O Golpe do Peru Peludo – por Marcelo Arigony
A incrível criatividade dos “malacos” e o jeito de se proteger. Talvez o único
Agora a criminalidade está trabalhando com perus. Já não mais só pererecas. O crime tradicional perdeu a vez. Não tem mais sentido entrar em uma farmácia ou em uma cafeteria e anunciar um assalto. Há sempre um grande risco.
Algum cliente pode estar portando uma arma de fogo e reagir. O criminoso também não quer alvejar ninguém. Ele quer o dinheiro. Quer pegar a bufunfa, alguns celulares, e ir embora sem intercorrências.
No mundo novo todos os nossos passos são registrados. Há câmeras de videomonitoramento por todos os lados. Mesmo que o gatuno esteja vestindo capuz ou capacete, vai deixar seu rastro: roupa, tênis, gestos, modo de andar, voz e algum trejeito. E há câmeras também no trajeto que usou para chegar e sair do local do crime.
Além do mais, o dinheiro tá sumindo. Não só o meu, que tá escasso. Eu falo do dinheiro de papel. Hoje é tudo no cartão, no débito, no crédito, no pix, no zap-zap, e logo na rede X, antigo Twitter. Não tem jeito. O assalto está com os dias contados.
Mas os malacos sabem disso e já se adiantaram, estão investindo em novas modalidades, novas tecnologias. O velho estelionato foi reinventado, sob outros matizes. Há crimes cibernéticos próprios e impróprios, para gostos e desgostos.
A cada dia é um golpe diferente. Fascina a criatividade. Já usavam pererecas, em golpes de nudes. O criminoso cria mensagens e anúncios falsos, com imagens de belas mulheres, atraindo cliques lascivos. Estabelecem conversação, fazendo-se passar por jovens moçoilas, e trocam imagens e vídeos desnudos.
Depois passam a extorquir as vítimas, dizendo que se tratava de uma menor de idade, ou que a moça é funcionária de uma facção criminosa, e que os minutos de conversação têm um preço alto a ser pago.
Quando a vítima clica em anúncios espúrios, ou conversa por mensagem, os criminosos passam a ter acesso ao seu nome e outros dados de identificação. A partir daí fica fácil fazer ameaças e extorsões por todas as redes sociais, inclusive aos seus familiares.
Agora o golpe do peru é mais inusitado. A vítima recebe uma chamada de vídeo pelo celular, de um número desconhecido, e quando atende a ligação percebe que tem um órgão genital masculino – pelado e peludo – à mostra na chamada.
Mesmo que a vítima imediatamente desligue o telefone, aqueles poucos instantes são gravados pelos meliantes, que a partir dali utilizam as imagens do vídeo com o rosto da vítima na mesma tela do peru para realizar ameaças e extorsões.
Não atenda chamadas de vídeo de números desconhecidos. Não busque relacionamentos sem uma boa camada de anonimato até ter certeza sobre quem está do outro lado da linha. Não forneça qualquer dado pessoal; e – principalmente – não ceda a chantagens. Procure a polícia. Se a vítima pagar, os criminosos passam a ameaçar e exigir mais e mais. Pagou uma vez, virou freguês.
(*) Marcelo Mendes Arigony é titular da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) em Santa Maria, professor de Direito Penal na Ulbra/SM e Doutor em Administração pela UFSM. Ele escreve no site às quartas-feiras.
Uma serie de tv. Westworld. Duas primeiras temporadas até foram boas. Depois sairam com a bola pela linha de escanteio. La pela terceira apareceu um ‘Uber do crime’. Um sujeito recebe um alerta pelo celular (como um motorista). O perfil dele no aplicativo informava que estava apto a fazer parte de uma equipe ad hoc para realizar um assalto. Sem disposição para cometer violencia. Outros poderiam ser contratados para cometer homicidios. Busilis é que futurologia é uma ‘ciencia’ muito imprecisa.
Assalto não está com os dias contados. Alvo agora são os celulares. Qualquer coisa que substitua o smartphone vai ser o proximo.
Darwin. Sobrevive quem se adapta. Este tipo de alerta sempre chega atrasado, o meliante (vitima da sociedade que não teve oportunidades ou exemplos melhores a serem seguidos) esta sempre um passo a frente. O alerta não atinge todos. E, obvio, se alguém precisa ser avisado para não atender chamadas de desconhecidos(as) tem outro problema. Se não cair no golpe da moda vai cair no proximo.