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A politização da tragédia é a maior estratégia de campanha antecipada do PT – por Giuseppe Riesgo

"Engana-se quem crê neste ato (suspensão da dívida do RS) como prudente"

Desde o primeiro dia de tragédia anunciada aqui no Rio Grande do Sul, o Governo Federal vem, dia após dia, cascateando anúncios de verbas, ações e medidas para a “reconstrução do Estado”. As enchentes arrasaram o solo gaúcho e a vida de milhares de famílias. E o governo escancarou um desespero pelo protagonismo da situação ao oferecer medidas meramente paliativas e pouco emergenciais e necessárias à população.

Em um regime de urgência utópico, já no início de maio, por meio do PAC Seleções, foram prometidos mais de R$ 33 milhões para contenção de encostas na Região Norte de Santa Maria e R$ 60 milhões para comprar ônibus elétricos. Ambas as verbas não serão repassadas em caráter emergencial, já que a primeira depende da aprovação de um projeto que deverá ser enviado pelo Executivo municipal, e a segunda precisa passar por todo um processo licitatório.

A verba para a compra destes veículos elétricos foi, inclusive, bastante questionada, visto que não se trata de uma necessidade básica frente a tantas outras mais prementes e urgentes que muitas pessoas passaram a ter. Um exemplo claro de que a gestão federal estava despreparada para oferecer o que as vítimas realmente necessitavam e apressada em fazer qualquer anúncio visando beneficiar o petismo local para o pleito de outubro.

Da mesma forma, o reconhecimento sumário do estado de calamidade pública não serve ao povo tão bem quanto deveria. A ação deveria garantir uma flexibilização de instrumentos como, por exemplo, regras para contratar serviços, comprar produtos e repassar recursos com mais agilidade. Mas, o que acontece é que os prefeitos ainda precisam enviar projetos e aguardar aprovação antes da liberação de qualquer verba. Uma modalidade “emergencial-burocrática” que só existe para o PT.

Existe outra vertente que é aclamada pela esquerda e também foi bastante utilizada nesses últimos anúncios: as chamadas medidas paliativas. Uma delas foi a suspensão, por três anos, da dívida do RS com a União. Engana-se quem acredita neste ato como algo prudente. Sobretudo, pelo fato de que é muito grave a bancada petista ter votado contra a anistia da dívida quando teve a oportunidade.

As doações de alimentos da Conab, o Saque Calamidade e o Auxílio Reconstrução também servem como um ótimo exemplo de como o PT tapa o sol com a peneira e não trabalha para reconstruir o futuro do Estado. E o circo segue: não satisfeitos, o governo Lula, por meio da presidente do Brics, Dilma Rousseff, capitaneou valores que, segundo a imprensa, são verbas provenientes do governo Bolsonaro.

Não podemos esquecer da “intervenção federal” do Pimenta no RS com a sua Secretaria Extraordinária da Reconstrução, atitude que prepara o terreno e o nome do ministro à corrida eleitoral de 2026. Estratégia muito similar a que está sendo usada pelo deputado estadual Valdeci aqui em Santa Maria. Anúncios de emendas parlamentares estão sendo feitos em meio ao alvoroço da calamidade pública, na intenção de manter vivo o ‘espírito solidário e preocupado’ do pré-candidato a prefeito do Coração do Rio Grande. Emendas que não serão executadas agora.

Em meio a isso tudo, as ações da iniciativa privada servem como um alento a todos que sabem o quanto é dolorosa a espera de quem perdeu tudo. São muitas as empresas que vem fazendo mais do que a sua obrigação, encabeçando campanhas a longo prazo e realizando em poucos dias o que, nas mãos do poder público, levaria semanas ou até meses.

Enquanto a população assiste, uns resolvendo problemas, outros só prometendo soluções, eu e boa parte da população seguimos no aguardo da execução de tantos anúncios federais. Acredito que em um ano eleitoral, a verba não deixe de chegar como aconteceu após a enchente de 2023 aqui em Santa Maria. Veremos!

