Bola na mão – por Orlando Fonseca
Há uma frase a que recorrem os comentaristas de futebol que começa a ganhar outras conotações em nosso país. Ao abordarem o resultado de um jogo, costumam dizer “para ser justo, o Time A teria de ser o vencedor, mas não é a justiça que manda no placar”. Já tínhamos ouvido que não há lógica neste esporte, marcado pelo imponderável, uma vez que nem sempre o time que joga melhor vence. Há mais coisas entre o campo do jogo e a nossa vã torcida, pois estão ali mais do que os 22 jogadores, os dois treinadores e suas equipes técnicas; a arbitragem, formada por um titular, dois auxiliares, outro na beira do gramado em uma turma, cercada de tecnologia, na cabine do VAR. É muita coisa, mas não o suficiente para trazer a Justiça, com a inicial maiúscula, para o terreno esportivo. Pois tem as câmeras de TV, as casas de apostas, e uma turma que não sabemos direito quem são, onde moram, como vivem. Mas estão por aí. Tudo o que não precisamos para transformar o imponderável em desastre, é que um cartola venha a público e jogue besteiras no ventilador. Mas é isso que vem acontecendo nas últimas semanas, a tal ponto que até mesmo uma CPI começa a ganhar as manchetes ao lado dos resultados das partidas.
Agora os times têm dono, lá fora e aqui no Brasil. Vai daí que o proprietário do Botafogo, diante das deficiências de seu clube, em vez de corrigir os problemas, mira na CBF e no trabalho da arbitragem. Se fosse com argumentos consistentes, até se poderia considerar com seriedade. No entanto, o que veio à tona até agora não passa das mesmas elucubrações raivosas que temos, assistindo às derrotas de nossos times do coração. Por isso é difícil dar crédito ao que John Textor tem falado na imprensa, e agora para os parlamentares, ávidos para entrar em campo, ao menos para ficar diante de holofotes e câmeras. O dirigente ainda traz os dados da emprega Good Game, baseados na observação da atitude dos jogadores, para provar que houve manipulação do resultado. Diga-se de passagem que tal pesquisa não tem tido o aval das federações pelo mundo. A CBF é parceira da Sportradar, que analisa movimentações atípicas em sites de apostas que possam indicar fraudes, o que produz um quadro com maior eficácia.
Eu também queria uma pesquisa para dizer que meu time, ou parte dele, “tirou o pé” quando devia ir com tudo para cima do adversário. Na torcida, exercemos uma descrença que vai até o final dos noventa minutos mais a prorrogação. Passamos alguns dias com a ideia na cabeça, mas não passa disso: argumento para se discutir na roda de amigos, em uma mesa de bar. Contudo, se entram em jogo Polícia Federal, Ministério Público, deputados e senadores, a cena toda muda, porque o território do jogo é aquele que apontei acima, onde não vige a lógica ou os parâmetros da justiça. Para quem torce, na ilusão propiciada pelo arrebatamento, ou pela desilusão trazida pela derrota, os fatos não falam por si, chegamos mesmo a admitir que, se a partida durasse mais uns minutos, nosso time poderia vencer, como se o tempo fosse uma dimensão jogando a nosso favor.
Antigamente, quando era “bola na mão” não havia pênalti, uma vez que “mão na bola” era uma coisa definitiva, não apenas na pelada de rua, mas também nos maiores clássicos. Hoje está cada vez mais difícil saber o que é uma coisa ou outra. No entanto, está claro também que, metendo a mão pelos pés no jogo, as complicações só têm aumentado. Inventaram-se os adendos das regras, aumentaram-se as câmeras e a equipe de arbitragem, com isso, as possibilidades de melar tudo subiu. É muito dinheiro em jogo, e a tendência a manipular resultados se torna tentação. Ou se volta ao simples, às 17 regras, os cartolas gerenciando os times apenas, os árbitros arbitrando, e as torcidas torcendo, ou o futebol deixa de ser paixão pra virar caso de polícia, e a gente vai fazer outra coisa, em vez de se entusiasmar ou se desesperar com o nosso time do coração.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela “Da noite para o dia”.
