DestaqueEstado

KISS. Exposição que marca 12 anos da tragédia de Santa Maria é aberta na Assembleia Legislativa

Exposição reforça necessidade de mudanças nas políticas de segurança

“O ato de hoje faz parte desse movimento, dessa tentativa de interromper um ciclo muito pesado de normalização da insegurança e de fortalecimento da impunidade”, disse o deputado Valdeci Oliveira. Foto Lucas Kloss / Agência ALRS

Por Tiago Machado / Assessor de imprensa de Valdeci Oliveira

Em uma atividade carregada de emoção, vozes embargadas e olhos marejados por lágrimas, os 12 anos da tragédia que abalou o Rio Grande do Sul e o Brasil estão sendo marcados pela Exposição fotográfica “Sobrevivi para Contar: 12 Anos do Incêndio da Boate Kiss”, com trabalhos do fotógrafo Eduardo Ramos. A iniciativa é do Coletivo “Kiss: que não se repita”, grupo formado por amigos de vítimas e sobreviventes do incêndio ocorrido em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria, que ceifou a vida de 242 pessoas, em sua maioria jovens, e deixou mais de 630 feridos.

Segundo os organizadores, além de refletir sobre a importância da memória enquanto algo coletivo, “a intenção é que essas narrativas despertem empatia, gerem mobilização e reforcem a necessidade de mudanças efetivas em políticas públicas de segurança. Em janeiro a exposição foi apresentada em Santa Maria, na Câmara Municipal de Vereadores.

Em sua fala, o deputado Valdeci Oliveira, ex-prefeito de Santa Maria, apoiador e proponente da mostra no Parlamento estadual, lembrou que a Casa Legislativa foi a autora da chamada Lei Kiss, um moderno regramento com exigências severas de investimentos e cuidados para evitar sinistros. Na época da sua aprovação, há mais de uma década, ela representou o resultado de um forte trabalho de atualização da legislação de segurança e prevenção contra incêndios e foi elaborada por uma Comissão Especial sob a coordenação do ex-deputado Adão Villaverde.

“Fiz parte desse grupo e posso atestar que foi um dos trabalhos mais sérios e aprofundados deste Parlamento nos últimos anos. Lamentavelmente, ela foi flexibilizada no decorrer dos anos, a partir de muitas pressões e interesses, o que é grave e preocupante”, afirmou. Na avaliação de Valdeci, as mudanças ocorridas posteriormente se configuraram “um retrocesso que mostra o quanto ainda precisamos lutar pela conscientização da sociedade a respeito da proteção à vida. E o ato de hoje faz parte desse movimento, dessa tentativa de interromper um ciclo muito pesado de normalização da insegurança e de fortalecimento da impunidade”, disse.

“Sobreviver a essa tragédia é levá-la sempre dentro da gente”, destacou Vanessa Vasconcelos, irmã de uma das vítimas e ex-funcionária da boate. Para o presidente do Coletivo “Kiss: que não se repita”, André Polga, o incidente foi na verdade um crime que revelou falhas estruturais graves.

“Precisamos transformar a dor em políticas públicas eficazes e denunciar que, a partir da desinformação e do desprezo, até hoje há julgamentos sendo proferidos por pessoas culpando as vítimas pelo triste desfecho”, lembrou. Na sua manifestação, Polga leu frases como “vocês querem vingança e dinheiro”, “estavam todos bêbados” ou “se estivessem dentro de uma igreja não teriam morrido”, entre outras, ditas inúmeras vezes, conforme o relato dele, principalmente nas redes sociais, com o claro objetivo de culpabilizar aqueles e aquelas que morreram naquela noite de janeiro de 2013. Polga leu também o depoimento de uma jovem que saiu viva do incêndio, onde ela diz que, diante das cobranças e comentários, ter sobrevivido é quase um ato de vergonha. “Nossa luta é movida por amor, por memória, por justiça e para que não se repita”, enfatizou.

Com o objetivo de alcançar um público mais amplo, a exposição “Sobrevivi para Contar”, que ficará aberta para visitação até o dia 7 de fevereiro, no Espaço de Exposição Carlos Santos (térreo do Palácio Farroupilha, em Porto Alegre, sempre das 8h30 às 18h), também está com as imagens e peças audiovisuais disponibilizadas nas redes sociais, como no aplicativo Instagram, e em outras plataformas de mídia.

Também participaram da atividade a deputada Luciana Genro, o diretor do documentário “Janeiro 27”, que registrou os 10 anos da tragédia, Luiz Alberto Cassol, o vereador de Porto Alegre Alexandre Bublitz, além de convidados e familiares.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo