Por Maiquel Rosauro
Os vereadores de Santa Maria aprovaram, nesta terça-feira (10), em sessão extraordinária, o reajuste de 14,95% aos professores municipais, retroativo a janeiro. Também foi aprovado reajuste de 5,79% aos servidores do Executivo e do Legislativo, e para os entes políticos (prefeito, vice-prefeito, secretários e os próprios parlamentares).
Os projetos, de autoria da Prefeitura, foram protocolados na Câmara na segunda-feira (9) e tiveram uma tramitação rápida, com pareceres emitidos em cerca de 24 horas.
“Queremos e desejamos que a Prefeitura e a Câmara de Vereadores paguem ainda neste mês. Dia 28 de outubro é o Dia do Servidor, então, nada mais justo que os servidores recebam essa revisão anual e o piso dos professores retroativo a março no dia 28”, disse o vereador Alexandre Vargas (Republicanos), líder do governo na Câmara.
Nas galerias, dezenas de servidores e professores municipais acompanharam as votações das propostas. Os projetos foram aprovados por unanimidade pelos 19 vereadores presentes na sessão.
Cristo justiceiro
Durante a sessão ordinária, enfim a vereadora Roberta Pereira Leitão (PP) colocou em votação o projeto de sua autoria que cria o Dia Municipal do Cristão, a ser comemorado na última semana de dezembro. Há semanas a matéria estava em vias de ser votada, mas sempre acabava sendo adiada por sua autora.
A votação foi precedida por uma longa discussão sobre religião, com direito a dois discursos de Roberta – sendo que o segundo foi praticamente uma pregação com direito a terço na mão.
“Cristo não veio trazer a paz, ele trouxe a espada na busca da sua justiça, na justiça de Deus”, disse Roberta, que chamou a teologia da libertação de anticristo e ainda realizou críticas ao Partido dos Trabalhadores, socialismo, comunismo e a esquerda.
A iniciativa recebeu 16 votos favoráveis e três contrários. Votaram contra os vereadores petistas Valdir Oliveira, Helen Cabral e Marina Callegaro, que alegaram no microfone de aparte que votaram contra devido ao discurso polêmico de Roberta.
Oxalá na Câmara
Na noite de segunda-feira (9), ocorreu no Plenário da Câmara o Ato Solene de Fé às Religiões de Matriz Africana. O evento contou com a anuência da Comissão de Educação do Parlamento, contando com a participação das vereadoras Helen Cabral e Luci Duartes – Tia da Moto (PDT).
“Ontem (segunda-feira), nesta Casa, fizemos o primeiro Ato Solene de Fé às Religiões de Matriz Africana. Pela primeira vez na história desta Casa, Oxalá entrou nesta Casa”, disse Helen na tribuna enquanto discutia o projeto de Roberta Leitão sobre o Dia do Cristão.
Abaixo, confira as imagens da celebração religiosa realizada no Plenário, com a entrada de Oxalá no Parlamento:
Assunto do dia
O evento das religiões de matriz africana foi o assunto mais debatido dos bastidores da Câmara, nesta terça-feira. O ato gerou um grande desgaste, com inúmeras críticas, tanto de vereadores que não gostaram de ver o Plenário ser usado para um ato religioso quanto de segmentos de outras religiões que jamais ganharam o mesmo espaço na história do Parlamento.
Há também críticas ao fato de a Comissão de Educação ter sido usada para dar espaço à celebração religiosa e pelo convite do evento colocar Helen Cabral como protagonista do ato.
Causou mal-estar a história das religiões de matriz africana? Mas, a postura fundamentalista de Roberta Leitão não causa indignação?
Uma coisa que precisa ser dita, inclusive por um jornalismo isento, é que a Câmara está tomada por uma bancada evangélica que acha que, uma instituição que deveria se caracterizar pela laicidade, tem que ser apenas para eles e seus valores de um evangelismo que namora com o fundamentalismo medieval.
Primeiro, parabenizar a vereadora Helen Cabral (PT) pela iniciativa que trazer a questão da religiosidade das matrizes africanas, que são muitas vezes discriminadas, principalmente por algumas igrejas pseudo-pentecostais.
Segundo, eu como Municipário de Santa Maria há 27 anos, me sinto com vergonha e revoltado com o Sindicato Pelego dos Municipários, que além de não ter transparência, democracia e vive na obscuridade, não faz nenhum luta para e com a categoria por reajuste salarial e melhores condições de trabalho para nós Municipários. A vergonha que temos que sempre ir na carona do bravo e combativo Sindicato dos Professores Municipais, que minha mãe é filiada. Nossa categoria está cansada deste descaso. Chega! Porque não entregam seus cargos?