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Ana Justina Ferreira Nery (1814-1880) – por Elen Biguelini

Ana Néri (ou Anna Nery) é considerada a primeira enfermeira brasileira e recebeu o título de “Mãe dos Brasileiros” devido a sua atuação na Guerra do Paraguai, em poema de Rozendo Muniz Barreto. Ela nasceu na vila de Cachoeira do Paraguaçu, na Bahia, em 13 de dezembro de 1814, filha de José Ferreira de Jesus e Luísa Maria das Virgens Ferreira. Foi batizada em 25 de março de 1815 (Cardoso, Miranda: 1999; 340). Foi irmã de Joaquim Mauricio Ferreira e de Manoel Jeronimo Ferreira.

Foi casada com o português Isidoro Antônio Nery (1800-1844), em 1837, com quem teve 3 filhos. Nota-se que encontramos o registro de casamento como datado de janeiro de 1844, no Rio de Janeiro, mas é possível que tenham casado perante a igreja antes. Seu marido era capitão-de-fragata da Marinha, razão pela qual ele passava a maior parte do tempo no mar, deixando a sua esposa o cuidado da casa. O marido faleceu quando eram casados há apenas cinco ou seis anos, em 5 de julho de 1844 (Cardoso, Miranda: 1999; 341). Assim, tornou-se a chefe da família. A casa onde morou com a família foi tombada pelo patrimônio histórico e, atualmente, é conhecido como Museu Hansen Bahia.

Com o falecimento precoce do marido, criou sozinha os três filhos, Pedro Antônio Néri, Isidoro Antônio Neri Filho e Justiniano de Castro Rebelo. Os últimos dois foram médicos.

Seus filhos participaram da Guerra do Paraguai, assim como seus irmão. Vendo-se separada deles, a enfermeira pediu ao presidente da província que pudesse servir como enfermeira na guerra, acompanhando seus irmãos e filhos. Ela conseguiu a permissão para curar os feridos, o que fez durante toda a campanha. Seu filho Justiniano faleceu durante a guerra. Após o final da campanha em 1870, cinco anos após ter partido de Salvador com permissão do Presidente da Província, Ana Néri retornou com três órfãos de guerra.

Recebeu, por sua atuação, uma medalha de prata “Geral de Campanha” e uma “Medalha Humanitária de Primeira Classe”, além de uma pensão vitalícia. Por ordem de D. Pedro II.

Faleceu no Rio de Janeiro no dia 20 de maio de 1880, aos 64 anos de idade.

Em sua homenagem, foi decretado por Getúlio Vargas o dia do enfermeiro, que passou a ser celebrado em 12 de maio.

Em 2009, entrou para o “Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria”.

Obra
“Às Brasileiras.”. sl. 1932.. (Nota-se que este título aparece no Catálogo da Fundação Biblioteca Nacional, mas não o encontramos. Devido a data, ou se refira a um texto publicado postumamente, possivelmente a carta em si, ou haja um equívoco na catalogação quanto a data do texto).

Carta ao Presidente da Província da Bahia, Manuel Pinto de Souza Dantas, publicada pelo periódico “Diário da Bahia” em 11de agosto de 1865 (Cardoso, Miranda: 1999; 341)

Referências:
Registro de casamento. “Brasil, Rio de Janeiro, Registros da Igreja Católica, 1616-1980”, , FamilySearch (https://www.familysearch.org/ark:/61903/1:1:6X8N-JPD9: Tue Dec 12 19:30:56 UTC 2023), Entry for Isidoro Antonio Neri and Leidoro Felippe, 27 Jan 1844.
Ana Neri, na wikipedia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ana_N%C3%A9ri
Cardoso, Maria Manuela Vila Nova; Miranda, Cristina Maria Loyola. “Anna Justina Ferreira Nery: um marco na história da enfermagem brasileira”. Revista Brasileira de Enfermagem. Número 52, 1999. Acesso via: https://www.scielo.br/j/reben/a/ddpnDYNgkMnfh6RCptszCnN/#ModalDownloads
Cavalcanti, João Cruvello. “A família Nery e a Guerra do Paraguay”. No Periódico “Diário do Rio de Janeiro” de 21 de dezembro de 1869, 3.
Frazão, Dilva. “Ana Néri. Enfermeira brasileira”. Acesso via: https://www.ebiografia.com/ana_neri/

(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.

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