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PARTIDOS. Como se construiu a chapa única que tornou Romildo Bolzan presidente estadual do PDT

Os bastidores e entrevista com João Luiz Vargas, um dos artífices do acordo

João Luiz e Romildo, entre o ex-presidente estadual Ciro Simoni e o presidente nacional licenciado da sigla, ministro Carlos Lupi

Com relato (e foto de Reprodução) da Coordenadoria Regional do PDT no Centro do RS

A manhã do sábado, dia 2, foi histórica para o PDT do Rio Grande do Sul. Sem diretório constituído desde a pandemia de 2020, o partido estava sendo dirigido por uma comissão executiva provisória, nomeada pela direção nacional da sigla, e buscava desde as eleições de 2022 um processo que envolvesse os filiados e militantes de todo o Estado. A convenção reuniu cerca de mil militantes.

Agendado para o dia 2 de setembro, a tendência era que uma disputa entre duas chapas fosse decidida no voto dos 285 membros do diretório eleito no mesmo evento. Por acordo, ainda em julho, com a presença do até então presidente estadual Ciro Simoni, João Luiz Vargas (prefeito de São Sepé) e Romildo Bolzan (ex-prefeito de Osório), que encabeçavam as chapas para a Comissão Executiva Estadual, manifestaram interesse em manter os membros do último Diretório vigente, incluindo novas lideranças militantes do partido, prefeitos, vices e vereadores. A disputa se daria, portanto, somente entre quem seria o grupo dirigente estadual.

Desde início do mês passado, quando foi sinalizada a possibilidade de convenção, os dois grupos buscavam lideranças partidárias representando perspectivas diferentes: João Luiz alinhado à mudança de gestão do partido, com envolvimento maior dos prefeitos e lideranças jovens, e Romildo, alinhado com todos os deputados da bancada estadual e federal. Ambos manifestavam que existe uma necessidade do partido se reorganizar para o pleito do próximo ano. Até as 11h de sábado, horário da inscrição das chapas, o clima era que a haveria disputa entre os dois candidatos.

Conforme o deputado Pompeo de Mattos, um dos defensores para que houvesse o entendimento, a movimentação de João Luiz pelo Estado motivou também a presença de apoiadores da chapa de Romildo. “Gente veio apoiar o João Luiz, mas também muitos vieram para reafirmar o apoio aos deputados e Romildo. O movimento de um grupo motivava a participação do outro, sucessivamente. Ao total, mais de mil pessoas estiveram presentes durante toda a convenção, deixando a casa cheia que em situação de consenso antecipado não teríamos”, revelou.

A presença do ministro da previdência Carlos Lupi, presidente nacional licenciado do PDT, foi fundamental para que a disputa fosse substituída pela união das chapas. “São 26 membros, não temos como deixar de fora nem os deputados, nem os prefeitos. Não temos como sair vencedores ou vencidos, só um entendimento entre Romildo e João Luiz mostrará que somos grandes e unidos. Não há ambiente para disputa nessa grande convenção, pois todos querem a mesma coisa: fortalecer o PDT. Peço encarecidamente que João Luiz aceite o convite de Romildo e montemos uma só chapa”, pediu Lupi, externando o convite para que João Luiz assuma a coordenação nacional de prefeitos do PDT, junto a Direção Nacional do partido.

Ao meio dia, horário agendado para começar a votação, a convenção foi paralisada e, na frente de todos os presentes, começou uma negociação. Para Romildo, esse convite já havia sido externado em vários momentos do processo. Ouvindo sugestões de alguns defensores da chapa de oposição, João Luiz aceitou a proposta de retirar sua candidatura e incluir seis integrantes na chapa construída por Romildo.

“A luta era para que prefeitos, vices, lideranças regionais, jovens e mulheres estivessem no centro da gestão do PDT. Esse pedido foi atendido. Foram incluídas pessoas com perfis distintos, representando bem o estrato do partido. Além disso, vencemos a inércia e aumentamos o diálogo. Lupi e Romildo foram fundamentais para que isso acontecesse. Pompeo e o Gabriel Fadel já sinalizavam que este seria o melhor caminho”, revelou João Luiz.

A nova Comissão Executiva eleita, por aclamação dos 285 convencionais, tem mandato por quatro anos, até setembro de 2027.

A seguir, uma pequena entrevista, com quatro questões para o prefeito de São Sepé, João Luiz Vargas:

O que o fez desistir da disputa?

João Luiz: Não desistimos. Nossa tese, no fim, acabou sendo vencedora. Vencemos uma certa inércia que tomou conta do PDT, e da Esquerda, como um todo. Caímos na vala comum dos partidos pela sua polarização entre Lula e Bolsonaro. Queríamos mais mobilização, mais participação de jovens, mais presença de lideranças locais. Agora são dois prefeitos, dois vices, três membros da juventude socialista, integrantes do movimento cultural e lideranças regionais além dos deputados. Era isso que queríamos. Eu estaria mentindo se dissesse que não queria ser o presidente, mas sei que Romildo cumprirá muito bem essa função. Estarei pronto para ajudá-lo em qualquer tarefa.

Santa Maria está presente na nova Executiva Estadual do PDT, com a vereadora Luci (Duartes). Isso é importante para a próxima eleição no município?

João Luiz: A vereadora Luci, assim como outras lideranças de Santa Maria, como Marionaldo Ferreira e Vicente Bisogno já estavam participando da nossa mobilização. O pensamento de Paulo Burmann também sempre foi de maior participação do interior e valorização dos pedetistas nas decisões estratégicas em nível estadual. Seria equivocado não incluir o PDT de Santa Maria nesse processo, e Luci, que estava na nossa chapa, acabou sendo conduzida para a direção de consenso. Nossa ideia é fortalecer o trabalho do presidente Burmann na condução das articulações do partido na próxima eleição. Estamos todos afinados, e agora unidos no mesmo propósito de ser protagonistas na eleição majoritária, aumentar a bancada e retomar a força do trabalhismo na Boca do Monte. Temos excelentes quadros para 2024, e agora o PDT do município volta a ter voz ativa presente na Executiva Estadual. É bom para o PDT de Santa Maria, e bom também para o PDT do Rio Grande do Sul.

Todas as pessoas viram o senhor emocionado na hora de construir a chapa de consenso, junto com Romildo. Foi um sentimento de tristeza por abandonar a disputa?

João Luiz: Estava emocionado. Foram tantas semanas de mobilização, e o desfecho poderia ser imprevisível. Revivi as convenções do passado, com Collares e Brizola fazendo discursos ideológicos, buscando nosso rumo.

Qual seu papel agora, junto a coordenação nacional de prefeitos do PDT?

João Luiz: Em setembro terei encontro com Lupi, em Brasília, para definir meu papel no processo de articulação visando as eleições do próximo ano. Somos mais de trezentos prefeitos, e a meta é chegar a 400. É difícil, mas não impossível. Minha leitura é que devemos acertar o posicionamento político, de centro esquerda, a favor do serviço público, da educação, contra a privatização e a desigualdade social. Aqui no Rio Grande do Sul, farei de tudo para aumentarmos em no mínimo 10% a nossa vitória nas prefeituras. Parte disso já estamos fazendo junto a Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, capacitando os gestores e treinando os candidatos. Coordenar a estratégia dessa política deve ser a nossa participação.

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