SEDUFSM, anos de luta – por Orlando Fonseca
Sábado à noite, foi o momento para a seção sindical do ANDES-SN celebrar os seus 34 anos e, ao mesmo tempo, reunir professores e professoras em torno de sua data comemorativa. Ao mesmo tempo, lembrar aos associados que a categoria forma uma classe de trabalhadores em uma área crucial para o desenvolvimento do país: a educação. E nada melhor do que reunir em um mesmo espaço várias gerações de docentes da UFSM, ao som de uma banda alegre e competente, em um ambiente festivo e preparado para a festa (Espaço Floratta). Foi uma ocasião para levarmos em nossas mentes e corações que, corporativismo, pode ser feito com alegria e leveza, para além das pautas sobre condições de trabalho e defesa da universidade pública. E isso a um tempo em que o presidente dos EUA dá uma mostra de que o sindicalismo não é atraso, que um empresário australiano tem de pedir desculpas pelas bobagens ditas contra os trabalhadores, e os presidentes brasileiro e americano firmam um pacto global pela defesa do trabalho. A narrativa sobre o triunfalismo do capital não é hegemônica, ainda que os comentaristas na mídia queiram nos dar esta impressão.
Tendo ingressado como professor na UFSM em 1984, tive oportunidade de participar do movimento docente desde aquele tempo de mudanças no País. Foram anos de luta pela consolidação de um plano de carreira, fazendo frente aos sucessivos planos de modificar a estrutura da universidade pública e gratuita. Com a Constituição de 1988, que abria a possibilidade de sindicalização aos servidores públicos, participei desde as primeiras reuniões para constituir, em 1989, a SEDUFSM. Por uma coincidência histórica, aliou-se à luta dos trabalhadores da educação a disputa pela narrativa que se seguiu à Queda do Muro de Berlim.
Vivíamos, à época, a ilusão de que o mercado se autorregularia, trazendo não apenas a prosperidade às nações, mas também a felicidade geral. Eram os efeitos do conhecido Consenso de Washington, assinado, em 1985, por líderes mundiais como Ronald Reagan e Margareth Tatcher, inaugurando o que ficaria conhecido como o neoliberalismo. Parecia a muita gente que os discurso sindical, mesmo em um meio altamente crítico como a comunidade acadêmica, era contrário à modernidade na economia e nas relações de trabalho. Não precisamos ir longe para ver os malefícios que o neoliberalismo fez nas economias mundiais (como a quebradeira geral de 2008), basta que se observe o que aconteceu na economia chilena e o que tem sido feito hoje para recuperar um país com graves crises sociais.
Ainda que para alguns a ideia de defender a corporação dos trabalhadores é anacrônica, é bom apontar para o que os noticiários internacionais têm apresentado (a grande imprensa brasileira não dá espaço). Há duas semana, Joe Biden se tornou o primeiro presidente dos EUA a se juntar a um piquete de grevistas. Ele não apenas ficou ao lado dos membros do United Auto Workers (UAW), sindicato de trabalhadores do setor automotivo, no estado do Michigan, mas também, de megafone em punho, defendeu a atuação e organização dos trabalhadores com seus sindicatos. No início de setembro, juntamente com o presidente Lula, lançaram um documento batizado de “Coalizão Global pelo Trabalho”, no qual defendem a liberdade sindical, garantias aos trabalhadores por aplicativo, entre outras medidas. Ainda no dia 14 de setembro, um milionário australiano, do setor imobiliário, teve de vir a público pedir desculpas depois de sugerir que o desemprego deveria aumentar para lembrar aos trabalhadores “arrogantes” sobre o seu lugar. Ele foi forçado a se retratar após reações adversas na internet mundo afora, e de manifestações de políticos locais e internacionais. Ele se “esqueceu” de que a economia gira não apenas em torno dos altos lucros de CEOs sem noção.
Mais do que nunca, é preciso que se fortaleçam as relações entre trabalhadores da educação no Brasil, para recuperar os anos perdidos com a total ausência de uma política pública para o setor. O último governo foi desastroso para a ciência e a tecnologia, deixou de realizar importantes ações pela recuperação de alunos do ensino básico afetados pela pandemia da Covid 19. Contra o negacionismo, a união de todos por um projeto consistente para o ensino da próxima década. Algo que a SEDUFSM tem experiência e disposição renovada para contribuir positivamente, como tem feito há mais de três décadas.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela Da noite para o dia.
Sindicatos anacronicos? O dos escritores em Hollywood (que é uma guilda) conseguiu uma convenção razoavel. Regulou provisoriamente até o uso de inteligencia artificial. Agora de manha a TV5 noticiava paralização da Audi na Belgica. Transição para automoveis hibridos (e depois eletricos) dentre outras coisas diminuiu a demanda. Novas gerações preferem aplicativos, não ‘sonham’ em ter carros. Sem postos de trabalho não há sindicatos. No que os vermelhos falam em ‘renda minima universal’. Problema é que não da para atender 50 ou 60% da população deste jeito. A conta não fecha. Sistema de saude publico e de assistencia social britanico esta fazendo agua. Na Suecia estao para convocar o exercito para ajudar a policia no combate as gangues (fonte BBC). Até assassinato a bomba está rolando. Como diz o filosofo, e la nave va.
Reminiscencias são papos de velho (não é etarismo, é caracteristica) e o governo anterior já acabou. Mas cabe lembrar que Andrade, atual Taxad, aumentou o ‘investimento’ em educação e o pais despencou no ranking do PISA. Simone Establishment, que até prova em contrario não se elege nem sindica de edificio, afirmou que é mais facil tentar arrecadar mais do que cortar gastos (batec* e passeios no exterior não são baratos).
