Livro na Praça – Por Orlando Fonseca
O livro está de volta na Praça. São duas notícias boas para a nossa Santa Maria: temos a Praça central renovada e entregue ao público (a praça é do povo, como disse o poeta) outra vez e, como temos uma cidade universitária, o livro é a base para a formação cultural. Portanto, temos aí coisas a celebrar por estas duas semanas do maior evento cultural da região centro do Estado. São 51 edições que dão testemunho da posição que ocupa a leitura na vida de nossa cidade. Diante de tantos apelos que a tecnologia de telas coloca diante de nossos olhos, o livro impresso ainda causa encanto e exerce com eficácia o seu poder de formação. Segunda mais antiga em espaço aberto, a Feira do Livro é uma afirmação de resistência desde a sua origem. E assim como o livro impresso retorna aos programas escolares nos países desenvolvidos, o evento na Saldanha Marinho é um bom momento para refletirmos sobre o resgate de sua importância educacional.
Naquele distante ano de 1973, foram os jovens estudantes do Curso de comunicação Social da UFSM que se mobilizaram para realizar uma feira do livro em nossa cidade. Vivia-se um período de exceção, em plena ditadura militar, com restrições severas a tais eventos. Entretanto, as feiras foram se sucedendo, ganhando em tamanho e adesão da cidade, de modo que se tornou impossível interditá-la. E felizmente, mesmo que em alguns anos tenha deixado de ser realizada, chega à sua 51.ª edição, contando com duas realizadas no início da década de 1960 (série interrompida, justamente, pelo golpe civil-militar de 64). Nos anos iniciais deste século XXI, com o avanço das tecnologias de comunicação e o advento de leitores digitais, o futuro do livro e da Feira do Livro esteve sob suspeita. No entanto, notícias que nos chegam de outros países dão conta de que está em curso uma reviravolta na educação mundial.
O livro está retornando ao centro da formação educacional. Ano passado, a Suécia decidiu abandonar o uso massivo de tecnologia no ensino de crianças e adolescentes. Pioneira no emprego da educação digital no final do século XX, após estudos demonstrando que as pessoas compreendem melhor os textos impressos do que os textos digitais, o que vinha acarretando, por lá, uma queda no desempenho de leitura dos alunos, o livro e a escrita cursiva voltaram às salas de aula. Assim como Taiwan, Coreia do Sul, e muitos outros exemplos em países europeus e nos EUA, a Suécia vem investindo milhões de euros na distribuição de livros didáticos impressos. Em Taiwan, a exemplo do que ocorre na China, uma lei restringe o tempo de uso de celulares, tablets e computadores para crianças e adolescentes. “Des-digitalizar” é progresso, afirma a ministra sueca da Educação, Lotta Edholm.
Talvez o livro demore mais a sair das vidas dos seres humanos do que se previa no início deste século XXI. Desde a introdução do Kindle (2007) e iPad (2010), inúmeros estudos vêm comprovando a supremacia do livro em papel, quer na proteção da saúde ocular, quer na retenção de conhecimento e memória visual. Não é difícil de se perceber que esta tecnologia (a de folhas costuradas protegidas por uma capa), criada no século II da nossa era, teve impacto fundamental na formação da mentalidade moderna, o avanço das ciências, da filosofia e das artes. Nossas mentes estão formadas pela visualização do texto escrito, amparado pela habilidade manual de converter em signos gráficos as nossas ideias. Muitas vezes me perguntei sobre o futuro da Feira do Livro, com o avanço avassalador das mídias eletrônicas. No entanto, as notícias atuais me deixam mais tranquilo em relação às salvaguardas intelectuais que o livro pode trazer às futuras gerações. Visite a Feira do Livro para comprovar a festa que há em visitar os estandes, prospectar novas leituras e encontrar amigos. Vida longa à Feira do Livro!
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela “Da noite para o dia”.
Resumo da opera. Aldeia é uma cidade interiorana com mentalidade interiorana. Não precisa procurar muito para encontrar os responsaveis. Negócio é ‘vamos celebrar nossas quermesses’. Caso contrário é ‘complexo de vira-lata’, já virou chavão. Apesar de ter sido criado no contexto futebolistico virou bordão do ufanismo acéfalo.
Mudança para o livro fisico na Suecia é de 2023. O texto acima é tão genérico que poderia se publicado na feira do ano que vem sem grandes modificações.
‘Nossas mentes estão formadas pela visualização do texto escrito, amparado pela habilidade manual de converter em signos gráficos as nossas ideias.’ Outra informação tirada de orificio que não o bolso. Lex Fridman é um podcaster russo americano. Entrevistou Edward Gibson professor do Massachusetts Institute of Technology (é cientista da cognição). Casado com Evelina Fedorenko (trabalha na mesma area). Os circuitos neurais ligados a fala, leitura, etc. são formados e permanecem estaveis. Evelina (e outros) demonstra atraves de ressonancia magnetica funcional que existe atividade intelectual sem utilização dos circuitos. Noutro episodio do mesmo podcast, não lembro qual, um cientista de inteligencia artificial mencionou que a linguagem é só uma ferramenta, uma interface entre a atividade intelectual e o exterior. Ou seja, a dita atividade existe independente do texto ou da linguagem. Vide chips implantados no cerebro, algo mais recente, acionando computador.
‘Talvez o livro demore mais a sair das vidas dos seres humanos do que se previa no início deste século XXI.’ Livro mais vendido no Brasil na semana entre 12 e 18 de agosto foi ‘É assim que acaba’ com pouco mais de 4500 exemplares. Segundo foi ‘Novena e festa da Padroeira do Brasil 2024’ com pouco mais de 4 mil exemplares. Total zero, é ano de Bienal do Livro em SP, deve aparecer muita gente.
Sim, porque ‘[…] Taiwan, Coreia do Sul, e muitos outros exemplos em países europeus e nos EUA,[…]’ é informação que saiu de orificio que não o bolso. ‘muitos outros exemplos em paises europeus’ é a velha indeterminação ‘retórica’. Alas, educação ianque está pela boa, derrete. Taiwan tem pouco mais de 20 milhões de habitantes, a taxa de mortalidade já excede a de nascimentos, a piramide etaria já esta invertendo. Coréia do Sul idem.
População da Suécia e menor do que o RS. Afirmar ‘[…] como o livro impresso retorna aos programas escolares nos países desenvolvidos […]’ com este unico exemplo é, no minimo, exagero.
‘Ano passado, a Suécia decidiu abandonar o uso massivo de tecnologia no ensino de crianças e adolescentes.’ Adoção massiva foi 2018. Social Democratas no poder. Retorno dos livros fisicos foi 2023, Moderados no poder, ou seja, partido liberal conservador, centro direita.