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O senso comum. Mas o que é o tal de senso comum? – por Marionaldo Ferreira

‘A aceitação acrítica pode representar obstáculo à cidadania mais consciente’

O senso comum, entendido como o conjunto de crenças e opiniões amplamente aceitas pela sociedade, exerce uma influência significativa sobre a formação das percepções políticas e sociais. No entanto, a aceitação acrítica dessas ideias pode representar um obstáculo ao desenvolvimento de uma cidadania mais consciente e ativa.

Este posicionamento visa criticar o papel do senso comum, destacando a importância do pensamento crítico e da educação para a construção de uma sociedade justa e informada.

É muito usual, dentro do senso comum, sermos desencorajados a acreditar em inovações, em conceitos que sejam diferentes daqueles passados de geração para geração e que mantêm a grandes massas dentro do seu quadrado e num lugar aparente mente seguro, porém estagnado. Nesse lugar acostuma-se com tudo.

Com o ônibus cheio, com o trem lotado, com a marmita fria, com horas no engarrafamento, com as cartas de cobrança do SPC (Sistema de Proteção ao Crédito), com o medo de perder o emprego, o medo do futuro e toda sorte de medo que assombra o tal do senso comum.

Quem criou o senso comum? Não sei, mas ele paira por aí, no ar, nas famílias, na escola, na universidade, na igreja, nas rodas de bar, na praia e na maioria das empresas privadas e públicas do planeta.

Quem tiver a coragem de se livrar do senso comum terá muito mais chances de sair dessa corrida de ratos, parar de correr atrás do próprio rabo e de papéis na ventania. Além disso, terá mais possibilidades de navegar num oceano azul.

Além disso, tudo, a aceitação passiva do senso comum pode enfraquecer a democracia, pois os cidadãos deixam de questionar e debater criticamente as políticas públicas e as ações dos governantes.

Perceba que todas às vezes que alguém contraria as “normas” desse tal senso comum a reação é imediata. Não comumente é brutalmente criticado pelos seguidores da boiada. É chamado de louco, iludido, sonhador, fora da realidade ou coisas parecidas.

Experimente dizer: “Vou sair da faculdade”, “Não quero saber de estabilidade. Quero ganhos sem limites” ou “Desisti de fazer medicina, prefiro música”. Ou então, se não se incomodar de ser chamado de retardado, diga assim: “EU GOSTO DE TRABALHAR.”.

Para contrapor os efeitos negativos do senso comum na vida, é essencial promover o pensamento crítico e a educação de qualidade.

Cidadãos bem informados e críticos são capazes de discernir entre propostas demagógicas e soluções verdadeiramente eficazes para os problemas sociais.

Investir em uma educação que fomente a análise crítica, o questionamento e o debate é fundamental para formar cidadãos capazes de pensar de forma independente.

Além disso, garantir o acesso a informações diversas e de qualidade é crucial para que a população possa tomar decisões bem fundamentadas. Isso inclui a promoção de mídias independentes e a alfabetização midiática

(*) Marionaldo Ferreira é servidor aposentado da UFSM. Tecnólogo em Processos Gerenciais, Especialista em Administração e Marketing, Psicanalista em formação e  tem, também, MBA em Gestão de Projetos.

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11 Comentários

  1. Resumo da opera. Debates não faltam, só que não mudam nada, vide aldeia. E este lugar nas nuvens que os ‘teoricos’ vendem só existe no mundo das idéias.

  2. ‘Isso inclui a promoção de mídias independentes e a alfabetização midiática’ Como disse Juca Chaves: ‘”No Brasil, a imprensa é muito séria. Se você pagar, eles até publicam a verdade’

  3. ‘[…] para que a população possa tomar decisões bem fundamentadas.’ População decide nada. Tudo é decidido em gabinete por meia dúzia de ‘iluminados’ e empurrada de cima para baixo. Um dos motivos pelos quais as leis ‘não colam’ volta e meio. Quem não é ouvido não se compromete com o resultado.

  4. ‘Investir em uma educação que fomente a análise crítica, o questionamento e o debate é fundamental para formar cidadãos capazes de pensar de forma independente.’ Um lugar comum extremamente batido.

  5. ‘Cidadãos bem informados e críticos são capazes de discernir entre propostas demagógicas e soluções verdadeiramente eficazes para os problemas sociais.’ Cidadãos querem distração dos problemas da vida e estão c@g@ndo para os problemas sociais que não sejam os deles.

  6. ‘[…] se não se incomodar de ser chamado de retardado, diga assim: “EU GOSTO DE TRABALHAR.”’. Na UFSM talvez e também em muitos outros lugares onde se esfrega a barriga numa mesa dentro de uma sala com ar condicionado. Produzindo textos ou preenchendo formulários. Fora a necessidade economica de quem não vive num aquario, há muita gente que gosta do que faz, ha gente que não consegue ficar parada, há gente que tem o bicho carpinteiro. Há quem goste de ver o resultado de um trabalho bem feito. O trabalho traz satisfação pessoal. Gente que lida com gado, que dirige um trator. Gente que aperta parafuso numa linha de montagem (‘trabalho a semana inteira e no fds gasto tudo em festa, churrasco e cerveja’; cada um com suas prioridades). Gente que da aula de mergulho ou em academias de artes marciais.

  7. Porque contrariar o senso comum muitas vezes parte de alguém com serios problemas cognitivos que se acha um genio. Vai tentar inventar a roda e vai fazer quadrada.

  8. ‘[…] alguém contraria as “normas” desse tal senso comum a reação é imediata. […] É chamado de louco, iludido, sonhador, fora da realidade ou coisas parecidas.’ Vamos para a economia. Desenvolvimentismo foi tentado pelo menos tres vezes no Brasil. Deu errado com JK, com os milicos e com Dilma, a humilde e capaz. O que diz o senso comum? Não dá certo. O que dizem os burrões? ‘Desta vez vai dar certo’. O mesmo vale para a industria naval pesada.

  9. ‘Quem tiver a coragem de se livrar do senso comum […] terá mais possibilidades de navegar num oceano azul.’ A isto chama-se ‘vender terreno no céu’.

  10. ‘[…] para a construção de uma sociedade justa e informada.’ Isto é historia da carochinha. Quem define o que é ‘justa’ e ‘informada’?

  11. Problema do senso comum é que não é comum. Paradoxo, se alguém solicitar numa sala de aula: ‘levante a mão quem tem senso comum’ maioria levanta (há os desconfiados). Alas, vermelhos definem ‘bom senso’ como ‘a parte boa do senso comum’.

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