A força da reconstrução está em cada um de nós – por Luís Henrique Kittel
Quando tudo parece desabar, de onde vem a força para seguir em frente?

Quase um ano se passou desde que o Rio Grande do Sul enfrentou uma das maiores tragédias de sua história. As enchentes e deslizamentos deixaram cicatrizes profundas no estado — inclusive na nossa região. Estradas intransitáveis, pontes levadas pela correnteza, casas destruídas e corações abalados. Foi um tempo difícil. E a pergunta que ecoava em todos era: como reerguer tudo isso?
A resposta nasceu da própria comunidade. De mãos estendidas, de voluntários incansáveis, de servidores públicos comprometidos, de vizinhos que acolheram vizinhos. Descobrimos que reconstruir é um esforço coletivo — e é por isso que afirmo: a verdadeira força está em cada um de nós.
Diante dos desafios climáticos cada vez mais frequentes e intensos, fortalecer a Defesa Civil Municipal deixou de ser uma escolha — passou a ser uma prioridade estratégica. Foi com esse entendimento que, em Agudo, estruturamos uma equipe preparada, com equipamentos próprios e um Fundo Municipal para captar recursos a serem utilizados nos momentos críticos.
Ainda há um longo caminho pela frente. A calamidade deixou marcas visíveis e invisíveis: casas que ainda precisam ser reconstruídas, pontes a serem refeitas, famílias que aguardam melhorias em seus acessos e propriedades. Mas é fundamental reconhecer o quanto já avançamos.
Em menos de 12 meses, estamos conseguindo reconstruir e aprimorar estruturas que levaram décadas para serem feitas — e, mais do que isso, fazendo melhor: com mais segurança, planejamento e qualidade.
E o que aprendemos com tudo isso?
Aprendemos que a Defesa Civil vai muito além de um setor da gestão pública — é um compromisso coletivo com a prevenção e a proteção da vida. Por isso, precisamos ir além da resposta emergencial e repensar as políticas públicas que sustentam essa estrutura.
Por isso, precisamos repensar as políticas públicas que sustentam esse sistema. É fundamental ampliar a autonomia dos municípios na aplicação dos recursos e fomentar mecanismos que permitam o uso de tributos devidos por empresas em benefício de estruturas públicas municipais, especialmente nas cidades do interior — as mais vulneráveis às mudanças climáticas.
A reconstrução de Agudo e do Rio Grande do Sul está em andamento. Mas é preciso fazer mais do que restaurar a infraestrutura: é essencial reconstruir a confiança da população, a sensação de segurança e o sentimento de pertencimento ao nosso lugar.
Porque, no fim das contas, quando o alarme da emergência dá lugar ao silêncio da realidade, é o povo quem age. É o povo quem reergue. Afinal, Defesa Civil somos todos nós. E a força da reconstrução está – e sempre esteve – em cada um.
(*) Luís Henrique Kittel, 39 anos, é jornalista formado pela então Unifra, atual UFN). É prefeito reeleito do município de Agudo (o único do PL na região), foi vice-presidente do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia e atualmente é vice-presidente da Associação dos Municípios da Região Central (AM Centro). Ele escreve no site às quintas-feiras.
Problema é que os politicos do RS são bons. Para o século XIX.