
Por Bruna Homrich (Com foto de Italo de Paula) / Da Assessoria de Imprensa da Sedufsm
“O sindicato já te passou o valor que você vai receber? […] Então eu vou te passar: o valor é R$58 mil reais. Já estão pagos os honorários advocatícios e você irá receber esse dinheiro na sua conta ainda hoje. Eu só preciso que você me passe um Pix para acertar o valor das custas do tabelionato. Entra agora no aplicativo do banco que eu vou fazer contigo o pagamento”.
Esse foi um trecho do diálogo ocorrido por telefone entre o professor Edner Baumhardt, do departamento de Engenharia Florestal da UFSM em Frederico Westphalen, e um dos criminosos responsáveis pelas muitas tentativas de golpe recentemente sofridas por professores e professoras da UFSM. Após Edner, já desconfiado, negar que entraria no aplicativo naquele momento para realizar o Pix, o golpista passou um nome e um número de CPF para o qual o valor deveria ser enviado. “Assim que tu pagar o tabelionato, eu já faço o pagamento da tua restituição judicial”, disse a voz, com sotaque semelhante ao do Nordeste brasileiro. Tão logo desligou o celular, Edner já bloqueou o contato. Se tivesse feito o Pix, o docente teria perdido R$ 2.998, valor solicitado pelos golpistas.
O mesmo não ocorreu com Joana (nome fictício, usado para proteger o anonimato da fonte), docente aposentada da UFSM, que, quando percebeu ter sido vítima de golpe, já era tarde demais: havia repassado R$ 6.998,80 aos criminosos.
“[Disseram] que era necessário fazer um depósito, via Pix, forneceram o CPF, um nome de mulher, que era para pagar as custas do Cartório. E mais um outro valor, para ser liberado pelo Banco Central. Aqui foi o momento que desconfiei, mas já era tarde. Ao entender que era golpe, liguei para o mesmo número do WhatsApp e deixaram de responder. Fiz BO na polícia e levei a documentação à Agência da Caixa, onde tenho conta, registrei o ocorrido. Depois de 10 dias, foi me informado que não havia mais valores na conta do Banco”, relata.
Tanto com Edner quanto com Joana, o primeiro contato dos golpistas foi via WhatsApp. Nas mensagens, que continham o nome e o CPF dos docentes, era informado que haviam sido liberados valores referentes a vitórias em processos judiciais – Índices de 3,17% e de 28,86%. Alegando que as ações foram movidas pelo departamento jurídico da Sedufsm, os criminosos orientavam as vítimas a ligar ou fazer contato via WhatsApp com um número de telefone especificado (número que variava), através do qual supostamente falariam com o Dr. José Luís Wagner (por vezes a grafia vinha como José Luiz Wagner), que seria o advogado responsável. Quem ligou para o número de fato conversou com um homem que se fazia passar por Wagner.
“Bateram todos os meus dados” – Paulo (nome fictício, usado para proteger o anonimato da fonte), docente da UFSM em Palmeira das Missões, também foi abordado via WhatsApp pelos golpistas. Após receber a mensagem, conversou por telefone com os criminosos, que confirmaram todos os dados pessoais dele, tais como nome da mãe, nome do pai e data de nascimento.
Na conversa, o professor ouviu que teria um valor de R$ 98 mil para receber. “’Entra no teu [aplicativo de] banco agora que vou te passar um valor do cartório para pagar’, ele disse. Eu disse que meu banco não estava permitindo o acesso. Pedi os dados do Pix e ele mandou. O valor era R$ 4900”, contou Paulo, que achou aquele valor muito alto para uma taxa cartorial. Após conversa com outros docentes, entrou no site oficial do escritório Wagner Advogados Associados e lá viu a mensagem alertando sobre os golpes em andamento.
Paulo tirou print da mensagem e enviou na conversa de WhatsApp com os criminosos. Posteriormente, registrou Boletim de Ocorrência (BO) na Polícia Civil, já que os golpistas haviam tido acesso a seus dados pessoais. “É necessário uma investigação policial mais detalhada”, defende o docente.
Investigações
Em entrevista à Sedufsm, o verdadeiro José Luis Wagner, sócio do escritório Wagner Advogados Associados, que de fato presta assessoria jurídica à seção sindical docente, diz que esse tipo de golpe tem se alastrado por todo o país, usando não somente o nome de seu escritório, mas de outros colegas que atuam em diferentes áreas do direito e em variadas esferas da federação. Tamanho é o alcance dessa rede que tribunais, polícias, entidades sindicais e a própria Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) vêm tentando coibir a atuação dos criminosos.
No que tange aos Tribunais, explica Wagner, há tentativas de criar barreiras digitais e formas de identificar pessoas que acessam os processos eletrônicos em trâmite no País.
“Quanto à Polícia, várias frentes de investigação estão ocorrendo ao mesmo tempo, porém não se desconhece a complexidade das investigações a respeito da autoria desses crimes, nos quais se empregam artifícios que dificultam a identificação dos criminosos e a recuperação de valores, tais como a pulverização do dinheiro recebido ilegalmente para diversas contas bancárias e principalmente a repercussão interestadual da atuação das organizações criminosas”, diz o advogado.
Wagner informou que, recentemente, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu duas pessoas e cumpriu 14 mandados de busca e apreensão no estado do Ceará em razão da suspeita de aplicação dos referidos golpes usando indevidamente o nome de escritórios de advocacia do Município de Santa Maria (RS). Ação semelhante foi desempenhada por policiais civis de Ribeirão Preto (SP) e Porto Alegre (RS), que cumpriram 22 mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão temporária na cidade de Ribeirão Preto, em uma investigação que aponta um prejuízo de cerca de um milhão de reais para ao menos 300 vítimas espalhadas pelo Brasil.
“Da nossa parte, enquanto escritório de advocacia, estamos auxiliando naquilo que é possível as investigações, e na medida que as informações e denúncias chegam ao nosso conhecimento, através dos clientes ou das entidades sindicais assessoradas, realizamos as respectivas queixas-crime junto a delegacia de polícia competente. Além disso, mantemos a incessante campanha de orientação e esclarecimento aos clientes, através de todas as mídias digitais possíveis, alertando sobre as tentativas de golpes”, garante Wagner.
Ele, que atualmente é Conselheiro Federal da OAB, conta ter encaminhado ofício ao Conselho Federal da Ordem alertando sobre a relevância da situação e propondo que as investigações sejam repassadas à Polícia Federal.
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