Baixarias eleitorais – por Orlando Fonseca
Platão, o filósofo grego, ao desenhar a sua república ideal, deixaria de fora os poetas. Segundo ele, porque esses não representam o verdadeiro, e suas imagens estão afastadas do ideal, ou aquilo que subsiste no plano das ideias. Como a campanha do TRE cita Platão para chamar os eleitores ao voto, creio que seria oportuno atualizar a concepção platônica. Uma vez que temos visto toda sorte de impropérios, inverdades, baixarias (até cadeirada), creio que na república ideal não faria mail nenhum deixar os pobres dos poetas, mas, com certeza, não haveria lugar para os marketeiros políticos.
Em uma campanha eleitoral, na qual se percebe a iniciativa das instituições para diminuir o impacto das abstenções, alguma coisa deve ser pensada sobre a desmotivação do eleitor. E estamos falando da essência da democracia, cuja participação cidadã é fundamental, sob pena de a vida republicana se tornar insustentável. Como ressalta a publicidade do TRE, usando as palavra de Platão, a abstenção por desgosto do eleitor no processo só vai colocar nos postos administrativos (legislativo ou executivo) os que gostam. E isso não garante, por óbvio, a ascensão dos mais capacitados. A não ser por aquele aspecto que mencionei, da embalagem montada pelo marketing político, cada vez mais ativo e mais próspero (do ponto de vista financeiro, claro).
Outro filósofo grego, aliás discípulo de Platão, o Aristóteles, apresenta-nos o conceito síntese do cidadão: animal político. Ou seja, para viver na “pólis”, na cidade, ou seja, em sociedade e não em tribo selvagem, o ser humano precisa seguir o protocolo, o regramento, o modo polido de convivência. Pensando nos caminhos da civilização ocidental, que nasce justamente da experiência do mundo grego, teríamos a evolução desse ser, cada vez mais político, e menos animal. No entanto, a julgar pelos debates eleitorais na atualidade (não apenas no Brasil) o que se vê é o contrário, o político aristotélico é cada vez menor, e avulta cada vez mais o animal, a besta fera.
Quando tratavam do tema, os filósofos gregos observavam as primeiras experiências de vida na república, e a infância da democracia no mundo. Pensavam que ali se construíam tanto o ideal da vida em sociedade, como o ser humano ideal, elevado, sublime, digno. No entanto, não contavam com o aumento do individualismo (o contrário da vida em comum), da ganância (o contrário da solidariedade), e a proliferação de meios capazes de catapultar bobagens, boatos e fake news (o contrário da verdade). O palco político virou uma arena de vale tudo – e o mais importante não é mais vender uma imagem positiva do candidato, mas, sobretudo, anular a imagem do adversário. Aí é que entram as baixarias, para sintetizar tudo o que vai para o lado oposto do que pretendiam Platão e Aristóteles para a noção de República. Aliás, o que mais se vê hoje é sem-noção assumindo ares de autoridade.
Para o bem da democracia, o mínimo que se espera é que este animal, provido de racionalidade, seja ao menos polido, antes de se fazer político. E isso não se refere apenas aos que se mostram na propaganda eleitoral, porque se o marketeiro consegue produzir uma embalagem vistosa para vender um mau político (aquele que não tem um projeto democrático, exequível, justo) e consegue vender o seu produto, é porque há um número suficiente de apreciadores capazes de comprá-lo como o melhor. Não é possível que a política, elemento crucial para uma democracia efetiva, seja conduzida dessa forma. Antes de tudo é a vida em sociedade, a nossa vida que está em jogo. Minha esperança é que, a cada eleição, nós (o povo) aprendamos a exercer o nosso papel com mais discernimento e sabedoria, com gosto. Caso contrário, o desgosto será contínuo, muito além do período eleitoral.
(*) Orlando Fonseca é professor titular da UFSM – aposentado, Doutor em Teoria da Literatura e Mestre em Literatura Brasileira. Foi Secretário de Cultura na Prefeitura de Santa Maria e Pró-Reitor de Graduação da UFSM. Escritor, tem vários livros publicados e prêmios literários, entre eles o Adolfo Aizen, da União Brasileira de Escritores, pela novela “Da noite para o dia”.
