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Por Milene Eichelberger / Da Agência de Notícias da UFSM
A telessaúde surgiu para facilitar o acesso e a oferta de serviços de saúde à população: ela une as transformações tecnológicas com a assistência à saúde, utilizando as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Com serviços como teleconsultas, telediagnóstico, teleconsultoria e educação em saúde, essa modalidade tem ganhado espaço no Brasil, especialmente após a pandemia de Covid-19.
Desde agosto de 2024, o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) já oferece atendimento remoto para diversas áreas. A Unidade de e-Saúde lidera a implementação da telessaúde, com a coordenação do analista de dados Rafael Paim Leal e suporte técnico da enfermeira Juliane Guerra Golfetto.
Regulamentação da Telemedicina no Brasil: principais diretrizes e modalidades
A regulamentação da telemedicina veio com a Resolução nº 2.314/2022 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que define modalidades como:
- Teleconsulta: Consulta médica não presencial com médico e paciente localizados em diferentes espaços.
- Teleconsultoria: Consultoria mediada entre médicos, gestores e outros profissionais, com a finalidade de prestar esclarecimentos sobre procedimentos administrativos e ações de saúde.
- Teleinterconsulta: Troca de informações e opiniões entre médicos, com ou sem a presença do paciente. Pode ocorrer, por exemplo, entre um médico de Família e Comunidade e outro especialista sobre determinado problema do paciente.
- Telecirurgia: Quando o procedimento é feito com utilização de um equipamento robótico, manipulado por um médico que está em outro local.
- Telediagnóstico: Emissão de laudo ou parecer de exames, por meio de gráficos, imagens e dados enviados pela internet.
- Televigilância: Também conhecido como telemonitoramento, é o acompanhamento a distância dos sintomas do paciente. Pode ser por meio de imagens, dados de equipamentos e dispositivos próximos ou implantáveis nos pacientes.
- Teletriagem: Realizada por um médico para avaliação dos sintomas do paciente, a distância, para regulação ambulatorial ou hospitalar, com definição e direcionamento do mesmo ao tipo adequado de assistência que necessita ou a um especialista.
Telessaúde na UFSM: impacto e desafios na implementação
A escolha pela telessaúde deve priorizar os melhores resultados para o paciente, sendo necessário que o médico avalie se ela é, realmente, a modalidade ideal de atendimento. Gustavo Nogara Dotto, professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Gerente de Ensino e Pesquisa Substituto no HUSM, explica que o processo da telessaúde envolve uma série de adequações que devem considerar o local e o público para quem ela está sendo pensada e aplicada. Trata-se de uma ação também cultural. “A ideia principal da telessaúde está centrada em mitigar as complicações e readmissões”, destaca Gustavo, que complementa: “o telemonitoramento nas fases de pré-admissão e pós-alta, por exemplo, conferem uma maior eficiência aos atendimentos médicos”, conta.
No HUSM, o primeiro atendimento aos pacientes é sempre presencial. A partir disso, dependendo do caso, o acompanhamento pode ocorrer de forma online, por meio de uma estrutura complexa que envolve estações de telessaúde equipadas com tecnologia avançada e protocolos específicos para diferentes tipos de atendimento. Os serviços disponibilizados contemplam:
- Consultoria em aleitamento materno para mães com bebês até 40 dias de vida.
- Acompanhamento de resultados de exames, especialmente na área da saúde da mulher.
- Triagem e monitoramento de pacientes antes da internação e após alta hospitalar.
- Teleconsultorias entre profissionais.
- Telemonitoramento contínuo pós-alta.
Desafios da Telessaúde no Brasil: acesso e inclusão digital
Ainda existem obstáculos para o acesso pleno da população à telessaúde. O acesso à internet e às TICs não é universal, e dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) indicam que, até 2023, 5,9 milhões de domicílios no Brasil não estavam conectados. Além disso, a desigualdade educacional também impacta o uso de novas tecnologias, com lacunas entre diferentes faixas etárias e socioeconômicas.
“O principal desafio é a desigualdade no acesso à tecnologia”, conclui Rafael Paim Leal, chefe da Unidade de e-Saúde do HUSM. A equipe do HUSM identificou barreiras significativas, como a familiaridade limitada com tecnologia, especialmente entre idosos, e dificuldades com ferramentas digitais. Para superar esses obstáculos, a Unidade de e-Saúde realiza uma avaliação prévia dos pacientes, oferece suporte contínuo e promove capacitação para profissionais de saúde.
No entanto, Gustavo Dotto também ressalta algumas limitações da telessaúde: “Não substitui o atendimento presencial em emergências ou casos complexos que exigem exame físico, e há restrições para primeiras consultas de casos complexos e situações que requerem avaliação física direta, como no caso de bebês prematuros”.
Avanços na Telessaúde: projetos inovadores e impacto social
Mesmo diante dessa realidade, o professor pontua que há avanços possíveis na assistência para áreas que não contam com uma ampla cobertura de saúde pública. O atual projeto coordenado por Gustavo e aprovado pelo Edital PROEXT-PG UFSM Além do Arco se intitula “Programa Integrado de Telessaúde: Resposta à Crise Climática no Rio Grande do Sul por meio da Parceria entre Programas de Pós-Graduação da UFSM”, e prevê beneficiar mais de dois mil pacientes até 2026, contribuindo para a redução de reinternações e melhoria da qualidade do atendimento.
“É uma transformação necessária na forma como prestamos serviços de saúde, especialmente considerando os desafios climáticos que nossa região enfrenta”, conclui Gustavo.
A iniciativa é resultado de uma parceria entre os Programas de Pós-Graduação da UFSM de Ciências da Saúde, Bioquímica Toxicológica, Tecnologias em Rede e Educação e conta com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Santa Maria.
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