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Dúvida. Deve a mídia crer sempre na polícia? E se estiver errada? Ou, pior, mal-intencionada?

Respondo imediatamente as perguntas do título: não, não deve. Aliás, não deve acreditar nunca. Ou, por outra, precisa duvidar sempre. E nada há, nessa idéia, sentimento contrário à atividade policial. Nada disso. Aliás, até prova em contrário, o trabalho é íntegro e correto.

 

A questão não é essa: a mídia não é polícia. Simples assim. Embora a realidade tenha nos mostrado que a confusão é grande. De um lado, uma mídia ávida pelo sensacionalismo, embarcando em tudo quanto é canoa, mesmo as furadas. De outro, representantes policiais (obviamente, uma minoria) maluquinhos por notoriedade. E está feito o forrobodó. Com dois claros prejudicados: os indiciados ou suspeitos ou mesmo réus, que podem (por que não) ser inocentes; e a própria sociedade, que não é informada adequadamente. Isso quando não é redondamente enganada.

 

A propósito, e sem outro intuito que não apenas levar o distinto público a pensar um pouquinho, dê uma lida na reportagem publicada pela revista Consultor Jurídico. Sem fazer juízo de valor, que não é o caso, digamos que é bastante reveladora do perigo de acreditar sempre, como tem sido a regra, na nossa mídia. Confira:

 

“Diálogo fantasma – Grampo que não existe virou notícia na TV, diz Carreira Alvim

 

Aquela idéia sua…, a parte em dinheiro, tá?. O bordão que remete a atitudes suspeitas, seria trecho da conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal na Operação Hurricane que serviu tanto para colorir a narrativa jornalística da Operação como para justificar o decreto de prisão do desembargador José Eduardo Carreira Alvim, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região. Só há um senão, segundo o próprio desembargador: o dialogo entre Carreira Alvim e seu genro Silvério Cabral Júnior, na verdade, nunca existiu.

 

O desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (RJ e ES), foi preso na Operação Hurricane no dia 13 de abril do ano passado. Ele passou nove dias na cadeia sob a acusação de negociar decisões judiciais a favor de operadores do jogo ilegal no Rio de Janeiro. A operação causou grande abalo no Judiciário ao envolver, entre outros, um ministro do STJ, outro desembargador do TRF-2, um juiz do trabalho e um procurador da República.

 

No dia 18 de abril de 2007, telejornais da TV Globo divulgaram telefonema em que Carreira Alvim dizia: “Aquela idéia sua…, a parte em dinheiro, tá?”. Do outro lado da linha, o seu genro responde: “Não, pode deixar. Já tá tudo na cabeça, já, aqui. Pode deixar, tá?”.

 

Segundo o desembargador, a conversa divulgada na televisão não existe. Ela foi plantada pela PF, diz. Carreira Alvim afirma que nunca conversou com o seu genro sobre esses processos. “É uma montagem de palavras isoladas, fora do verdadeiro contesto”, explica. Para ele, a ligação deveria referir-se a um encontro em Buenos Aires. Em junho, ele lançará o livro Operação Hurricane; Um juiz no olho do furacão contando a sua versão da história.

 

A versão do desembargador é ratificada pelo perito especialista em fonética forense Ricardo Molina, da Unicamp. Em depoimento à CPI dos Grampos, no dia 8 de maio, o perito diz que a fala não consta nas interceptações. Segundo Molina, Carreira Alvim foi grampeado pela PF por dois anos e meio. Nesse período foram…”

 

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da reportagem “Diálogo fantasma – Grampo que não existe virou notícia na TV, diz Carreira Alvim”, de Daniel Roncaglia, na revista Consultor Jurídico.

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