Por José Mauro Batista / Editor do site Paralelo 29
Uma polêmica religiosa se instalou na Câmara de Vereadores de Santa Maria e foi parar na Polícia. Vereador mais votado nas últimas eleições, Alexandre Vargas (Republicanos), que é evangélico, convocou pastores para uma espécie de “limpeza” na Casa do Povo após uma homenagem a cultos afros. Ele nega.
Além de notas e manifestações de repúdio em redes sociais, entidades e ativistas registraram um Boletim de Ocorrência (BO) por intolerância religiosa contra o vereador na Polícia Civil,
O culto evangélico foi realizado no Plenário da Câmara, em 31 de outubro, em alusão à Reforma Protestante, que teria servido de pretexto para a “limpeza” de um ritual feito na Casa durante homenagem a cultos afros, em 9 de outubro.
A questão é que o evento evangélico ocorreu após a convocação de Vargas como uma espécie de resposta à homenagem a cultos afros, em 9 de outubro, a pedido da vereadora Helen Cabral (PT) e que contou com a participação da também vereadora Luci Duartes, Tia da Moto (PDT).
O evento de cultos africanos, também realizado no plenário da Câmara, recebeu o nome de Ato Solene de Fé às Religiões de Matriz Africana.
Duas manifestações religiosas registradas em fotos e vídeos
Em vídeo, integrantes de religiões de matriz africana vestidos com roupas típicas cantam um ponto (canção executada em rituais de Umbanda e Candomblé, entre outros) ao som de tambores. Também houve apresentação de capoeira.
O culto evangélico também foi gravado e mostra discursos e pastores ajoelhados. Na plateia, fiéis que lotaram a casa entoam cantos de louvor e oram como ocorre nos templos evangélicos.
“Estamos aqui para estabelecer o reino, a presença de Deus dentro desta casa”, diz o pastor Marcelo do Carmo, da Igreja Batista Betel, e presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos de Santa Maria (Omesm).
No vídeo, o locutor narra que os pastores “consagraram e abençoaram o Parlamento santa-mariense”, comentando a imagem de evangélicos ajoelhados.
Ativistas vazaram áudio de vereador
O vazamento de um áudio em que Alexandre Vargas convoca os pastores ocorreu por meio das redes sociais do ativista e influenciador Luiz Henrique Oliveira, conhecido como Barbudinho.
A postagem foi feita na noite de quarta-feira (22) e comentada por Barbudinho como “mais um caso de intolerância religiosa”.
Em seguida, outro influenciador e ativista do Movimento Negro, Gustavo Rocha, conhecido como AfroGuga, repercutiu o áudio em suas redes sociais. As postagens de Barbudinho e AfroGuga receberam milhares de curtidas e dezenas de comentários.
“Nunca fui intolerante e nunca serei”, diz vereador
Procurado pelo paralelo29.com.br, o vereador Alexandre Vargas, que é da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), disse ter recebido o vídeo com o evento afro e afirmou que “não há nenhum problema”, ressaltando em seguida: “Só que temos direitos iguais, se eles podem, outras religiões também podem”.
“Nunca fui intolerante e nunca serei. Mas se um pode, todas as religiões podem, portanto”, reiterou Vargas na conversa por WhatsApp com o paralelo29.com.br.
Questionado sobre o fato dele dizer aos pastores que as pessoas “ficaram assustadas”, o vereador respondeu: “Não posso, agora, mandar nos sentimentos das pessoas”.
“Discurso de ódio”, diz umbandista
Em nota assinada em nome do Centro de Umbanda João Batista, que fica na Vila Carolina, zona Norte de Santa Maria, Thomaz G. de Almeida, repudia a postura do vereador.
“Hoje o dia amanheceu triste para mim. Ao acordar percebi nas redes sociais um áudio circulando a cerca de uma fala muito infeliz de um determinado político de nossa cidade. No referido áudio essa pessoa faz um movimento intolerante e racista, com discurso de ódio em razão da Câmara de Vereadores ter sido utilizada por irmãos que não professam a mesma religião que a sua. Nitidamente essa pessoa convida seus seguidores para que façam uma consagração da Câmara com intuito de limpar o local do mal deixado devido a ocupação por pessoas que professam um culto diferente do seu”, diz a nota.
Vereadora também criticou colega
A vereadora Helen Cabral disse ao paralelo29.com.br que representantes de cultos afros pediram para usar a Tribuna Livre da Câmara de Vereadores na próxima quinta-feira (30), às 15h.
Em vídeo publicado em suas redes sociais, Helen diz que ao tomar conhecimento do áudio do vereador, “ficou surpresa” com “declarações preconceituosas que beiram à intolerância religiosa”. Assista aqui.
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(*) Esse material foi publicado com a autorização do editor do Paralelo 29, dentro do acordo de parceria que une os dois sites.
os ubamdistas não fizeram sessão no Plenário da Câmara de Vereadores. Eles foram homenageados. Enquanto o vereadores e seus amigos da Igreja Universal fizeram um culto falando mal de outras religiões e diziam “tirar o demônio da Câmara”. demônio é quem usa a fé do povo para fins políticos partidários e financeiros. O vereador deve ser encaminhado para Comissão de Ética e ter mandato cassado.
Polemica nenhuma. Completamente irrelevante. Espantalho para desviar atençao do principal. Tudo isto daí se resume em busca de votos. Alas, Afroguga e Barbudinho já foram candidatos, não espantaria aparecerem na nominata de algum partido ano que vem. Resumo da opera é que nada disto tapa um buraco na rua ou telhado de escola da urb. Não cria mais leitos nas unidades de saude. Não diminui fila de consultas ou procedimentos. Problemas que atingem todos, sem discriminação. Santa Maria tem politicos de cidade pequena interiorana.