O machismo tombou ao topar com Marina Silva – por Valdeci Oliveira
Ministra saiu maior entrou. Já os algozes “confirmaram que lhes falta estatura”

O desenrolar do “convite” feito à ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, que esteve presente à Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado na última esta terça-feira (27), entrará para os anais da República brasileira como exemplo da antipolítica, da falta de decoro, de tudo aquilo que deve ser evitado na vida institucional de qualquer nação minimamente civilizada e nas relações interpessoais.
A participação de Marina no colegiado para tratar da criação de unidades de conservação marinha no Norte do país, e se estas acabariam ou não por impossibilitar a prospecção e exploração de petróleo na Margem Equatorial no Amapá, no mínimo foi uma cena grotesca, covarde, com alta carga de ódio e desrespeito protagonizada por homens brancos, com gana e raiva nos olhos e não interessados no jogo democrático nem ao fato de encarar de igual para igual uma mulher negra, pequena e de saúde frágil.
Da pauta oficial, diante de tanto absurdo, pouco se falou, pois não restou outra postura à ministra senão a de se retirar do recinto. Enquanto outro a acusou “de estar atrapalhando o desenvolvimento do país”, como se fosse verdade ou realmente possível, o presidente da Comissão, o bolsonarista Marcos Rogério, a mandou ficar “em seu devido lugar”, subserviente.
Outro, o senador do PSDB pelo Amazonas, Plínio Valério, carregado da “coragem” própria dos covardes, disse que “a mulher merece respeito, a ministra não”. Esse mesmo elemento, desprezível em qualquer círculo que exija e preze por um mínimo de inteligência e educação, em outra ocasião já havia manifestado seu desejo de ver a ministra enforcada.
Mulher que não leva desafora para casa e não foge a debates, Marina Silva tem uma História moldada por décadas de militância, estudo e luta contra a destruição das nossas florestas, da poluição da nossa água, do envenenamento das nossas lavouras, da contaminação do nosso ar e da exploração dos povos originários, ribeirinhos e quilombolas pelas ações das mineradoras, madeireiras e do agro predatório, três setores que contam com dinheiro e apoio político irrestritos. Marina Silva exigiu um pedido de desculpas, mas diante da negativa do oponente, embevecido pela própria brutalidade verbal, acertadamente decidiu, olhando nos olhos de cada um deles, que se retiraria.
Contaminados pelo radicalismo ideológico, aqueles homens não estavam ali para questionar ou debater, mas sim para achincalhar uma mulher respeitada internacionalmente até mesmo por aqueles que não militam nas fileiras ambientalistas. Cortar seu microfone, interromper seu raciocínio e debochar das suas ideias fora o método escolhido por aqueles homens sustentados por um mandato parlamentar e que o utilizam como biombo para esconder suas fraquezas, hipocrisias e neuroses.
A pasta comandada por Marina Silva por si só já despertaria a ira daquela horda insensata, pois sozinha ela abarca e abraça dois temas cujo combate feroz e irracional, apesar da sua extrema importância, fazem parte da profissão de fé do extremismo verde e amarelo, que com teorias conspiratórias nega a necessidade de urgência e racionalidade do tema.
E por falha de caráter, mas com orgulho da própria ignorância, defendem a submissão das mulheres aos homens, que a diferença salarial entre os gêneros permaneça intacta, que armas sejam mais importantes que livros e que a ciência deve ser negada.
Ataques a figuras do governo do presidente Lula, convidadas ou convocadas a comparecer a Comissões do Congresso dominadas por uma oposição sem qualidade nem envergadura moral, tem sido uma constante. Descontando um “calor do momento” aqui e acolá, poderiam dizer que o ocorrido com Marina se deu num contexto de embate político. Não foi, pois se o convidado fosse homem, como vimos em outros movimentos, o andar da atividade teria sido outro.
Há muito está claro, pelo menos desde que a ‘caixa de Pandora” foi aberta na década passada, liberando tudo o que de mais execrável uma sociedade é capaz de produzir, que esse segmento político não deseja o debate, o confronto de ideias, a disputa pelo voto na seara democrática. Transformaram a política na sua antítese, tendo o ódio como matéria-prima.
Enquanto isso, no RS, o governador Eduardo Leite, além de não ter se manifestado diante de um fato que tomou conta do debate nacional, continua ignorando os encaminhamentos e deliberações do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do RS, pela recriação da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres, criada por Tarso, extinta por Sartori e mantida no esquecimento por ele próprio.
Se omitir neste momento é fazer coro aos desvarios machistas e à brutalidade que usa a democracia para destruir a mesma.
Marina Silva saiu da Comissão maior do que entrou, enquanto seus algozes apenas confirmaram aquilo que sabemos tem tempo: lhes falta estatura em praticamente todos os quesitos da condição humana. O machismo tombou ao topar com Marina Silva. O machismo tem que tombar sempre que aparecer.
(*) Valdeci Oliveira, que escreve sempre as sextas-feiras, é deputado estadual pelo PT e foi vereador, deputado federal e prefeito de Santa Maria
Resumo da opera. Governo gasta muito e gasta mal. Isolam o Rato Rouco de pautas ‘ruins’. O resto é cortina de fumaça.
A mesma coisa aconteceu com o Taxad. Rato Rouco assinou o decreto. Poderia ter orientado a usar o marketeiro para esquematizar o anuncio. Que foi feito de maneira bastante ‘crua’. Donde se ve um padrão. A defesa veio depois.
Donde se conclui que a ministra esta indemissivel. Mas pode pedir a conta. Como dizia Stalin, pode-se levar o cavalo até a agua, não se pode obriga-lo a beber. Porém é possivel fazer o dito cujo ficar com sede.
Marina Silva. Até ja votei nela para presidente. Na epoca que o PT a detonou na campanha eleitoral. Tinha falecido Eduardo Campos. Partido dela tem um deputado federal. Nenhum senador. Esta la como garota propaganda do ‘comprometimento ambiental’ do governo para o publico do exterior. Acontece a COP30 em novembro, outra conferencia para ingles ver. Certo ou errado, a ministra esta usando o cargo para atravancar o caminho de muitos empreendimentos. Vamos combinar que atividade humana sem impacto ambiental é utopia.
‘Convites’ são mais uma palhaçada legislativa. Pode ocorrer a convocação, mas na grande maioria das vezes ‘negociam’ para trocar por um convite.
O obvio ululante. Alguém imagina outra ministra, Gleisi Hoffmann, convidada para depoimento no Senado e Ranfolfe Rodrigues ou Jacques Wagner ou Humberto Costa não estarem na primeira fila?
Primeiro. Sempre haverá conflitos entre homens e mulheres. Como serão resolvidos é outra conversa. Segundo, a sociedade não é o fórum onde se gastam com rapapés e falsidades. Terceiro, se em todo conflito, como querem os vermelhos, as mulheres se esconderem atras das perseguidas (analogia ruim no caso da ministra) e os homens foram obrigados a se submeter trata-se de outra coisa. Alguém pode até alegar politica de ‘castração’.