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Blogue da Petrobrás. Mudam para sempre as relações entre a mídia e as fontes de informações

Segue firme o debate entre os jornalistas e os meios de comunicação da mídia grandona (e da que se acha), depois da instituição do blogue da Petrobrás – em que a empresa divulgou perguntas e respostas formuladas por e-mail por jornais e emissoras de TV dos maiores do País.

 

Penso, nem tão humildemente, que se estabelece, a partir de agora, ainda que de forma paulatina, mas permanente, uma nova relação entre os profissionais (e, sobretudo, os veículos) e as fontes de informação. E tudo por que a internet permite que, enfim, manipulações sejam mais facilmente percebidas e, claro, desmontadas – como ocorreu especificamente em reportagem publicada pela Folha de São Paulo.  

 

Nesta última semana, muito se falou e escreveu a respeito. Inclusive com a reação furibunda da mídia grandona e de alguns profissionais. Os sindicatos de trabalhadores ficaram (por quê????) na muda. As entidades empresariais divulgaram até nota oficial, via Associação Nacional de Jornais. Em contraponto, surgiu a Associação Brasileira de Imprensa, favorável ao blogue da Petrobrás.

 

De tudo isso, finalmente encontrei alguém que, muito mais talentoso que este (nem sempre) humilde repórter, colocou a situação exatamente como ela é. Para além da legalidade do ato (e há consenso sobre isso), o que temos é uma nova relação. Leia, assim, o que escreve Leandro Fortes, da revista Carta Capital e editor do blogue Brasília, eu vi. É, penso, senão definitiva, ao menos a opinião com a qual concordo hoje, integralmente. A seguir:

 

“Á luz do sol

 

A criação do Blog da Petrobras é um ponto de inflexão nas relações da mídia com as fontes, embora tenha sido criado em meio a um ambiente de conflito decorrente da malfadada CPI da Petrobras, no Senado Federal. Mais do que uma discussão sobre liberdade de imprensa e o direito de sigilo nas relações entre jornalistas e fontes, a criação do blog suscita uma reflexão muito mais profunda porque, a meu ver, ele será lembrado como marco histórico, no Brasil, do fim do jornalismo diário impresso tal qual o conhecemos e de todas as idiossincrasias induzidas e adquiridas nas redações brasileiras ao longo dos últimos 50 anos. Em outras palavras, a fórceps e sob bombardeio, o Blog da Petrobras decretou o fim de expedientes obsoletos e, muitas vezes, desonestos, de apuração, edição e publicação de matérias jornalísticas. Colocou o jornal de papel e sua superada pretensão informativa na mesma estante de velharias do século XX onde figuram, lado a lado, a televisão a válvula, a geladeira a querosene e o platinado.


Ao tornar visível e, por isso mesmo, vulnerável, a rotina de apuração dos jornalistas, o Blog da Petrobras quebrou um falso pacto de cooperação, denunciado curiosamente de “vazamento de informações sigilosas”, sobre o qual pairava a seguinte regra mínima: eu pergunto, mas eu escolho o que você responde, se você não gostar, mande uma carta à redação, reze para ela ser publicada (na íntegra) ou vá queixar-se ao bispo. Primeiro, não há relação de sigilo em entrevista, muito menos com relação a perguntas feitas por escrito por repórteres. Não sei da onde tiraram isso. Quando o jornalista se dispõe a fazer perguntas por e-mail, não pode esperar outra coisa senão publicidade de um registro capaz de ser compartilhado, em tese, com milhões de pessoas. Se, nesse e-mail, ele passa informações exclusivas da apuração, tem que estar disposto, também, a correr esse risco. Há, no mundo todo, um exército bem pago de assessores de imprensa sendo treinado, diuturnamente, para desmontar pautas jornalísticas, minimizá-las o impacto e, principalmente, fazer um trabalho de contra-inteligência capaz de neutralizar o poder de fogo dos repórteres. E isso não é novidade. A novidade é a internet…”

 

PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, também outras textos e análises produzidos por Leandro Fortes, da revista Carta Capital, no blogue Brasília, eu vi.

 

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