Enrolex – por Orlando Fonsecca
Já está mais do que na hora de se acertar os ponteiros deste país. Vivemos uma longa convalescença desde a redemocratização. Isso começou lá em 1985, depois de um esforço gigantesco em torno das Diretas Já. Tivemos de engolir aquele amargo remédio que o destino nos legou, com a eleição indireta de Tancredo Neves, morto justamente quando devia assumir a presidência. Veio Sarney e os planos econômicos mirabolantes; a primeira eleição direta, frustrada por um governo desastroso, defenestrado em seguida. Aí veio o Plano Real, a ascendência do lulismo, a queda do lulismo com o impeachment de Dilma Roussef (primeira mulher na presidência do Brasil). Na sequência, tivemos dois desastres monstros no mesmo pacote: um governo de extrema-direita e a pandemia da Covid-19. No início deste ano 2023, quando a gente pensava que as coisas poderiam se encaminhar para uma normalidade, veio a intentona fascista de 8 de janeiro, e estamos ainda tratando dos efeitos colaterais. Dizem que a democracia é assim mesmo, mas precisava ser tão complicada? Não fosse apenas a ascendência do senso comum, e das fake news, agora nos vêm com uma retórica de narrativas falsas para justificar o injustificável. Enquanto o atual governo, através de programa econômico-financeiro lança o Desenrola Brasil, a turma do governo derrotado nas urnas em 2022 nos aparece com o Enrolex. E assim caminha a humanidade na sua porção brasileira. Daqui a pouco vão dizer que Bolsonaro era o verdadeiro Ajudante de Ordens. Talvez isso explique a esculhambação geral, mas então para que não se chegue à conclusão de um governo acéfalo (que parecia ser), é preciso chegar ao verdadeiro Mandante: quem mandou vender o Rolex de ouro? Uma bomba relógio.
Os noticiários da semana passada e, ao que tudo indica, os desta semana, repetiram à exaustão as idas e vindas do antigo entourage do ex-presidente trambiqueiro, vendendo e comprando joias e relógios de luxo, entre Brasil e EUA, entre árabes e arabescos, sauditas ou insanos. Mas, porém, todavia, entretanto, para (até mesmo) os investigadores que atuam no inquérito sobre venda e recompra das joias sauditas, a confissão do tenente-coronel, El Cid, já não tem relevância. Ou seja, neste processo existem digitais comprometedoras que nenhuma narrativa delirante de Wassef, El Cid pai, família miliciana, ou o que for, vai apagar.
Para mim, o pior é a tentativa dessa gente em pensar que somos – brasileiros inteligentes ou não – um bando de imbecis. O ex-presidente pego com a mão no Rolex chegou a dizer que seu ex-ajudante de ordens tinha “autonomia” para agir, enquanto ele – o presidente – ocupava o Planalto nas horas vagas. Mas, porém, todavia, entretanto (essa é uma história com muitas adversativas), até para uma criança, se alguém ajuda com as ordens, quem as dá? Ora o ex-chefe do Executivo (lembrando: o que está lá para executar) ou executava ou mandava executar. Mas agora nega que tenha mandado vender ou tenha recebido dinheiro oriundo da venda de joias. O que é mais uma versão apresentada por ele e seu entorno sobre o caso. Embora as câmeras da Receita Federal tenham flagrado as tentativas do garboso El Cid, tentando resgatar, de forma ilegal, um conjunto de colar e brincos recebidos, avaliado em cerca de R$ 16,1 milhões.
Está em curso uma nova estratégia jurídica do tenente-coronel colecionador de pérolas (em suas declarações e inconfidências é o que mais se vê), que não devem garantir a ele nenhuma boa vontade da Polícia Federal, como já disse acima. O advogado que assumiu semana passada a defesa do ex-ajudante de ordens afirmou que Cid vai confessar que vendeu nos Estados Unidos o tal Rolex; depois veio a público dizer que não vai “confessar”, mas apenas informar, além de confirmar o destino do dinheiro. Como dizem os memes das redes sociais: a hora de Jair já foi, então já era e, sem o Rolex, já anda dizendo que não vê a hora, que não viu nada, que não mandou vender. Puro enrolex. Mas, porém todavia entretanto, minha gente brasileira, a hora é de ir prafrentex. Os ponteiros do relógio que interessa já estão sendo acertados. O que quer dizer que: enrolex ou não, dura lex pra cima deles, Xandão.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Receita em Dados do RS. Calculadora do Cidadão do BC. Arrecadação de ICMS de SM foi 225 milhões em 2014. Arrecadação de ICMS em 2019 foi 264 milhões. Cresceu? Sim, em valores nominais. Corrigindo pelo IGPM da FGV os 225 milhões de 2014 seriam 307 milhões. Encolheu algo como 15%. Arrecadação (nominal) de 2022 foi 374,5 milhões. O valor de 2014 corrigido é 470 milhões. Encolheu algo como 20%. É uma avaliação rapida que teria que ser desdobrada/aprofundada. Obvio que a oficialidade pode apresentar numeros mostrando que ‘esta tudo certo’. Busilis é que presta-se muita atenção na chinelagem, em assuntos irrelevantes e no curto prazo. É por acaso ou é ‘projeto’?
