favela ensaiaram um protesto no RJ. Segundo eles não entendiam bem o que estava acontecendo. Reividicações? ‘Não precisamos de telefério, a escola tem falta de professores, não tem medico no posto de saúde’.
Copa do Mundo Fifa, Olimpiadas. Pão e circo, mais circo do que pão. Não a toa, Molusco com L., o honesto, manifestou apoio a Copa do Mundo Feminina no Brasil em 2027. Vamos combinar, maioria da população está c@g@ndo para futebol feminino, Midia faz força, motivos ideologicos, para ‘incentivar’. Inclusão, visibilidade, outras bobagens. Verdade é que mais da metade da população tupiniquim é feminina, caso se interessassem o futebol feminino teria mais audiencia e mais dinheiro que o masculino. Simples assim.
Mais importante, acredito eu, é discutir os problemas e não as Jornadas. Estas terminaram, aqueles não. Pode levar a outros fenomenos. Algum grau de corrupção sempre vai haver, não há como fugir da realidade. Saúde e educação são assunto a cada dois anos. Prometem melhorar, mas nada acontece. Politica ganhou vida propria, um fim em si mesmo para uns poucos privilegiados. Pouco tem a ver com o que aflige a população, o que leva a instabilidade.