Por Maiquel Rosauro
O pleito de 6 de outubro registrou um interessante recorde em Santa Maria. Desde que o 2º turno foi implantado no município, em 2016, nunca a diferença de votação entre os dois primeiros candidatos, no 1º turno, foi tão grande. Valdeci Oliveira (PT) registrou 58.580 (40,63%) votos contra 37.295 votos (25,86%) de Rodrigo Decimo (PSDB). Uma diferença de 21.285 votos.
Em 2016, Valdeci terminou o 1º turno com 43.746 votos (29,68%) contra 43.037 (29,20%) de Jorge Pozzobom (PSDB), diferença de 709 votos. No 2º turno, apenas 226 votos separaram o vitorioso tucano – 73.003 votos (50,08%) – dos 72.777 votos (49,92%) do petista.
Quatro anos depois, o então vice-prefeito Sergio Cechin (PP) terminou o 1º turno com 35.218 votos (26,49%) contra 33.080 votos (24,89%) de Pozzobom, diferença de 2.138. O tucano virou o jogo no 2º turno com 71.927 votos (57,29%) contra 53.616 votos (42,71%) do progressista, alcançando 18.311 votos de diferença.
Mas antes de fazer qualquer projeção, há um outro dado importante que precisa ser levado em conta. Em 2016, no 1º turno, a abstenção foi de 20,89% (42.409 eleitores). No 2º turno, 22,19% (45.062). Em 2020, 28,82% (58.876) dos eleitores não compareceram no 1º turno, enquanto 31,34% (64.016) faltaram na votação final. Este ano, 27,54% (57.661) não marcaram presença em 6 de outubro.
Se a tendência se mantiver, haverá menos eleitores votando em 27 de outubro. Isso é um problema para Decimo, que precisa tirar uma diferença superior a 20 mil votos.
Por outro lado, se a tendência natural prevalecer, o tucano deverá herdar a maioria dos votos de Roberta Leitão (PL), a terceira colocada no pleito, que registrou 26.838 votos (18,61%) e concentra o eleitorado bolsonarista. E, possivelmente, também leve parte dos votos de Moacir Alves (PRD), que fez 233 votos (0,16%).
Já Valdeci, em teoria, deve receber boa parcela dos votos de Paulo Burmann (PDT), 5.234 votos (3,63%), e Alídio da Luz (PSol), 905 votos (0,63%).
A grosso modo, em uma conta sem nenhum embasamento científico, Decimo teria 64.366 votos se todos os eleitores de Roberta e Moacir migrarem para o seu lado no segundo turno. Já Valdeci, com os votos de Burmann e Alídio, teria 64.719 votos. Ou seja, 353 votos pró-Valdeci.
A dúvida fica a respeito dos eleitores de Giuseppe Riesgo (Novo), que fez 15.107 votos (10,48%). O ex-deputado estadual já abriu voto em Decimo, mas será que seus eleitores vão seguir os mesmos passos e ignorar que o então candidato passou a campanha inteira ressaltando que Santa Maria precisa de uma mudança de gestão? Quem votou em Riesgo não vota em Valdeci?
Tipo do texto ‘porque votar em Aideti’. Jornalistas acham que são espertos. Mudança de gestão de Riesgo se ele fosse eleito e cumprisse a promessa. Decimo ‘continua’ a gestão anterior, um bando de incompetentes continua também. Só que considerar dois mesozoicos como Aideti e Farret ‘mudança de gestão’ é forçar muito a barra.