Deixando os tribunais de exceção e a chinelagem de lado. Petrobras reajustou os combustiveis. Porém continua segurando. Gasolina está 14% defasada em relação ao preço internacional e o diesel está 10%. Uma conta que hora ou outra terá que ser paga. Alas, Rato Rouco já gastou 25 milhões em viagens internacionais no primeiro semestre. Alas, midia noticia que Putin não vai a Africa do Sul para não ser preso. Obvio que não seria preso, objetivo é criar a imagem de um criminoso. Não vai porque poderia descobrir pela televisão que já não era presidente da Russia. Obvio.
Prenderam a cupula da PM de BSB. Perigo de se evadir ou atentar contra o processo? Do que são acusados? Se é só prevaricação algo está errado. A pena para este crime são cestas basicas. E se o crime não preve crime de prisão não há motivo para prender. Há quem diga que é uma campanha contra a imagem da instituição. Aconteceu omissão? Aparentemente sim. Mas inventar narrativas para majorar a pena além do previsto em lei para atingir resultados politicos pessoais é o quê?
Tapera da Casa de Cultura, antiga Pretoria, tem um brocardo latino ‘Summum ius, summa injuria’. Pois é, a propria invocação a ‘Xandão’ diz tudo. Alas, absurdos juridicos não faltam na historia, a CF88 que se lasque. Se exceções devessem existir deveriam ter sido manifestadas na legislação antes. Simples assim. Quebrar as regras do sistema para ‘salvar o sistema’ é asneira, mostra que o sistema já quebrou. Alas, ‘jornalistas’, daqueles que deveriam ter uma marca de sorvete tatuada na testa, alegam que ‘os outros “ministros” do STF referendaram as decisões de Xandão. Uma mistura de corporativismo, ideologia e Poncio Pilatos. Xandão sem duvida vai entrar na historia. Foi o primeiro ministro do STF que teve a mesa do gabinete utilizada como penico.
Cavalão arredou 17 milhões com uma vaquinha. Se abrir outra arrecada o mesmo tanto ou mais. Como o Dallagnol, abriu uma arrecadou, pagou multa e sobrou dinheiro. Sem susto, Cavalão vai ser preso, só não acharam uma desculpa ‘convincente’. Já não querem ele influindo na eleição do ano que vem.
A midia cumpanhera e o Consorcio de Midia que ajudou na eleição levou o drible da vaca do advogado. Simples assim.
‘ Embora as câmeras da Receita Federal tenham flagrado as tentativas do garboso El Cid, tentando resgatar, de forma ilegal, um conjunto de colar e brincos recebidos,[…]’. Isto não é verdade. A pessoa filmada foi um sergento da marinha. Foram liberadas? Não. Carteiraço? Provavel. O resto é ‘narrativa’.
Sinopse do que parece ter acontecido. Aconteceu uma confusão do que era presente para o presidente e o que deveria ter sido destinado a União. O Rolex foi vendido, recuperado e devolvido. Fim da historia no que me diz respeito.
Intentona fascista? Desconfio que vermelhos não tem neuronios. Muito liquido e uma ervilha no lado esquerdo e outra no lado direito. Talvez duas ervilhas no lado esquerdo. Alas, há ‘jornalistas’ que acham ser muito ‘civilizado’ ouvir mentiras de vagabundos maus-caracteres com cara de paisagem. Comparam com o passado. Problema é que no antanho o nivel intelectual era mais elevado e as pessoas tinham respeito, achavam improprio mentir na cara dura na frente dos outros. Alas, mentir é coisa do que não tem argumento. Alas, ‘vão usar o que esta acontecendo na Argentina para dizer que não funciona’. Não funciona na Argentina, como não funcionou em Cuba, na Venezuela, no Equador…
Isto é uma tremenda cortina de fumaça baseada em ‘narrativas’. Nenhuma surpresa, Cavalão vai ser preso, só não acharam ainda justificativa conveniente. Objetivo é equiparar Cavalão com Molusco com L., honesto, abstemio e famigerado dirigente petista. Objetivo é liquidar o Cavalismo. Obvio, não significa que o Rato Rouco vá recuperar sua popularidade, motivos obvios.