(*) Giuseppe Riesgo é ex-deputado estadual pelo partido Novo. Ele escreve no Site às quintas-feiras

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9 Comentários

  1. Resumo da opera. Elegem burocratas só preocupados com o proximo pleito e as assessorias que deveriam ser ocupadas por tecnicos só tem cupinchas e cabos eleitorais. Para o burocrata problema só existe quando bate na mesa, o futuro a Deus pertence. Enquanto isto Odebrecht e Zé Dirceu estão com a ‘barra limpa’.

  2. O que leva a bobagem de SM polo logistico por conta da centralidade. POA não depende logisticamente de SM e nem Pelotas/Rio Grande. Antigamente a segunda maior guarnição do Brasil estava equidistante das fronteiras com Uruguai e Argentina. Hoje só para apoio com desgraças naturais. Outro aspecto da enchente: as duas maiores densidades demograficas do estado foram atingidas, Caxias (e arredores) e Grande POA.

  3. Aeroporto de POA não tem solução facil. Fora a pista e terminais toda a eletronica que permite o funcionamento devera ser revisada. Radares, sistema de pouso por instrumentos. Não é equipamento de prateleira. Ha que reinstalar e calibrar ainda por cima. Caxias deve ganhar melhorias. SM pendurada na Base Aerea (que perdeu um VANT para a enchente). Nem um projeto de aeroporto, um local adequado sem muita neblina.

  4. Soluções em POA dependem de medidas em outros municipios. Existe a MP 1221/24 que muda o esquema de licitações (obaaaaa!!!!!!!!!). Licensiamento ambiental aparentemente fica como esta, muita coisa vai depender de EIA, ou seja, no minimo tres anos. Cereja do bolo é o impacto ambiental da propria enchente, fora a fauna muitas arvores irão morrer. Lixo e assoreamento nem se fala.

  5. Voltando a vaca fria. Problema em todo lugar é o mesmo. Falta gestão. Sistema de prevenção de enchentes da capital ficou na base do ‘depois a gente ve’. Com direito a muitos periodistas pedindo a derrubada do Muro da Maua. Todos sumiram agora, obvio. Governo municipal estava revitalizando o 4º Distrito. Financiamento de quase 80 milhões de euros do Banco Mundial. Papo de sempre inovação, cultura, inovação, etc. Tudo debaixo d’agua agora. Santa Maria com o Distrito Empulhativo eleitoreiro. E as pessoas na beirada do morro esperando dar m. sem solução. Politicos fazendo o que da mais visibilidade por conta de um desenvolvimento acefalo e deixando o basico de lado. Vereadores que deveriam fiscalizar não o fazendo. Uns querendo emplacar ‘parques’.

  6. Em POA Rede Bullshit em plena campanha contra o atual prefeito. Querem que pare de resolver problemas, muitos sem respostas de curto prazo, para ir dar satisfações nos microfones da empresa. Pecado mortal, deixar jornalistas sem saber, como se fossem fazer alguma coisa. Alem de acoar nas ondas do radio, bem entendido.

  7. ‘[…] e apressada em fazer qualquer anúncio visando beneficiar o petismo local para o pleito de outubro.’ Um dos principais orgãos de imprensa locais tem como principal socio um ex-secretario de Aideti, não é? E ja veicula anuncio do governo federal. Quero crer que não de graça. Redação majoritariamente vermelha ainda por cima. E não é só a decoração.

  8. Onibus eletricos? Mais provavel hibridos. Se é que virão. Mas eletrico fica mais ‘bonito’. Para resolver o problema do aquecimento global em SM.

  9. Governo federal respondeu da unica maneira que é capaz, prometeu dinheiro e muito marketing. Exigir sutiliza para esta gente é pedir para um touro zebu canela fina atravessar a galeria da otica do Calçadão sem quebrar nada.

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