Educação e a imprescindível figura do chefe – por Demetrio Cherobini
“Nenhum professor ensina e nenhum aluno aprende se ele não disser que sim”

Dentre todas as figuras envolvidas com o trabalho cotidiano na educação, a mais imprescindível é o chefe. Sem o chefe, nada se faz, nada se organiza. Sem o chefe, as pessoas não acordam para o trabalho de manhã cedo. Nenhum professor ensina e nenhum aluno aprende se o chefe não disser que sim. Demos graças ao chefe que os estudantes não passam fome, porque, não fosse ele, a cozinha da escola não prepararia a merenda.
O chefe é justo e bom, competente e sábio. Sua energia positiva contagia a todos. Cientistas do futuro haverão de desvendar um dia as complexas raízes da genialidade da chefia. Todas as decisões que toma têm tremenda importância. É sua própria posição que atesta a virtude de suas ações. Afinal, o chefe não estaria ali, no topo umbralino da cadeia burocrática, se não fosse brilhante. Seu inspirado poder, por causa disso, é inteiramente merecido. Porque antes de ser chefe, por óbvio, ele foi um funcionário proativo.
É claramente constatável que, sem o chefe, as salas, os banheiros, os pátios e os corredores permaneceriam sujos, pois não haveria ninguém para mandar que fossem limpos. Todos chafurdariam com prazer na sujeira, congratulando-se orgulhosamente de sua ociosa vida suína, se o chefe não estivesse ali para ordenar movimento e asseio.
E que teria sido do progresso do conhecimento humano sem os chefes? Ainda estaríamos fazendo fogo com gravetos e contando números na ponta dos dedos. Quiçá colhendo sementes na vegetação selvagem. Nem Galileu, nem Newton, nem Darwin, nem Einstein teriam produzido suas grandes obras sem a inescapável participação do chefe, em suas vidinhas escolares, apontando-lhe as luzes e os melhores caminhos.
E quem para determinar, julgar, avaliar, considerar e até mesmo carimbar o que tem que ser carimbado com tanta propriedade? Os altos índices da educação do país dependem dessa força pedagógica firme e atuante. Professores e alunos cochilariam durante quatro horas sem a presença indefectível dessa insigne liderança. Já passou da hora de o poder público mais avantajado, como os parlamentos e seus respectivos chefes, institucionalizar uma homenagem a esse personagem decisivo. Depois do dia da criança, do dia do professor e do dia do funcionário público, que se decrete, pois, o dia do chefe!
Ora, temos que considerar que não é fácil ser chefe. Por ser indeclinável e por haver muitas áreas a serem chefiadas, essa eminente figura se multiplica e se subdivide em chefões, chefinhos e chefes propriamente ditos. Sim, cada um melhor que o outro! Eles formam uma cadeia interligada, hierarquicamente estabelecida, burocraticamente preparada e absolutamente necessária para o bom andamento de qualquer projeto.
O chefe é fundamental em todos os momentos. Para ter a antevisão das coisas, ele acompanha tudo e vasculha tudo. Por esse motivo, conversa e confabula, analisa e observa – pela frente, por trás, com o cantinho dos olhos e até por câmeras. Por isso, ele precisa comentar a vida dos seus subalternos e deblaterar com seus pares a respeito, na salinha dos chefes, ao sabor de um belo cafezinho – um cafezinho que não se fez sozinho, mas que ele brilhantemente mandou fazer, para a apreciação de seu refinado paladar.
No cume gestionário das pequenas instituições humanas há um sem-número de desafios de complexidade tão grande que só um Hércules dirigente é capaz de resolver. E graças ao empenho titânico, à determinação sagaz, ao desprendimento visceral dos prazeres mundanos, ao esforço sobre-humano e à abnegação obstinada de tais indivíduos excepcionais, os ambientes de trabalho podem ser felizes e bem-sucedidos. O chefe é inexorável, imensurável, incontornável e inoxidável (porque está sempre brilhando).
Nunca devemos subestimar o chefe! Por mais que às vezes ele pareça alheio, recolhido e distante em sua sala – ou meramente degustando um café ao sabor de fofocas e bolachinhas -, na verdade está imerso em profundas reflexões gestoras, planejando coisas grandiosas e confabulando incríveis estratégias para o bem-estar da comunidade.






Entendi o texto como uma observação da inevitável condição de “imprescindibilidade” do chefe (de sua figura e papel concreto), tendo como pano de fundo a crítica ao trabalho alienado e a burocracia que lhe é própria. E, sob essa intencionalidade, o texto (utilizando de ironias ou não) é uma sadia provocação para pensarmos a educação e seus caminhos, que não se descolam do modo em que se orienta e organiza o processo de trabalho em geral.
Resumo da opera. Chefe é só o/a ocupante de um cargo. Difere do/da lider. Na aldeia é comum confundirem os conceitos. Como confundem empresarios(as) com executivos(as). Cidade cheia de baba ovo é assim mesmo.
Texto que pretende ser ironico. Anti-hierarquia. Não funciona porque não ‘fecha’, não fica claro onde o autor quer chegar. Talvez seja para um publico restrito.
‘[…] sem o chefe, as salas, os banheiros, os pátios e os corredores permaneceriam sujos,[…]’. Serviços terceirizados?
‘O chefe é justo e bom, competente e sábio.’ E recebe gratificação. Mas uns tem azar, seus chefes não são justos, nem bons, incompetentes e ignorantes. Vide BSB.
“Nenhum professor ensina e nenhum aluno aprende se ele não disser que sim”. Nunca ninguém pensou nisto antes.