“Matemática ou Paulo Freire?” – por Jorge Luiz da Cunha
Anteontem, terça-feira, dia 8 de junho deste glorioso ano de 2010, próximo das 18h30min, quando eu chegava ao prédio onde dou aulas no Mestrado em Educação da UFSM, um senhor que deixava o estacionamento com seu carro me chamou antes de eu entrar. Logo depois de me cumprimentar, foi direto ao assunto. Disse que tinha uma pergunta: “- O que se deve ensinar primeiro para uma professora dos primeiros anos que vocês formam aqui? – Matemática ou Paulo Freire?” Sem pestanejar respondi rápido e certeiro: “- Deve-se ensinar matemática!” O homem abriu um largo sorriso e voltou-se para os demais passageiros do carro: “- Ouviram, é matemática que se ensina primeiro!” . Sem entender muito do que estava acontecendo, me despedi com a promessa de que quando pudesse, em uma próxima oportunidade, eu explicaria o porquê da minha resposta!
No que diz respeito à formação de professores para a educação básica, a compreensão das teorias pedagógicas somente pode vir junto ou após a apropriação das condições intelectuais para atribuir sentido e significado as mesmas. Ou seja, só é possível entender os teóricos e as teorias da educação, e colocar-se na condição de utilizá-las em proveito da qualidade do ensino e da educação, depois de desenvolver as habilidades necessárias para tal.
Se nossa formação na educação básica (educação infantil, fundamental e ensino médio) fosse realmente adequada, talvez chegássemos à graduação com as condições necessárias para nos apropriarmos das teorias, seus contextos e seus usos. Contudo, não é o que ocorre. E, sendo assim, em minha opinião, é preciso retomar o desenvolvimento do pensamento lógico matemático, das noções espaço temporais, da linguagem, no início da graduação nas chamadas disciplinas básicas ou de “fundamentos”, para somente então arriscar-se na compreensão das teorias. Uma empreitada complexa, e perigosa.
Educar crianças e adolescentes não é doutrinar. É criar condições, em ambientes adequados, para o desenvolvimento de sujeitos humanos. Autônomos para compreender a realidade que os produz e na qual estão inseridos, criativos para contribuir para a solução dos problemas seus e nossos.
Pregação é trabalho de pastores religiosos, educação é atribuição profissional de mulheres e homens que compreendem sua inserção social como política de humanização. Como se vê, haja formação de professores adequada para dar conta disto.
Realmente, desenvolver o raciocínio lógico conduz ao melhor entendimento das idéias e ciências como a sociologia. Jorge Cunha, mais uma vez se superou. Parabéns pela brilhante resposta, mesmo sem saber do que se tratava!
Marilia Chartune Teixeira