
Por Pedro Pereira (com foto de Daniel Michelon de Carli) / Da Agência de Notícias da UFSM (*)
Para abrir a Recepção Institucional, a UFSM promoveu na manhã desta segunda-feira (10) uma palestra no Campus Sede com egressos da Universidade para conversar e tirar dúvidas dos calouros. A vice-prefeita de Santa Maria, Lúcia Madruga, a primeira mulher a assumir a função do Executivo, é ex-pró-reitora de Planejamento da instituição, além de ser formada em Administração, e está entre os convidados.
Hoje professora aposentada, Lúcia também já foi secretária de Educação na cidade, possuindo uma vasta experiência na gestão pública tanto universitária quanto municipal. Entretanto – ou por conta de todas essas posições -, todo passo que ela deu teve obstáculos no caminho, seja como estudante ou servidora.
A educação, área em que a vice-prefeita mais se dedicou ao longo da vida, ainda conta com muitos desafios. Na visão da própria egressa, a precarização afeta em diversos níveis: dos professores, que não vivem em boas condições de trabalho, aos jovens alunos, que em sua grande maioria não têm acesso ao ensino de qualidade. Estudar na UFSM, dessa forma, é um caminho que os acadêmicos têm para mudar esta esfera e tantas outras do mundo. Confira abaixo a conversa de Lúcia Madruga com a Agência de Notícias.
Agência de Notícias: A senhora se formou em Administração na UFSM e teve uma carreira marcada por cargos na gestão pública e acadêmica, tendo hoje um papel crucial e histórico como vice-prefeita de Santa Maria. Como essa formação ajudou na sua trajetória?
Lúcia Madruga: A formação e a administração oferecidas pela UFSM foram cruciais para o meu desenvolvimento na gestão pública. Principalmente porque, a partir dessa formação, também me tornei professora na área. Tendo sido professora e atuando na administração da Universidade, acabei ocupando cargos dentro da instituição, o que representou o primeiro passo para o desenvolvimento da minha carreira pública como gestora. Então, eu diria que essa formação foi fundamental.
Agência de Notícias: Ao longo de todos esses anos de gestão, quais foram os desafios mais marcantes que você enfrentou ao longo da carreira?
Lúcia Madruga: Eu poderia dizer que, ao longo da minha carreira, enfrentei diversos desafios. O primeiro grande desafio, no campo da gestão, foi ter sido pró-reitora adjunta de Planejamento. Já na carreira acadêmica, vivenciei os desafios naturais da trajetória universitária, desde a formação até a obtenção do doutorado em Agronegócios, o que me permitiu desenvolver uma carreira acadêmica reconhecida.
Na gestão pública, sem dúvida, o maior desafio foi ter sido secretária de Educação do Município por sete anos. Mais recentemente, enfrentei um novo desafio ao me lançar em uma campanha política, mesmo após anos de trabalho, já como professora aposentada da UFSM e com minha trajetória como secretária de Educação praticamente concluída.
Dessa forma, minha carreira foi marcada por diferentes desafios. O primeiro foi consolidar minha formação acadêmica. Em seguida, iniciei minha trajetória na gestão como pró-reitora, depois assumi a Secretaria de Educação, que foi o maior de todos os desafios, e, mais recentemente, aceitei um novo caminho, que estou começando a trilhar: a vice-prefeitura de Santa Maria. Esse marco se tornou ainda mais significativo pelo fato de eu ter sido a primeira mulher a ocupar essa posição.
Agência de Notícias: Como é voltar à UFSM hoje, olhando para trás e vendo todos os obstáculos que a senhora ultrapassou para se tornar vice-prefeita de Santa Maria?
Lúcia Madruga: É sempre muito gratificante retornar à UFSM pois, ao olhar para trás, vejo a formação acadêmica que construí aqui, tanto na graduação quanto no mestrado. Além disso, é uma oportunidade de relembrar minha trajetória como docente, período em que tive muitos alunos. Muitos deles também foram fundamentais para que eu chegasse ao cargo de vice-prefeita.
Ao longo da carreira, enfrentei diversos obstáculos, como qualquer profissional que busca o sucesso. No entanto, sempre tive um perfil voltado para desafios e, dentro da Universidade, coloquei isso em prática diversas vezes. Sempre que me desafiei, obtive bons resultados.
Agência de Notícias: A UFSM tem um papel importante no desenvolvimento de Santa Maria. Como a Universidade e a Prefeitura podem trabalhar juntas para fortalecer esse impacto?
Lúcia Madruga: Sem dúvida, a UFSM desempenha um papel fundamental no desenvolvimento da nossa cidade. Sendo um centro de produção de conhecimento em diversas áreas, a Universidade tem grande potencial para estabelecer parcerias e compartilhar inovação, contribuindo diretamente para a transformação da cidade por meio de ações conjuntas com a prefeitura.
Esse trabalho em parceria pode acontecer de várias formas: no processo formativo, no desenvolvimento de experiências que podem se transformar em produtos ou processos inovadores, na pesquisa científica e, principalmente, na extensão. A extensão, além de contribuir para a formação dos estudantes, permite que a prefeitura se beneficie dessas atividades ao longo de sua implementação.
Acredito muito no fortalecimento dessa parceria e vejo essa aproximação como algo extremamente necessário para o crescimento da cidade e o aproveitamento do potencial da Universidade em benefício da sociedade.
Agência de Notícias: Quais desafios ainda existem na área da educação em Santa Maria e como a gestão planeja solucioná-los?
Lúcia Madruga: Ainda há muitos desafios na área da educação. Superamos diversos obstáculos que, eu diria, eram impeditivos para o desenvolvimento da educação municipal. No passado, enfrentávamos uma realidade de escolas precarizadas e condições de trabalho desfavoráveis para os professores. No entanto, ao longo de sete anos e meio, conseguimos valorizar o trabalho docente, garantir a hora de planejamento e a hora-atividade, melhorar a infraestrutura de muitas escolas, construir novas unidades e modernizar equipamentos. Essas ações permitiram superar um grande desafio que, em minha visão, era um entrave para o desenvolvimento futuro.
Agora, nosso maior desafio é, sem dúvida, promover a equidade na aprendizagem. Precisamos garantir que nossos estudantes avancem nos estudos e melhorem seu desempenho nos indicadores de avaliação, que hoje representam nossas principais metas para os próximos anos. Para isso, planejamos investimentos significativos e um trabalho estruturado em conjunto com os professores, dentro do conceito da “Escola do Futuro”. Esse modelo de escola prioriza o ensino em tempo integral e a formação integral dos estudantes, desenvolvendo não apenas os conhecimentos tradicionais, mas também novas habilidades essenciais para o futuro. Por isso, posso afirmar que o grande desafio agora está na aprendizagem.
Agência de Notícias: Que conselhos a senhora daria para os novos estudantes que estão ingressando agora na UFSM?
Lúcia Madruga: Eu diria aos novos estudantes da UFSM que aproveitem ao máximo a oportunidade de realizar sua formação em uma universidade pública, reconhecida, sem sombra de dúvida, como uma das mais importantes e destacadas, não apenas no cenário nacional, mas também internacional. É essencial valorizar esse espaço público de ensino, pois ele é precioso não só financeiramente, mas, principalmente, pelas oportunidades e possibilidades que oferece aos estudantes ao longo de sua formação.
Aproveitem intensamente essa fase, mas também construam laços – com seus professores, colegas e todas as oportunidades que surgirem. Esses vínculos podem ser levados para toda a vida. Eu mesma mantenho até hoje relações com ex-alunos, que hoje resultam em encontros mais festivos, cheios de alegria e bons momentos para todos nós.
Além disso, entendam que o ensino público já foi, de alguma forma, financiado pela sociedade, por meio dos impostos, e, por isso, deve ser valorizado. Não se limitem a fazer apenas o básico; busquem aquilo que pode trazer um diferencial para sua vida profissional. E, claro, aproveitem também para viver intensamente o ambiente universitário, pois essa é uma fase única, que nunca mais volta, mas que deixa lembranças e experiências que acompanharão vocês para sempre.
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(*) Nota do Editor: a recepção institucional na UFSM contou ainda com outras duas manifestações de ex-alunos da Universidade. Um deles o empresário, graduado em Ciência Contábeis, Paulo Monteiro (“Ter somente habilidades técnicas não gera diferenciais no mercado”), e o outro o jornalista Marcelo Canellas (“Tenha independência intelectual e se deixe surpreender pela vida”)
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