Por Deise da Silva, Celma Pietczak e Rodrigo Ricordi (*)

Em todas as paralisações de professores da Rede Municipal de Ensino, é comum ver manchetes e comentários destacando a “quantidade de alunos afetados”. Mas e nos outros dias do ano? Quantos alunos têm aulas suspensas, atendimento precário ou são deixados em casa por falta de professores, monitores e estagiários?
O Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm) realizou uma nova pesquisa, entre os dias 9 e 13 de junho, em que 65 das 86 escolas da rede responderam ao questionário. O resultado escancara o verdadeiro impacto do descaso com a educação pública no município:
– Faltam pelo menos 34 professores regentes, ou seja, professores em sala de aula, o que gera improvisos, turmas agrupadas, rodízio de conteúdos e interrupções constantes no processo de ensino e aprendizagem.
– Faltam 108 professores hora atividade: Impacta os outros professores da rede que não têm um terço da hora-atividade. Não há pessoal suficiente para cobrir os momentos em que os docentes deveriam planejar suas aulas.
– 185 estagiários fazem falta nas escolas, prejudicando o acompanhamento de turmas de Educação Infantil inteiras e gerando sobrecarga nos profissionais efetivos.
– 194 crianças estão desassistidas por falta de monitores, o que afeta principalmente os estudantes com deficiência. Em muitos casos, a ausência do monitor significa que a criança sequer pode frequentar a escola.
Estes números revelam que a Rede Municipal já está em crise, mesmo nos dias “normais” de aula.
PROFESSORES CEDIDOS A INSTITUIÇÕES CONVENIADAS: REDE SOFRE ENQUANTO CONVÊNIOS SÃO REFORÇADOS
Outro fator que impacta diretamente a situação das escolas municipais é a cedência de professores a instituições conveniadas. Embora algumas dessas entidades exerçam papéis sociais relevantes, o repasse de profissionais da rede, sem reposição, agrava ainda mais o déficit nas escolas públicas.
Veja:
– Instituto São José: 29 professores cedidos
– Lar de Joaquina: 7 professores cedidos
– Escola Antônio Francisco Lisboa: 3 professores cedidos
– Associação de Cegos e Deficientes Visuais de Santa Maria: 1 professor cedido
– APAE: nenhum professor cedido
A soma parcial aponta pelo menos 40 professores da rede atuando fora das escolas municipais, enquanto faltam pelo menos 34 em sala de aula. Isso sem considerar a demanda por reforço pedagógico, atendimento especializado, e a própria expansão da rede nos últimos anos, que não foi acompanhada de aumento proporcional no quadro de servidores.
DE QUEM É A RESPONSABILIDADE?
As mobilizações dos professores, como a paralisação do dia 13 de junho e o indicativo de greve aprovado para 4 de agosto, são uma reação à sobrecarga de trabalho e ao não pagamento do reajuste salarial previsto em lei.
É hora de inverter a lógica da pergunta: os alunos estão sendo prejudicados pelas paralisações? Ou as paralisações são uma tentativa de impedir que a situação continue prejudicando nossos alunos todos os dias?
A Rede Municipal de Ensino não precisa apenas de professores em sala de aula. Ela precisa de estrutura, equipe completa, valorização profissional e gestão responsável. Quem não garante isso, está todos os dias tirando oportunidades de milhares de crianças e adolescentes de Santa Maria.
A categoria segue em estado de greve e alerta: se até 2 de agosto a Prefeitura não abrir negociação sobre o reajuste salarial e não apresentar medidas para resolver o déficit nas escolas, o segundo semestre pode não começar como previsto.
(*) Deise da Silva é coordenadora da escolas de Educação Infantil do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria; Celma Pietczak é a coordenadora de Comunicação e Formação Sindical e Rodrigo Ricordi é o Assessor de Comunicação da entidade.
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