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CULTURA. Investigações e inspirações: conheça a autora de livros infantis que é Delegada de Polícia

De SM, a escritora Roberta Trevisan se divide entre o mundo lúdico e o real

O prazer pela leitura é compartilhado por Roberta Trevisan com os filhos Bernardo, de 8 anos, e Antonio, de 6 (Foto Divulgação)

Por Vinícius Bühler / Da Critério Comunicação

Um trem que não tem maquinista. Os trilhos surgem à sua frente magicamente. Por onde já passou, não pode voltar. Ele apenas segue o seu caminho de magia. O personagem, que guia um grupo de crianças dentro de um mundo de sonhos, saiu da mente da escritora santa-mariense Roberta Trevisan. Mãe de dois meninos, de 6 e 8 anos, a autora se divide entre o mundo lúdico dos livros e dos momentos com seus meninos e a dureza da vida real, pois é também Delegada de Polícia na cidade de Santa Maria.

Entre as histórias que podia escrever – as de seus livros – e as que já surgiam escritas – casos da vida real que chegam diariamente para serem investigados -, Roberta Trevisan usou da ficção para acalmar a rotina da delegacia. “A gente lida com pessoas que, muitas vezes, estão no pior momento da vida delas. Se tu não procurar estar bem emocionalmente é muito fácil desabar. A escrita me ajudou nisso”, conta.

Apaixonada pelas duas profissões, a delegada escritora diz que o amor pelas letras foi o que surgiu primeiro. Curiosamente, pela televisão. Quando criança, ao assistir a um filme policial de Brian de Palma junto de uma das tias, adorou a história de investigação. A tia, então, sugeriu que lesse os enredos de Agatha Christie. Sem conhecer a autora, foi preciso investigar. “Na época não tinha outra forma de pesquisar, então eu fui na livraria procurar quem era Agatha Christie. Ali, comecei a ler e essas histórias me marcaram pela questão da fantasia, do imaginário, da figura do detetive”, diz.

Se Agatha Christie tinha casos como “ Assassinato no Expresso do Oriente”, “Um Corpo na Biblioteca”, ou “O Assassinato de Roger Ackroyd”, era com “O Mistério da Laranja” que a então adolescente Roberta Trevisan entrava para o mundo da escrita e fisgava a atenção dos colegas de escola. “Eu tinha 13 anos e escrevia essa história de detetive e passava os capítulos para os colegas. Aquele ato de escrever sempre me deu muito prazer, mas eu não conseguia enxergar como profissão”, lembra.

Enquanto a escritora adormecia, a investigadora ganhava cada vez mais espaço, e Roberta ingressou na carreira policial. Atuou como titular de delegacias de cidades como Santa Bárbara do Sul, São Sepé, até voltar para Santa Maria, sua terra natal. Foi quando virou titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), que entendeu: era preciso reencontrar sua escrita e sua infância.

Proteger a infância com unhas e dentes… e histórias

A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente trouxe à Roberta, já mãe, um peso maior que o das outras onde tinha atuado. Com as dificuldades, contudo, também veio a força. Foi enquanto titular da DPCA que Roberta Trevisan retomou a escrita. “O nosso trabalho na delegacia era muito pesado e voltar a escrever foi uma forma de contrabalançar aquilo tudo”, explica Roberta.

O momento exato da escolha pela literatura infantil foi quase um sinal, uma virada de chave que a delegada esperava há muito tempo. “Eu estava em um salão de beleza quando vi uma menina lendo um livro. O título era ‘A Garota Detetive’”, recorda. Para completar os sinais, mais um fato curioso: “Eu a chamei para conversar e vi que o livro tinha as fichinhas de biblioteca, igual aos que eu lia quando criança. Ali eu tive a certeza de que era para a infância que eu precisava voltar”.

A turma da Matilda, na ilustração em aquarela de Cláudio Toscan Jr (Divulgação)

E assim ela fez, criando a sua primeira história infantil, que começou como uma dissertação e virou seu livro de estreia. O livro esgotou nas livrarias, com vendas que passam dos 2.500 exemplares. A primeira história trouxe a segunda, que já está nas lojas e terá seu lançamento no mês de agosto.

A mãe do Bernardo, do Antonio e da Matilda

O prazer pela leitura é compartilhado por Roberta com os filhos Bernardo, de 8 anos, e Antonio, de 6. Os livros infantis e os momentos de leitura em família trazem ainda mais inspiração para a mãe escritora, que tem nos filhos o combustível para seguir buscando seus sonhos de infância. Os meninos, inclusive, ajudam na criação das histórias da personagem que dá nome a sua série de livros: Matilda.

Matilda é a personagem da série de Roberta Trevisan que chegou ao seu segundo volume este ano. As obras contam a história da menina de 11 anos e sua vida na escola com os amigos. Em “Matilda e o Clube de Leitura”, primeiro de uma série de quatro livros, o grupo entra em um mundo de sonhos que a literatura proporciona e cria o clube de leitura Rabo de Tatu. É dentro deste clube, e em cenários cotidianos da vida das crianças, como a escola, a casa da família e dos amigos, que o enredo segue.

“Matilda e o Mistério da Biblioteca”, segundo volume da série, já tem lançamento agendado para 9 de agosto. Será na livraria Athena, no shopping Praça Nova, em Santa Maria. Também no evento, o primeiro livro, “Matilda e o Clube da Leitura” será relançado, com novas ilustrações. Quem assina a aquarela das duas obras é o artista Claudio Toscan Jr.

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