Diferença. Lula comanda, mas segundo governo terá dois gerentes, para política e economia

Não se sabe, ainda, quem será o ministro da Previdência. Já “foi” Carlos Lupi, o presidente nacional do PDT e que começou na política pelas mãos de Leonel Brizola, o líder falecido há dois anos e meio. Há dúvidas fundadas se ele tem mesmo ascendência sobre a bancada do partido, na Câmara e no Senado. Por isso, de repente, subiu de cotação o nome de Manoel Dias, ex-candidato ao governo de Santa Catarina. E pode ser ele o ungido por Luiz Inácio Lula da Silva. Há quem já esteja convencendo Lupi de, “por ter muitas atribuições na direção nacional pedetista”, abrir mão da indicação, deixando o caminho livre para a escolha do catarinense.

Tanto Lupi quanto Dias, porém, sinalizam uma intenção clara de Lula para o segundo mandato: fortalecer as relações com os partidos aliados e, especialmente, com o congresso. Afinal, é ali, na Câmara e no Senado, que os projetos do governo serão analisados, votados e, se depender do Palácio do Planalto, aprovados. E depende da vontade congressual a maior parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e dos outros “PACs” a caminho – o da Educação, já concluído, e o da Saúde, em elaboração.

O restante dos ministros por nomear já têm até nomes certos, faltando apenas a oportunidade da nomeação. Caso da Defesa, para onde deve ir o comunista do B Aldo Rebelo, já curado da ressaca pós-derrota para Arlindo Chinaglia, na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados; da a ser criada Secretaria dos Portos, para onde irá Pedro Britto, afilhado político do socialista Ciro Gomes, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, onde tende a continuar o santa-mariense Guilherme Cassel.

E aí, bem, aí é hora de trabalhar, que já é tarde. Com uma segunda grande novidade em relação ao primeiro mandato. Afora a ligação com os partidos da coalizão, com os interesses bem claros no Congresso Nacional, Lula contará com dois coordenadores (veja a sugestão de leitura, logo abaixo).

Não mais o petista José Dirceu (lembra?), como nos primórdios lulistas no Planalto, como articulador político, mas um petebista que, como diz Lula, “adora tomar café, almoçar e jantar com deputados”. No caso, Walfrido Mares Guia, que terá a missão de cuidar do Congresso. Será o homem que vai fazer o meio de campo, na hora de votações importantes para o interesse do governo.

E uma supergerente, que vai cuidar do andamento dos PACs, a começar pelo da Aceleração da Economia, de longe o maior deles. No caso, a mineira-gaúcha Dilma Rousseff, da Casa Civil. Ela é que orientará e cobrará dos demais colegas eficiência e rapidez nas decisões e ações administrativas.

Pode parecer pouco, mas não é. Se vai dar certo ou não, o futuro dirá. Mas de uma coisa se pode ter convicção: o governo Lula, no segundo mandato, tem cara e organograma. O que não é pouco. Funcionará? Tomara, em benefício do País – e não de interesses menores, de segmentos específicos.

SUGESTÃO DE LEITURA –  Confira aqui a reportagem “Lula empossa mais três e consolida governo com dois coordenadores”, assinada por Tânia Monteiro e Leonencio Nossa, e publicada no jornal O Estado de São Paulo.