CPI do Detran.Depoimento de Busatto avançou pela madrugada. Delson Martini será ouvido quinta
Terminou no meio da madrugada o depoimento de Cezar Busatto, ex-Chefe da Casa Civil do Governo do Estado, aos integrantes da CPI do Detran, na Assembléia Legislativa. Aliás, uma sessão bastante concorrida – além dos integrantes da comissão, vários outros parlamentares assistiram e fizeram seus questionamentos.
Na mesma reunião, foi confirmado o depoimento também do ex-Secretário Geral de Governo, Delson Martini. Ele será ouvido pelos deputados na reunião marcada para a próxima quinta-feira. Martini foi citado em várias escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal.
Para saber mais, especialmente do que disse Busatto aos parlamentares, confira o material distribuído à imprensa pela Agência de Notícias do parlamento gaúcho. O texto é de Marinella Peruzzo, com a colaboração de Roberta Amaral. A foto é de Marcos Eifler. A seguir:
Deputados ouvem ex-Chefe da Casa Civil e fecham acordo para chamar Martini
Por mais de 12 horas, os integrantes da CPI do Detran ouviram, nesta segunda-feira (9) e na madrugada de terça (10), o ex-chefe da Casa Civil Cézar Busatto, exonerado no sábado passado. “Foi difícil no começo, eu estava bastante tenso e um pouco emocionado, mas, ao longo da sessão, fui me sentindo mais à vontade e tive uma satisfação muito grande em alguns momentos”, disse Busatto, destacando como bonitos os debates travados com os deputados Raul Pont, Adão Villaverde e Ronaldo Zülke e as manifestações de carinho de ex-colegas de todas as bancadas. “Acho que foi uma sessão histórica”, declarou.
O presidente da CPI, Fabiano Pereira (PT), disse que o depoimento ofereceu algumas pistas à CPI, uma vez que o depoente afirmou acreditar que parte dos valores desviados do Detran possa ter sido utilizado em financiamentos eleitorais e estruturas partidárias. “Essa revelação é importante, mas, do meu ponto de vista, existia uma operação de abafamento da CPI do Detran, de uma eventual CPI do Banrisul e toda uma lógica de proteção a pessoas do governo que ficou muito evidente por este depoimento”.
Para o relator da Comissão, deputado Adilson Troca (PSDB), o ex-chefe da Casa Civil prestou um depoimento esclarecedor e merece respeito por sua ética, honradez e capacidade. “Lamentavelmente, ele foi envolvido numa armação política, mas não há dúvida quanto ao seu caráter”.
Os integrantes da Comissão aceitaram proposta do relator para que o ex-secretário de Governo Delson Martini seja ouvido a partir de quinta-feira (12).
Cézar Busatto
Em seu depoimento, o ex-chefe da Casa Civil Cézar Busatto disse que há suspeitas muito fortes de que tenha havido desvios no Detran e que cabe à CPI apurar a licitude ou a ilicitude de atividades político-partidárias relacionadas à autarquia. Busatto foi exonerado no sábado (7), um dia depois de o vice-governador do Estado, Paulo Feijó, tornar público o conteúdo de uma gravação em que ex-chefe da Casa Civil afirmava que o Banrisul, o Detran e o Daer são fontes de financiamento de campanhas eleitorais.
O depoente pediu que fosse divulgada a totalidade da conversa gravada que provocou a sua saída do governo. De uma hora de gravação, foram divulgados pelo vice-governador apenas 22 minutos. O texto integral, argumentou, mostraria aspectos importantes da conversa, como a defesa que ele teria feito da idéia de financiamento público de campanha. Enquanto depunha, porém, Busatto foi informado de que Feijó havia apagado o restante do diálogo por não considerá-lo de interesse público. Segundo Busatto, foram pinçados somente os elementos que convinham ao vice-governador. No trecho apagado, disse, era Feijó quem falava a maior parte do tempo.
O deputado Marquinho Lang (DEM) leu a declaração feita nesta tarde pelo vice-governador sobre o episódio: “É preciso esclarecer que não foi uma visita amistosa e conciliadora, foi mais uma tentativa de me calar”, disse Feijó. “Para quem ouviu a conversa está muito claro o que estava sendo posto. Era para me cooptar para dentro de um sistema que a sociedade de bem não aceita”. O vice-governador disse que a gravação não foi editada, que divulgou o material para se proteger e que são conhecidas as tentativas que fez, sem resultado, para que fossem apuradas as irregularidades no Banrisul na gestão de Fernando Lemos.
Facada pelas costas
Busatto disse que não veio à Comissão para se defender, uma vez que não está sendo acusado de ato ilícito. “Não há nada de que me arrependa nas palavras que proferi. E as proferi sem saber que elas estavam sendo gravadas e se tornariam públicas para milhões de gaúchos”, afirmou. “Fui vítima de uma traição. Recebi uma facada pelas costas, mas sobrevivi e hoje me sinto mais forte”. Estabelecendo diferenças entre conversas públicas e privadas, disse que falou “sem preocupação com a precisão da linguagem”, enquanto seu interlocutor preparava uma tocaia. “Fui impreciso e, com isso, dei margem a mal-entendidos quando me referi a financiamento de partidos políticos”.
Disse que há várias formas legais e lícitas de financiamento de partidos políticos, mas que seria hipócrita se não considerasse que o atual modelo dá margem a distorções. “Não há como democratizar a política sem enfrentarmos com coragem a questão do financiamento de campanha e o loteamento de cargos nos órgãos públicos”. Segundo ele, os…
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