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TEATRO. Ator Werner Schünemann encenará em Santa Maria seu primeiro monólogo: O Espantalho

Espetáculo estará em cartaz no ‘Treze de Maio’ nas próximas terça e quarta

“O Espantalho”, primeiro monólogo do ator Werner Schünemann, com direção de Bob Bahlis, estará em cartaz em 26 e 27 de setembro

Por Janine Ponte (texto e foto) / Da Assessoria de Imprensa do Espetáculo

O Theatro Treze de Maio será o primeiro palco do interior gaúcho a receber o ator Werner Schünemann, que está em temporada nacional com seu monólogo O Espantalho, nos dias 26 e 27 de setembro (terça, às 20h, e quarta, às 19h). A peça que estreou em agosto, em Porto Alegre, sob a direção de Bob Bahlis, é uma grande jornada sentimental em meio às escolhas que envolvem pais e filhos. Bahlis deu início ao texto, que chegou ao final com as percepções de Schünemann. O encontro dos artistas gaúchos não se dá por acaso e a diferença geracional revela-se como ingrediente especial que permeia toda a concepção e a montagem.

Schünemann interpreta um ator bem-sucedido, que vai ao sítio de seu falecido pai e lá se depara com uma horta cultivada pelo patriarca, com um espantalho e caixas de madeiras com objetos pessoais, que revelam vestígios de sua vida e de suas relações.

 “Sempre achei que devemos buscar uma sociedade igualitária, mas sinto também que o papel masculino dentro da sociedade, que foi construído, ao longo de milênios, sobre o patriarcado, a opressão e o machismo, em breve não vai mais existir. Fui assistir a Velha D+, da Fernanda Carvalho Leite, que tem a direção do Bob e texto dele também. Ao final, disse ao Bob que era exatamente o que eu queria, mas voltado para a alma masculina. Tivemos experiências de trabalhos juntos em leituras de textos da Clarice Lispector, há dois anos. Eu queria que fosse um monólogo sobre o masculino, sobre pais, filhos e como as ideias gastas e perversas de masculinidade passam de geração em geração. Bob criou a história do personagem e me entregou uma estrutura, um breve relato da vida de um homem. E essa teatralização está sendo feita por nós dois juntos ”, conta Werner.

A partir disso, o personagem faz um exercício de recriação de sua memória, debruçando-se sobre a complexa relação estabelecida com o pai, desde a infância até a vida adulta.  Entre as lembranças estão o período no internato, as primeiras relações amorosas, o casamento, a chegada do filho, a perda da mãe e reflete ainda sobre  a finitude humana.

A passagem do pai se constitui em um elo entre o passado e o presente, mas também instaura uma necessidade de recomeço e renovação. Usando de simplicidade e delicadeza, o público é alvo fácil de cada palavra, cada sentimento, contidos em todas as linhas do roteiro. Uma peça sobre ser homem, sobre perdão e sobre fragilidades.

“Eu acho importante a gente trazer de volta o questionamento do que é humano. Eu quero falar sobre o humano, não necessariamente o humano apenas do homem. A peça trata de assuntos que são comuns a todos nós, humanos: vida, existência, morte, sucessão. Eu queria falar sobre as minhas preocupações, os meus sentimentos sobre esses assuntos. A minha emoção é sobre o assunto que o personagem está falando e a peça é extremamente verdadeira. Na peça, fico de peito aberto e rasgado diante disso”, confessa Werner.

Há uma obra de arte, pintada em uma grande tela, que fará parte do fundo de palco do espetáculo. As cores e o fluxo da obra remetem a algo aquático e também de vegetação. “Pensei no personagem, na sensibilidade das descobertas dele. Então produzi um cenário abstrato para que o espectador fosse descobrindo aos poucos, junto com a luz, que tratam-se de árvores, floresta, próximo a um rio, a uma horta. Gosto que as pessoas tenham várias interpretações. O fundo tem nuances que ora lembram água, ora lembram mato, tem profundidade, é possível fugir dentro daquela imagem. Trabalhei muita textura, com raízes têxteis, com reciclados”, explica Tânia Oliveira, que é responsável pela cenografia e figurino. Quem assina a trilha sonora do espetáculo é Hique Gomez.

Inspirações

A dupla gaúcha teve como inspiração para a montagem da obra teatral três obras literárias importantíssimas: Carta ao Pai (Franz Kafka); Minha Luta 1 – A Morte do Pai (Karl Ove Knausgård); A Terceira Margem do Rio (Guimarães Rosa). As três obras literárias são citadas ao longo da montagem e auxiliam na textura e correspondência à exibição. Em um claro questionamento sobre a masculinidade e as relações estabelecidas que estruturam o machismo, o texto versa, sobretudo sobre o amor entre pai e filho e os recomeços necessários propostos pela vida.

Bob Bahlis

Otávio Bahlis tornou-se Bob no início dos anos de 1990, inicialmente como personagem de Bob Pop Show, depois virou nome artístico. Ator, diretor, dramaturgo, radialista, produtor, professor e jornalista são algumas de suas categorias profissionais. Mas, Bob quer mesmo é contar histórias, suas e de diferentes autores. Assim foi com Dez (quase) amores, primeira obra literária de Claudia Tajes e De volta para a garagem, inspirada em Pode ser só o leiteiro lá fora, de Caio Fernando Abreu ou Coração de Búfalo, musical com Carlinhos Carneiro, vocalista da banda Bidê ou Balde. Atualmente, está em cartaz com o espetáculo Velha D+.

Werner Schünemann

É ator, cineasta e historiador. A carreira começou no teatro até chegar ao audiovisual como ator, diretor e roteirista. Coleciona prêmios por sua atuação no cinema, televisão e teatro. Tornou-se nacionalmente conhecido por sua participação na minissérie A Casa das Sete Mulheres (2003) da Rede Globo. Desde lá, integrou elencos televisivos de novelas e séries em diferentes emissoras, sem nunca abandonar os palcos e a Sétima Arte.

Nasceu em Porto Alegre, mas foi criado entre Novo Hamburgo e São Leopoldo.  Apaixonou-se pelos palcos aos 15 anos, primeiramente na escola e depois no Grupo Faltou o João. Integrou o grupo Vende-se Sonhos e a turma do Super-8, com jovens cineastas de Porto Alegre. Foi ator em Deu Pra Ti Anos 70, Verdes Anos e Inverno. Formado em História pela UFRGS, também foi professor desta disciplina. A partir de 2021, passou a se aventurar na literatura e lançou Alice deve estar viva, seu romance de estreia.

Ficha Técnica:

O Espantalho

Elenco: Werner Schünemann

Direção: Bob Bahlis

Texto inicial: Bob Bahlis

Texto final: Werner Schünemann e Bob Bahlis
Produção: Ivana Dalle

Cenografia e figurino: Tânia Oliveira

Trilha sonora: Hique Gomez

Luz: Marga Ferreira

Som: Haik Khatchirian

Assessoria de Imprensa e mídia social: Janine Ponte

Instagram: @oespantalhonoteatro

Serviço
O Espantalho
De 26 a 27 de setembro
Terça-feira, 20h

Quarta-feira, 19h
Theatro Treze de Maio (Praça Saldanha Marinho, S/N)

Ingressos à venda na bilheteria do teatro ou pela plataforma Sympla.

Informações no horário da tarde, nos contatos (55) 3028-6245 ou 3028-0909.

Ingressos:

Público geral: R$ 140,00

Meia-entrada: R$ 70,00 (desconto para idosos e estudantes)

Sócios do Apoio Theatro: R$ 100,00 (venda direto na bilheteria)

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