Ao Curso de Paisagismo, com afeto – por Leonardo da Rocha Botega
O abraço de um professor do Politécnico – sim, daquele “barulhento professor”

Queridos amigos e queridas amigas do Curso de Paisagismo do Colégio Politécnico da UFSM,
Muitos de vocês talvez não me conheçam ou me conheçam apenas de breves saudações, por isso tomo a liberdade de me apresentar. Quem lhes escreve é aquele professor baixinho que quando passa os corredores sempre ficam um pouco barulhentos. Peço desculpa se em algum momento o meu barulho atrapalhou as aulas de vocês, esta é apenas a minha forma inconsequente de expressar a minha esperança no ser humano, apesar dos pesares.
Esperança talvez seja uma palavra difícil para este momento. Uma abstração que vive longe em nossa mais profunda tristeza. Sim, estamos tristes. Não é feio ficar triste. Não é feio chorar, deixar o luto se expressar no tempo e na forma que ele vier. As dores da “alma” são mais difíceis e estranhas do que a dor física. O corpo, na maioria das vezes, a gente conserta, a ferida da alma fica eternamente aberta. Com o tempo a gente produz uma tampa artificial pra minimizar a dor.
O tempo cura tudo, diz a sabedoria popular. Não tenho tanta certeza disso! O tempo acomoda as nossas dores, mas elas ficam lá. Esperando a melancólica tampa da ferida se abrir. O tempo não é sujeito. Sujeito somos nós! Nós estabelecemos que um ano tem 365,25 dias. Que um dia tem vinte e quatro horas. Que uma aula tem cinquenta minutos ou uma hora de duração. Nós estabelecemos o que fazemos com o tempo e em que tempo estamos.
Hoje é tempo de tristeza! De “confusão de sentimentos”, de “tristeza no olhar”, como diz a música Saudade, o hino santa-mariense da minha geração. Mas também é tempo de solidariedade. Tempo de abraços. Nos últimos dias, o nosso Colégio Politécnico da UFSM foi fortemente abraçado. Fomos abraçados e nos abraçamos. O abraço é a mais linda forma de afeto! O abraço nos faz sentir o outro como parte da gente. Como um igual, mesmo sendo diferente.
Mas, por que estou escrevendo sobre abraços? Afinal, de abraços os profissionais e estudantes de paisagismo entendem muito! Vocês abraçam o mundo e fazem o mundo se abraçar. Construir beleza é proporcionar inúmeros abraços. Abraços de gratidão pela beleza produzida. Abraços pela emoção de ver o que é belo. Vocês fazem até mesmo a natureza, mal tratada pela humanidade, nos abraçar.
Vocês constroem o mais lindo dos afetos. É o afeto que cura tudo. Nosso Colégio Politécnico é um espaço de afeto! Ensinar e aprender é por si só um ato de afeto! Este afeto vai reconstruir o Curso de Paisagismo. Vai transformar as nossas dores em memórias! Memórias doces e memórias duras! Quando estas últimas vierem tenham certeza de que estaremos na sala ou no prédio ao lado para dar-lhe um abraço.
Com muito afeto,
Leonardo da Rocha Botega, barulhento professor de História
(*) Leonardo da Rocha Botega, que escreve regularmente no site, é formado em História e mestre em Integração Latino-Americana pela UFSM, Doutor em História pela UFRGS e Professor do Colégio Politécnico da UFSM. É também autor do livro “Quando a independência faz a união: Brasil, Argentina e a Questão Cubana (1959-1964).
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