‘[…] garantias aos trabalhadores por aplicativo,[…]’. Cascata. Querem ‘regulamentar’, taxar até não poder mais porque para financiar o ‘batec*’ do Ministerio da Saude não sai barato. Alas, aquilo é a ponta do iceberg (sem trocadilho), imagine-se o que mais sai. Dinheiro publico que entra na rubrica da saude. Alas, noutra semana ZH da Rede BullShit fez uma reportagem sobre aplicativos. O entrevistado era um advogado (teoricamente profissional liberal) que complementava a renda com aplicativo. Tatica velha, criam a ‘imagem artificial adequada de um motorista de aplicativo’ para tentar passar legislação que se adeque a ideologia. Parlamentares apoiam por ganharem uma ‘beirada’ também. Simples assim.
Problema do Chile é simples. É uma tripa de terra majoritariamente deserto. Tem a oferecer minerio (cobre principalmente; que andava com preço baixo), salmão/pesca e vinho. Podem fazer duzentas reuniões e trezentas constituições, isto não muda. Alas, quiseram passar uma constituição a la Allende e foi rejeitada pela população.
‘[…] aliou-se à luta dos trabalhadores da educação a disputa pela narrativa que se seguiu à Queda do Muro de Berlim.’ Não existe ‘disputa de narrativa’. O socialismo/comunismo deu errado e implodiu. Deu errado em Cuba, deu errado na Venezuela. Na China até antes já havia movimentação, Deng Xiaoping acabou com a agricultura coletivizada, estatais ineficientes foram fechadas (resultando desemprego) e ‘zonas economicas especiais’ foram criadas. Primeiro passo para o que se ve hoje. Chineses mudaram de constituição em 1982, antes da queda do muro em 89. Vermelhos tem dificuldade em assimilar, obvio, narrativas não mudam os fatos. ‘[…] narrativa sobre o triunfalismo do capital não é hegemônica […]’ só prova que ainda existem vermelhos que não aceitam a realidade. Não que ‘o capital’ tenha dado certo, mas que a historia foi adiante e as coisas mudaram. Alas, China virou um capitalismo de Estado na economia e a ditadura de um partido na politica. Este barco esta fazendo agua.
‘[…] os presidentes brasileiro e americano firmam um pacto global pela defesa do trabalho’. Global? São plenipotenciarios sobre o globo? Nos EUA existe leis federais a respeito do trabalho. Estaduais também. Vinte e seis estados tem legislação proibindo sindicatos de assinarem convenções coletivas obrigando os não sindicalizados a pagar contribuições sindicais. A grande cascata aqui é omitir que os EUA são uma federação e que o ‘pacto’ por la foi para o arquivo circular, vulgo cestinha do lixo.
Não tomei conhecimento do caso do empresario australiano. Também não interessa, por que deveria?
‘[…] o presidente dos EUA dá uma mostra de que o sindicalismo não é atraso […]’. Presidente que precisava pagar o apoio na sua eleição e vai precisar do voto na possivel tentativa de reeleição. Sindicalismo esta em certa evidencia. STF reviveu a contribuição sindical, trabalhadores terão que sustentar parasitas novamente. Alas, Barroso, o magnifico iluminista, ‘Agora, se o beneficiário ingratamente não quiser pagar, ele pode dizer que não quer’. Defendeu ‘sindicatos fortes e com fonte de custeio’ como se parlamentar fosse.
UFSM teve a controversia do pedido de informações sobre a existencia de pesquisadores israelenses na instiuição. Ainda em 2014 a propria instituição divulgou ‘Sedufsm engajada no ato em solidariedade a palestinos no próximo sábado’. ‘A Seção Sindical dos Docentes da UFSM (Sedufsm) participa no próximo sábado (26), a partir das 10h, na praça Saldanha Marinho, do Ato em Solidariedade ao Povo Palestino de Gaza’. Não estavam sozinhos. DCE, Bloco de Lutas de Santa Maria, o Movimento Santa Maria do Luto à Luta, Grupo de Apoio aos Povos Indígenas (Gapin), Movimento Sem Terra (MST) e Partido Pátria Livre (PPL). Fato. Questão toda é utilizar o nome da instituição para defender bandeiras politicas de um grupelho que se acha dono. Não é necessario lembrar quem era o reitor na epoca, fica para quando ele vier pedir votos.
‘[…] para além das pautas sobre condições de trabalho e defesa da universidade pública.’. Greves na decada de 80 e 90, não foram poucas, eram sempre por ‘melhores salarios e condições de trabalho’. Aparecia o ‘faz-me-rir’ e as condições de trabalho ficavam para depois, até porque ‘trabalhar’ é coisa da Globo para a grande maioria. Grande problema é que os servidores e professores se escondem atras da instituição, ‘defesa da universidade publica’ é defesa dos proprios interesses. Seja na carreira, seja nos salarios, seja nos predios (reitorar é construir predios). Qualquer critica aos evidentes problemas é ‘um ataque a universidade publica’. Acompanhada de meias verdades ou mentiras. Numero varia, mas sempre aparece um ‘80% (ou 90%) da pesquisa cientifica é feita nas universidades publicas’. Olhando a estatistica descobre-se que é o sistema estadual paulista que contribui com a maior parte. Alem disto a ‘pesquisa cientifica’ é irrelevante e inclui jornalismo, direito, etc. Ou seja, estéril.
Hummm…. ‘[…] para levarmos em nossas mentes e corações […]’. Citação de uma frase de Lyndon Johnson no contexto da guerra do Vietnam, também conhecida como Segunda Guerra da Indochina. Na Terceira a China invadiu o Vietnam porque este tinha adentrado o Cambodja. EUA et caterva apoiaram o Cambodja, o mesmo dos ‘killing fields’, do genocidio. Hipocrisia sempre entra na conta.