Desolação camobiense – por Maiquel Rosauro
Com o meu primeiro salário no jornal A Razão, paguei a autoescola. Com o segundo salário, entrei em um consórcio. Treze meses depois, no exato dia em quem completava 26 anos, eu saia da concessionária com um 207 prateado.
Era o meu primeiro carro, um zero quilômetro pago com meu próprio dinheiro. Para um garoto de vinte e poucos anos, eu me sentia o máximo.
A primeira noite, os encontros, as viagens, tudo era inesquecível. Mas é claro que o senhor tempo sempre nos mostra o outro lado. Combustível, impostos, seguro, multas, revisões… tudo tinha o seu preço (e era muito salgado).
Enfim, aprendi que manter um carro é semelhante a manter um relacionamento. Quanto melhor você tratá-lo, mais tempo ele vai durar. Em outras palavras, para não parecer insensível: um carro bem cuidado não dá gasto em oficina!
Ao adquirir meu segundo e atual veículo, um Prisma, já sai da concessionária com este pensamento: “quanto mais cuidadoso, menos gasto terei”. Ou seja, nada de avançar em buracos ou coisa do tipo.
Só tem um problema na minha lógica.
Camobi.
Juro que se eu morasse em Camobi viveria indignado. Outro dia, na Faixa Nova, ataquei com tudo um quebra mola. O motivo? Não havia placa e nem sinalização horizontal.
Mas o pior quase aconteceu enquanto trafegava à noite na Avenida Evandro Behr. Por muito pouco não invadi um canteiro lateral. Mas veja bem, a iluminação é precária e no encontro da via com o canteiro só há mato e terra, zero sinalização.
Seguido minha noiva e eu realizamos compras no Atacadão e como quase sempre falta alguma coisa, partimos para o Peruzzo. No trajeto, passo por uma rua chamada Diamante, com casas lindíssimas. Mas de reluzentes só as residências mesmo. A via é um horror, com dezenas de buracos gigantescos.
E vou parar por aqui, nem vou entrar no mérito da eterna duplicação da Faixa Velha. Já não sei se fico indignado ou desolado quando trafego por Camobi.
Não só por Camobi, mas por toda a cidade, é uma buraqueira sem tamanho. Nunca essa cidade esteve desse jeito. Um prefeito que só enrola, aluga máquinas tapa-buracos milagrosas, paga uma fortuna, pra usar uns dias e largar de mão, outra é abandonada no pátio de uma pedreira, pegando sol e chuva. A cidade tá de cabeça pra baixo!
O prezado jornalista não sabe ,mas esses buracos são na verdade um plano(bem urdido) da (i)mobilidade urbana que detectou que os santamarienses são muito irresponsáveis no trânsito.Andam em alta velocidade, não sabem nem nunca ouviram falar a respeito de direção defensiva; falam ao celular enquanto dirigem ,enfim… E para economizar com lombadas ,Calil resolveu ajudar(com a idéia e a inoperância) deixando que a buraqueira dê um jeito nessa desenfreada maluquice que se tornou o trânsito de Santa Maria. Só tu que não entendeu a “jogada”…