Dia da consciência negra – por Elen Biguelini
Nesta quarta-feira tivemos o primeiro dia da consciência negra como feriado nacional. Muitos se recusaram a aceitar o novo feriado, mas ao menos foi levantado um importante debate sobre a história brasileira. Afinal, o racismo e o preconceito fazem parte da História do Brasil e é preciso discutir assuntos relevantes à história das pessoas negras, de seu legado, vida, opressões e resistência.
Infelizmente o racismo estrutural da sociedade brasileira ainda é muito forte. Isto nos leva a, por vezes, perpetuarmos ações e atitudes racistas sem o conhecimento ou a compreensão de que aquela é uma atitude racista.
Isto se dá tanto por meio da linguagem, que durante séculos descreveu a negritude como algo negativo, bem como através das representações midiaticas majoritariamente brancas (pela primeira vez na história da teledramaturgia brasileira temos 3 protagonistas negras nas 3 novelas principais do horário nobre).
Com tantas bases criadas em cima de opiniões e informações racistas, é difícil quebrar paradigmas e perceber a realidade: que muitos termos devem ser modificados ou melhor explicados, que nossa mídia não reflete a cor da maioria de nossos brasileiros, que nossos livros de história não dão ação as pessoas negras da história (falando em escravos ao invés do termo mais correto escravizados).
Discutir todas estas questões é bom. Porque ainda que alguns continuem com frases feitas como “Cadê o dia da consciência branca?”, outras se vêem obrigados a refletir sobre sua posição na sociedade, sobre as diferenças que fazem de nós humanos e a forma como elas deveriam ser compreendidas para que todos fossemos tratados de forma igual. E, mais importante, concluir que a sociedade impôs um tratamento diferente as pessoas negras. Que elas foram mal tratadas durante séculos e que criar um dia para que possamos olhar para o passado e valorizar as conquistas daqueles que batalharam duplamente pelo seu sucesso e pela sua liberdade é o mínimo que a sociedade como um todo pode fazer para honrar áqueles que sofreram em suas/nossas mãos no passado.
(*) Elen Biguelini é doutora em História (Universidade de Coimbra, 2017) e Mestre em Estudos Feministas (Universidade de Coimbra, 2012), tendo como foco a pesquisa na história das mulheres e da autoria feminina durante o século XIX. Ela escreve semanalmente aos domingos, no Site.
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