Honras olímpicas – por Orlando Fonseca
Com a cerimônia de encerramento, no domingo que passou, fechou-se mais um ciclo olímpico, com a certeza de que se abre o próximo, assim como vem acontecendo desde a retomada dos jogos das Olimpíadas Modernas. Poucas atividades humanas são capazes de mobilizar a atenção de expectadores, ao redor do Planeta, como as Olimpíadas. Tanto por envolver nacionalidades diferentes, dos cinco continentes, quanto pela beleza das disputas, nas quais, em tempo de paz, se colocam em confronto esforços humanos. A celebração é, na verdade, a da superação humana. Mais alto, mais rápido, mais forte, contando com os equipamentos movidos pela natureza, jovens do mundo todo se reúnem para provar que é possível arregimentar forças em favor da harmonia entre os povos. Se assim concordarem todos, seria este o espírito olímpico?
Quando se fala em Olimpíadas, logo vêm à mente grandes obras que são anexadas, de modo permanente, ao traçado urbanos das cidades-sede. A isso se costuma chamar “legado olímpico”. Novos sítios para a práticas esportivas e conjuntos residenciais que, durante os jogos, formam a chamada Vila Olímpica, além de serviços públicos como transporte e vias renovadas. Isso tudo, no entanto, forma um acervo de valores materiais, que se juntam à vida cotidiana dos cidadãos. No entanto, o que torna significativo ter retomado práticas desportivas da Grécia antiga (que nos legou a democracia) é o que pode nos permanecer em valores imateriais. Assim como vemos jovens agraciados com suas medalhas, tendo a pobreza e as dificuldades para treinamentos, em seus países, podemos ver aí o verdadeiro significado de saltar mais alto, de arremessar mais longe, de correr mais rápido ou reagir com maior força. No que podemos dizer que esse é o espírito olímpico.
Ainda que haja, entre nós, brasileiros, a torcida por melhores desempenhos do Brasil, temos de concordar que, no curto prazo, não seremos uma potência olímpica, como China e EUA. Isso porque, mesmo que nos últimos anos nossos representantes contem com a Bolsa Atleta, ainda faltam muitos itens fundamentais para formar candidatos ao alto rendimento para índices olímpicos. Sequer em um esporte no qual somos conhecidos no mundo como craques, o futebol, tivemos uma melhor sorte. A seleção masculina (ainda que nossos jovens sejam disputados em valores milionários por clubes europeus) sequer foi classificada, muito pelos descaminhos da gestão na CBF. O que, neste campo, nos encheu de esperança, e mesmo de orgulho, foi a seleção feminina. E nesse caso, um dos legados importantes da edição deste ano: a força da mulher brasileira nos jogos.
O Brasil encerrou a sua participação com 20 medalhas: três ouros, sete pratas e dez bronzes, abaixo da projeção de, ao menos, 22 medalhas (5 de ouro). A ginástica artística é que conseguiu a melhor campanha da história, inclusive com uma medalha de ouro para Rebeca Andrade, no solo, mais duas de prata e um bronze por equipes. Poucos apostavam em uma medalha da seleção brasileira feminina de futebol, mas esta foi finalista e terminou com a prata. No judô (ouro), no vôlei (bronze) e vôlei de praia (ouro), no skate (com Raíssa), as mulheres garantiram um desempenho satisfatório. Algumas modalidades não conseguiram medalhas, mas trouxeram os melhores resultados de todos os tempos.
Já falei em outra oportunidade que para mim as autoridades estrangeiras, em tempos de paz, poderiam ser recebidas com “honras olímpicas”, em vez de “honras militares”. A força das mulheres, a superação de atletas como Isaquias Queiroz (canoagem) e Caio Bonfim (marcha atlética) mostram a honra da superação individual, e o orgulho da representação coletiva de uma nacionalidade. Este o legado imaterial mais importante de uma Olimpíada, e que mostra o quão digno é o espírito olímpico como valor patriótico como celebração e inspiração.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela “Da noite para o dia”.
Acompanhei vários jogos, volei, futebol e claro, atletismo. Gosto das olimpíadas. Só esperando a entrada de algumas competições mais populares, como a Bocha e a sinuca, tanto esporte estranho se tornando olímpico, porque não esses….kkkk
Resumo da opera. Brasil na base do que a casa tem para oferecer. Vamos ver o que acontece quando esta geração que passa o dia com a cara enfiada numa tela tiver que mostrar a cara.
Patriotadas. Rebeca Andrade tem seu merito. Mas dai alguns(mas) já começaram a ‘avacalhar’ Simone Biles. Que tem muito mais medalhas no armario, dois movimentos com seu nome (e só ela faz) e foi a nona atleta mais bem paga do mundo em 2023, faturou 8.5 milhões de dolares. Qual o futuro da brasileira? Virar empresaria (como muitos outros(as) atletas), comentarista ou tecnica. Diferença de patrimonio imensa. Diferença entre esporte promovido por uma industria, pela iniciativa privada, e pelo Estado é gritante. Alas, como vivem os ex-atletas na China?
‘Este o legado imaterial mais importante de uma Olimpíada, e que mostra o quão digno é o espírito olímpico como valor patriótico como celebração e inspiração.’ Este é o costume de passar batom no porco. Continua sendo um porco.
‘[…] as autoridades estrangeiras, em tempos de paz, poderiam ser recebidas com “honras olímpicas”, em vez de “honras militares” […]’. Há controvérsias. Autoridades estrangeiras são recebidas conforme um protocolo, mas não com ‘honras militares’. No Brasil os batedores são militares, revista a guarda não é comum. Presidente quando toma posse faz revista, tem salva de tiros, etc.
‘O que, neste campo, nos encheu de esperança, e mesmo de orgulho, foi a seleção feminina.’ Bom para elas. Esperança e orgulho, ‘nós’ quem cara palida? Semana que vem ninguem lembra. Noticias do acidente dão uma tregua enquanto identificam os corpos. Se não acontecer outra barbaridade no meio do caminho.
Futebol masculino do Brasil já não é o que foi no antanho. Agravante que a liberação dos atletas não é obrigatoria, não são ‘datas FIFA’. Midia tenta ‘puxar a brasa para o assado’ do futebol feminino por motivos ideologicos, feminismo/igualdade. São umas peladas brabas, não perco tempo. Quem não gostar pode muito bem ir se lascar. Para ser educado.
Ainda existem as diferenças de conjuntura. China sempre investiu porque era propaganda do regime e com uma população maior mais facil de encontra bons atletas. Esporte compulsorio no periodo escolar também ajuda. Nos EUA existe toda uma industria. Pode-se arriscar dizer que começou nas universidades nos meados do século XIX. Agora agrega bolsas de estudo, fabricantes de material esportivo, apostas, etc.
‘[…] temos de concordar que, no curto prazo, não seremos uma potência olímpica, como China e EUA. […]’. Nem no medio e nem no longo prazo. Existe o intervalo entre o desempenho, Brasil pode correr atras mas os outros não irão ficar esperando.
‘[…] grandes obras que são anexadas, de modo permanente, ao traçado urbanos das cidades-sede. A isso se costuma chamar “legado olímpico” […]’. No RJ muitos equipamentos estão deteriorados e a Vila Olimpica que era para virar apartamentos estava deserta.
Diria que na minha bolha poucos acompanharam a Olimpiada. Mais o noticiario do que qualquer outra coisa. Apesar da audiencia falam em prejuizo na TV Bobo. Streaming da empresa ainda perdeu em numero de visualizações para youtubers.