Resumo da ópera III, o retorno de sandeu. Não tem cabimento ficar ‘adivinhando’ o mundo no ar condicionado. Exemplo? Muita gente reclama dos pedagios da 287. Muita gente, ‘esperta’ em logistica, fala do estado da 158 daqui até o ‘norte’ do RS, da buraqueira. Fala que deveria ser duplicada (sem pedagio nenhum inclusive). Fala da segurança, epoca de safra, principalmente, são muitos caminhões (que trafegam sem balança na rodovia). Pois bem, de Cruz Alta para cá (até mais longe) existe uma ferrovia. Praticamente paralela a 158. Vai até Cacequi e de lá até Rio Grande. Subutilizada, raro ver um trem passando. Por quê? Não sei. Sentam a lenha na concessionaria. Uns até mentem que foram ‘os milicos que terminaram com a ferrovia’ (começou com JK, do que adianta fabrica de carros e caminhões se não existem estradas; desenvolvimentismo).
Resumo da opera II, a missão. Universidade de Chicago, com diversos apoios, realiza bianualmente a ‘General Social Survey’. Pesquisa as preocupações, hábitos e condições dos residentes na Ianquelandia. Principio basico, para chegar em algum lugar é necessario saber onde se está. Algo que falta até para o desenvolvimento da urb inclusive.
Resumo da opera. Muito mais um desejo de manter a politca como era feita 80 anos atras de que outra coisa. Mundo mudou, mas algumas coisas ‘não podem mudar’. Até porque contrariaria ‘interésses’.
Gregos tinham um termo: ‘idiôtes’. O cidadão privado (ou seja, sem mandato) sem qualificações, ignorante. O que não participa das funções publicas não por falta de ambição, mas por ser sem serventia. O sentido depreciativo da palavra surgiu depois.
‘[…] ós (o povo) aprendamos a exercer o nosso papel com mais discernimento e sabedoria, com gosto.’ Kuakuakuakuakuakua! Sério? Kuakuakuakuakuakuakuakua!
‘Antes de tudo é a vida em sociedade, a nossa vida que está em jogo.’ Não, não está. É justamente este um dos problemas.
‘O palco político virou uma arena de vale tudo […]’. Que tem sua audiencia nicho. Contrariando outro nicho, os que gostam de ouvir mentiras, projetos e planos falsos. Maioria nem presta atenção.
Ganancia não é o ‘contrario da solidariedade’. Vermelhos coletivistas se acham muito ‘solidarios’ e gananciosos os ‘que não querem contribuir’. Na mesma toada ‘fake news’ não é sobre verdade ou inverdade, é sobre controle sobre o que é dito publicamente. Fake news é qualquer coisa que prejudique os meus interesses. Desinformação, que para ser mais eficaz tem que ser uma ‘meia verdade’.
Aristoteles foi tutor de Alexandre Magno. Que em algumas cidades mandou matar tudo, até os cachorros. Quando criou a expressão ‘politikon zoom’ tinha em mente a Cidade-Estado grega de 2300 anos atras. Não sociedades complexas como as atuais.
Alas, ‘vida republicana’ no Brasil é para dar risada! Kuakuakuakuakuakua! Chega a ser um cacoete, todo mundo ve que não esta funcionando direito, mas repetem a teoria como se tivesse sido implantada na sua plenitude. Legitimo ‘estado de negação’.
‘[…] cuja participação cidadã é fundamental, sob pena de a vida republicana se tornar insustentável.’ Não, o mundo não vai acabar.
Platão fala da briga, que seria antiga, entre filosofia de um lado, poesia e retorica de outro. Fala do Desembargador é sintoma de falta de noção, na falta de algo inteligente para dizer citou um filosofo morto há mais de 2 mil anos. Alas, poesia é algo nichado, maior parte da juventude não aprecia poesia (que é socada goela abaixo nos bancos escolares), não esta interessada em Platão e não tem a menor idéia do que seja retorica.