A cada fim de ano, faço minha avaliação do período junto a desejos para o vindouro. Não chega ser algo original, mas um costume que trago comigo tem muito tempo. A essa disposição chamo de “meu pequeno balanço”, onde faço a soma dos ganhos, subtraio o que me pareceu derrotas, divido vitórias com quem delas participou e incluo, sem necessariamente valorar, outros fatores que moldaram e montaram, nos últimos 12 meses, este mosaico que chamamos de vida vivida.
Com o tempo e a idade, aprendi que não devo ser tão crítico comigo mesmo e não busco colocar grandes expectativas no que está por vir. No primeiro caso, por ter noção das minhas limitações enquanto ser humano falível e imperfeito. No outro, talvez para não ter a frustração como parceira próxima, mas principalmente por entender que nesse turbilhão de ações e reações a que estamos expostos pelo simples motivo de estarmos vivos, muitas coisas não são previsíveis ou calculáveis e fogem da nossa governabilidade.
De qualquer forma, e a partir das premissas acima expostas, busco humilde e curiosamente realizar esse exercício, composto por feitos e desejos, como que a exorcizar os medos que nos rodeiam – muitos deles concretamente reais – e mostrar ao “eu” recalcitrante que habita cada um de nós que sim, se algo não chega a ser 100% possível, pode ser, pelo menos em parte, provável, buscado. Ao me deparar com o feito pretérito, o vejo como pegadas que deixo em minha caminhada. E ao dar forma imaginativa aos desejos invisto na esperança, no seguir em frente nessa mesma trilha.
Ao listar mentalmente os tais “feitos”, minha lista inclui desde pequenos gestos, como dedicar um pouco mais de tempo aos que amo e às palavras proferidas, assim como aos gestos de apoio, a quem a mim recorreu em algum momento delicado. Também incluo nesse rol minhas ações político-institucionais para pôr em prática leis que consegui aprovar mas que até o momento, por motivos às vezes incompreensíveis ou injustificados, não foram tiradas do papel pelo governo gaúcho, como é o caso da Lei do Teste do Pezinho Ampliado, que se estivesse valendo iria garantir aos recém nascidos em solo gaúcho a detecção e o tratamento de cerca de 50 doenças – ao invés das atuais seis -, salvando assim a vida de muitas crianças a partir do diagnóstico precoce.
Acrescento ao balanço os movimentos e articulações dos quais participei, juntamente com outros homens e mulheres, que resultaram em emenda parlamentar de R$ 1,3 milhão que destinei para a saúde em Santa Maria, pela ampliação e aplicação correta dos recursos destinados ao setor no estado, em defesa inconteste da Democracia, pela manutenção de direitos sociais, no bater diário na tecla do combate à fome e no embate para que o público seja realmente para todos e não apenas para poucos privilegiados, uma realidade infame onde o lucro é direcionado a alguns enquanto o prejuízo é socializado entre aqueles que, apesar de carregarem sobre seus ombros o peso da pirâmide, ficam cada vez mais longe do seu topo.
Assim como nas últimas décadas, nos 12 meses que compuseram 2024 estive ao lado do presidente Lula na sua incansável cruzada para incluir o povo no orçamento público e aumentar a renda dos mais pobres, no seu esforço para disponibilizar mais de R$ 100 bi para a reconstrução do RS castigado pelas águas, no resgate da nossa imagem enquanto nação civilizada e na busca por uma justiça tributária que não penalize a maioria da população em detrimento dos injustos privilégios a que somente os mais abastados têm acesso.
E entre os desejos para o próximo período, muitos se repetem há algum tempo, visto que continuam a se mostrar como verdadeiras chagas a necrosar nossa sociedade e cujo odor repulsa até o mais insensível dos olfatos. Falo do respeito às leis e protocolos que impeçam que um trabalhador seja jogado de uma ponte por um policial, que uma criança seja alvejada por forças de segurança enquanto trafega de carro com sua família, que uma mulher seja covardemente agredida por discordar da abordagem feita por quem deveria protegê-la. Falo do desejo de não ver jovens, desarmados e não oferecendo perigo, sendo mortos pelas costas por roubarem sabão ou perderem a vida por darem um tapa no retrovisor de uma viatura ou que faleçam sentados à espera de atendimento médico.
Para 2025, desejo mais tolerância e inclusão, que sorrisos se multipliquem e se mostrem verdadeiros, que a esperança não seja apenas um querer distante e que juntos possamos resolver equações onde nem sempre dois mais dois são quatro. Desejo que os afetos se reproduzam aos borbotões, que líderes mundiais se coloquem no lugar do outro e que a Paz não seja artigo de luxo.
E olhando meus netos rindo e correndo pela casa, chego à conclusão que não almejo o impossível, mas o básico para que continuemos a chamar a nós próprios de civilizados, de humanos.
Um Feliz 2025 a quem acredita ou não que é isso possível. E até elaborar a próxima lista, vou lutar por esses desejos durante cada um dos próximos 365 dias.
(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria.
ATENÇÃO
1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.
2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.
3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.
4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.
5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.
OBSERVAÇÃO FINAL:
A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.