Resumo da opera é ‘se o povo diz que a vaca é malhada alguma manchinha ela tem’. Principalmente no Brasil onde a corrupção é endemica e tratada nos altos escalões como ‘mal menor’.
‘[…] o futebol deixa de ser paixão […] , e a gente vai fazer outra coisa, em vez de se entusiasmar ou se desesperar com o nosso time do coração’. Já esta acontecendo, vide Seleção Brasileira. Como a Formula 1, o volei e até o tenis, parou de amassar os outros e o interesse esvaiu. Nichou (ou está no processo de). Brasileiro gosta de ganhar, não de competir. Pior, esporte jogado na Europa não é mais o mesmo daqui. Champions League e Premier idem. Velocidade é diferente. Profissionalismo é diferente. O ‘time do coração’ tem sede a 10 mil quilometros.
Não existem soluções simples para problemas complexos. O ‘conundrum’ é que quanto mais complexa a solução maior a chance de dar errado.
CPI no futebol já aconteceu e já virou pizza. Ano eleitoral, nenhum espanto. Imprensa metendo o bedelho (se der errado ninguém foi) sugere a profissionalização dos arbitros. É a sugestão dos imbecis que olham o balanço só no lado da receita. Arbitros com publicidade na camisa, quanto mais visibilidade melhor.
Lucas Paqueta esteve enrolado na Premier League com um caso relacionado a apostas sobre numero de cartões amarelos recebidos pelo jogador. Aparentemente deu nada, mas não é o unico caso por la. Aqui no Brasil ‘corrupção no futebol é coisa da Globo’.
‘[…] analisa movimentações atípicas em sites de apostas que possam indicar fraudes [,,,]’. ‘Por fora’ ninguém aposta nada? É só nos sites? Ou seja, ‘vamos montar uma trampa e fazer apostas esdruxulas para ganhar muito dinheiro nos sites que são monitorados’. Basico, ‘não vi não existe’.
‘[…] diante das deficiências de seu clube, em vez de corrigir os problemas, mira na CBF e no trabalho da arbitragem.’ Uma coisa não anula a outra. Alas, os problemas do clube são, deixando a ‘xenofobia’ de lado, ‘consertaveis’. CBF e arbitragem são problema há decadas. Simples assim. Espantalho e desqualificação usuais.
‘[…] um cartola venha a público e jogue besteiras no ventilador.’ ‘Besteiras’, ao menos com as informações disponiveis, que não deveriam ser desqualificadas tão facilmente. Vide politicagem na CBF. Vide alguns nomes no passado da instituição, Ricardo Teixeira, José Maria Marin, Marco Polo Del Nero. Atual presidente, Ednaldo Rodrigues, esta no cargo por liminar de Gilmar Mendes. Mais, vide Campeonato Brasileiro de 2005. Sem falar nas series B, C, D onde é possivel apostar e salarios são menores.
‘Pois tem as câmeras de TV, as casas de apostas, […]’. E so ser humano, mas SM evidencia bem o ‘se não vi não existe’. Os sites de apostas são novidade, as apostas não. A famigerada ‘cartela’ no buteco de esquina. Bom lembrar que aqui mesmo na aldeia teve gente, inclusive politicos, que perdeu fortuna e até fazendas em cassinos uruguaios ou nas patas de cavalo.
Voltando a cortina de fumaça em pauta. Poucos comentaristas de futebol sabem do que estão falando.
Em tempo. Há quem condene a ‘desinformação’ e as ‘fake news’. Vermelhos(as) hipocritas acreditam que isto a eles(as) não se aplica. ‘Jornalistas’ acham-se tutores da informação correta mas frente a uma lorota se calam. Deveriam voltar a sua faculdade de origem e pedir seu dinheiro de volta. Francisco de Vitoria. ‘[,,,] os aborigenes sem duvida tem o dominio de seus assuntos publicos e privados, assim como os cristãos, e nem seus principes ou individuos privados deveriam ter suas propriedades confiscadas com base na afirmação de que não seriam seus verdadeiros donos’. ‘[…] ao invés da afeição benevolente e propria necessarias para a fé, a conversão forçada geraria imenso ódio nos aborigenes e faria surgir fingimento e hipocrisia.’