Por José Mauro Batista / Editor do site Paralelo 29
Gaudério, brincalhão, contador de histórias, piadista e tocador de milongas. Assim era o músico Ivan Moura, que morreu nesta terça-feira (23), em Santa Maria, cidade que ele adotou e que o adotou. Ivan foi o segundo músico a subir no palco da Tertúlia Musical Nativista, realizada em março de 1980.
Na época, o nativismo estava no auge, e festivais do gênero começavam a surgir, na garupa da pioneira Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana. Na primeira noite da Tertúlia, o músico José Alves Camargo, o Camarguinho, abriu o festival como concorrente.
Logo em seguida, foi a vez de Ivan, com seu violão, subir no palco da 1ª Tertúlia para defender sua música. Apesar de não levar premiação, Ivan deixou seu nome na história.
Fã de Noel Guarany
Ivan também tinha algumas composições, ora como letrista, ora como autor da melodia. Era um grande admirador do missioneiro Noel Guarany e se considerava um discípulo do cancioneiro. Ivan adorava a música nativista, sobre a milonga.
A partida de Ivan Moura para outros pagos ganhou repercussão nas redes sociais, principalmente entre músicos santa-marienses, como Beto Pires, Kiko Lemos e Jairo Silva.
“Ivan de Moura era confundido com o grande Noel pelo seu jeito gaudério e uma certa semelhança ao vestir, mas cantando dava pra ver que não se tratava do mesmo artista. O que lhe gerou o apelido de -´Não é Guarany´”, relembra Beto Pires, recordando brincadeiras no meio artístico da época.
“Um amigo de grande conhecimento e cultura, sempre preocupado com as questões sociais, um itinerante que por muitas vezes comprei o sal temperado que fazia pra ajudar no orçamento”, escreveu Beto Pires.
O cantor e radialista Jairo Silva, que chegou a gravar um CD com Ivan Moura no início dos anos 2000, noticiou um dia antes a hospitalização do amigo e antigo parceiro musical. Nesta terça, ele postou um vídeo que foi replicado por outras pessoas.
Mas não foi só o mundo nativista que homenageou Ivan Moura. O roqueiro Pylla Kroth, vocalista da lendária banda santa-mariense Fuga, também prestou sua homenagem.
Tempero nos botecos e churrasco na Avenida
Ivan era uma figura folclórica. Andava pelos botecos vendendo temperos (sal temperado), que ele mesmo preparava, segundo suas próprias palavras.
Em 20 de setembro de 2019, Dia do Gaúcho, Ivan Moura fez mais uma das suas brajeiradas gaudérias: levou uma pequena churrasqueira e assou um salsichão em plena Avenida Medianeira. De chapéu e bombacha, e com o seu inseparável violão, chamava a atenção dos passantes com a cena curiosa…”
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(*) Esse material foi publicado com a autorização do editor do Paralelo 29, dentro do acordo de parceria que une os dois sites.
Observação do Editor: conforme nota publicada na versão online do Diário de Santa Maria, o velório de Ivan Moura, ocorre na capela B do Crematório Santa Rita. A cremação do corpo está prevista para as 11 da manhã desta quarta-feira (24). A causa da morte, acrescenta o texto, não foi divulgada.
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