Por FRITZ R. NUNES, da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM
Passado pouco mais de uma semana após a votação na Câmara dos Deputados da admissibilidade do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, ainda se procura entender a conjuntura e os efeitos de tudo que vem acontecendo. Para o economista e professor de História Contemporânea da Universidade Estadual de São Paulo (USP), Osvaldo Angel Coggiola, não há dúvida de que “o impeachment esconde um golpe de estado para levar ao poder uma aliança encabeçada por uma fração que operava como aliada do governo de Dilma Rousseff, junto com setores opositores.” Segundo ele, setores importantes do empresariado apoiaram o impeachment e pressionaram os parlamentares, financiados por eles, pois querem ver cessar as investigações de corrupção.
Na análise do historiador, que já foi dirigente do ANDES-SN e da Adusp, o governo Dilma está “politicamente liquidado”, mas o PT continuará existindo, ainda que sendo uma espécie de simulacro do que foi em sua origem, no início dos anos 80. Coggiola entende que a esquerda, de uma forma geral, não jogou um papel político independente na crise, oscilando entre seguir ao PT e a defesa de novas eleições gerais. No entendimento do professor, a proposta de eleições gerais, que também é levantada por setores da oposição burguesa, e que poderia ser adotada pelo PT contra Temer “não implica nenhum avanço na consciência e organização dos explorados”.
Na entrevista que concedeu à assessoria de imprensa da Sedufsm, Osvaldo Coggiola também fez considerações sobre cenários futuros. Para ele, a queda do governo de Dilma terá importantes consequências internacionais em países sul-americanos. Segundo ele, deve acelerar a pressão para derrubar o governo de (Nicolás) Maduro, aumentar a pressão sobre o governo do Uruguai, que enfrenta denúncias em empresa estatal de petróleo, bem como pode fortalecer as políticas de governo de Maurício Macri, na Argentina. Por enquanto, analisa o professor, os trabalhadores têm sido mais espectadores em todo esse processo, mas detecta que seria necessária uma mobilização, com a realização de assembleias, congressos de trabalhadores, com o objetivo de discutir uma saída para a crise do país de forma autônoma e independente.
Acompanhe a seguir a íntegra da entrevista com o professor Osvaldo Coggiola.
Sedufsm- O que se pode acrescentar após o espetáculo televisivo deste domingo? Há alguns analistas dizendo que o governo do PT acabou. Há quem diga até que o PT acabou? Como avaliar os efeitos da derrota do governo, que se expande para a centro-esquerda (PDT), e grupos mais à esquerda, como o Psol?
Coggiola– A votação apresentou um espetáculo digno de um circo. Dos 513 deputados somente cem poderiam mostrar um curriculum não manchado pela corrupção. Para dez deles só caberia, como notou um correspondente estrangeiro, o qualificativo de assassinos. Isso explica que o julgamento político da presidenta se baseie em denúncias sobre as “pedaladas fiscais”, a maquiagem das contas públicas e a criação de rubricas orçamentárias sem autorização do Congresso para esconder o déficit público, uma prática muito comum, que já foi usada no passado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Não entraram no rol das acusações contra Dilma as denúncias de corrupção que envolvem a Petrobras e sua rede de empreiteiras. A omissão se deve a que os deputados que votaram o impeachment carregam também denúncias comprovadas nesses quesitos. A lista é encabeçada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que não se apresentou perante a citação da Justiça amparando-se nos foros parlamentares. As denúncias também atingem o vice-presidente, Michel Temer. A pressa em votar o impeachment respondeu ao interesse de garantir a impunidade dos próprios acusadores de Dilma…”
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Falam em golpe para não explicar porque Lula escolheu Dilma como sucessora. E nem falar que a “presidenta-gerenta-mãe-do-PAC” quebrou o país.
Enquanto isto o Paraguai cresceu 3,5% em 2015 e vai continuar sem crise em 2016. Malditos capitalistas-neoliberais!